DIVALDO PEREIRA FRANCO |
No mundo, dependemos uns dos outros. Assim dispõe a Lei de Sociedade, uma das Leis Morais. Quis o Criador que os Seus filhos vivessem a fraternidade e a solidariedade, no rumo do progresso.
Por isso mesmo, é comum termos dívidas de gratidão. Em alguns momentos de nossa vida alguém nos ajuda e tudo que acontecer daí por diante, será graças a esse momento.
Lembramos de um jovem baiano, décimo terceiro filho de uma família modesta. Ele desejava estudar, planejava ir para uma Universidade, tornar-se psicólogo ou psiquiatra.
Em sua cidade interiorana, havia uma escola de datilografia, ele se matriculou, fez todo o curso, com dedicação.
Chegou a formatura. Era um ato social muito elegante, naqueles tempos recuados. Os homens compareciam de terno e gravata e as mulheres com longos vestidos. Um verdadeiro acontecimento social.
Todos os formandos eram fotografados para compor um grande quadro.
O jovem, em seus doze anos apenas, não tinha roupa adequada para ir à formatura, nem a família tinha recursos a dispor para isso.
Uma vizinha, conversando com a mãe do formando, lhe perguntou a razão da sua tristeza.
- É que meu filho vai se formar em datilografia e não poderá comparecer à cerimônia.
- Por que não?
- Porque ele não tem terno, nem gravata.
A senhora, solícita, falou:
- Eu posso solucionar este problema. Meu marido tem o mesmo corpo que o seu filho. Ele acaba de comprar um terno novo para uma festa na próxima semana. Empresto a roupa, seu filho vai receber o diploma. Quando voltar, a senhora me devolve.
Grande foi a felicidade quando a mãe mostrou o terno de linho ao jovenzinho. Ele o vestiu, foram feitos uns ajustes nas mangas do paletó, com alguns alfinetes.
Ele se olhou ao espelho, quase encantado. Jamais vestira uma roupa tão alinhada.
Foi para a cerimônia, exultante de felicidade.
No dia seguinte, sua mãe devolveu o terno.
Passados muitos anos, aquele rapaz ainda recordava, com gratidão, daquela senhora tão gentil, que fizera a sua felicidade juvenil.
Durante mais de setenta anos, tendo se transferido de cidade, ele lhe escreveu todos os meses, até a morte dela, muito idosa.
* * *
A gratidão é esse movimento de ternura, que se extravasa dos corações. Muito mais do que um simples reconhecimento dos benefícios recebidos, significa o expressar de um sentimento profundo.
Gratidão atravessa o tempo e o espaço. Poderão se multiplicar os anos, se alterar o quadro da existência, nos transferirmos para lugares distantes, sem que se altere esse sentimento.
E há tantos que nos merecem a gratidão: nossa mãe que nos permitiu renascer, que nos alimentou e cuidou, noites a fio; nosso pai que nos acompanhou os dias da infância e da juventude, orientando-nos; os professores que nos abriram as portas do conhecimento, e nos ilustraram o intelecto.
Também quem nos concedeu a possibilidade do primeiro emprego; quem nos encaminhou nos rumos da vida religiosa; quem nos ofereceu amizade, compreensão, compaixão.
Pensemos nisso e não nos esqueçamos de tributar gratidão constante a todos esses que floriram nossos caminhos e iluminaram nossas vidas.
Redação do Momento Espírita, com base em
fato relatado por Divaldo Pereira Franco.
Em 31.3.2015.
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