quarta-feira, 12 de outubro de 2016

CONQUISTAS INDIVIDUAIS

Mabel Hubbard, Graham Bell e Filhas
Eu não consigo, por mais tente. Para mim é impossível. Estas são frases que podemos ouvir vez ou outra e que, em essência, não traduzem a verdade. Não há obstáculos intransponíveis ou insuperáveis ao ser humano que verdadeiramente anseie por vencê-los. Recordamos de Mabel Hubbard que, aos quatro anos de idade, teve um violento ataque de escarlatina e se tornou apática e calada. Alguns dias depois, a criança reclamou: 
-Por que os pássaros não cantam? Por que vocês não falam comigo? 
As perguntas cortaram o coração dos pais que, só então, perceberam que a enfermidade deixara sua filha completamente surda. Mas, ela tinha uma vantagem sobre as demais crianças que nasciam surdas. Ela sabia falar. Como preservar isso era o grande desafio para seus pais. O diretor de uma escola para cegos, em Boston, lhes disse que eles poderiam preservar a fala da filha, desde que a obrigassem a falar sempre, que jamais aceitassem gestos. Que eles a ensinassem pela vibração. Fizessem-na sentir a garganta, o ronronar do gato, o piano e ler o movimento dos lábios. Assim foi, embora fosse doloroso por vezes não dar à criança o leite que apontava insistente. Não, até ela pedir: 
-Quero leite. 
Ou então fingir que não estavam vendo seus gestos desesperados para ir passear, até que ela falasse: 
-Quero ir passear. Quero sair. 
Quatro anos depois, Mabel estava adaptada em todos os aspectos à vida normal. A professora que ensinava suas outras irmãs a ela também o fez. Ela aprendeu a ler, escrever, soletrar. A outra batalha que seus pais precisaram superar foi com o próprio legislativo estadual. Naquela época, as crianças surdas, ao atingirem 10 anos de idade, eram simplesmente despachadas para asilos no estado vizinho. E o pai, advogado, começou a lutar para que se elaborassem leis para a criação de escolas para surdos. A própria Mabel foi levada frente a uma comissão a fim de provar que crianças surdas tinham capacidade de aprendizado. Um dos funcionários afirmou que a recuperação da fala pela criança surda custava mais do que compensaria ouvi-la falar. Além do que, concluía, mesmo que o surdo dissesse algumas palavras, por maior que fosse o êxito atingido na articulação das palavras, a sua inteligência continuaria sempre em trevas. Mabel derrubou as afirmativas, demonstrando seus conhecimentos de história, geografia, matemática, respondendo às questões que lhe foram formuladas e lendo de forma fluente. Nada intimidou a menina. Ela fora criada numa família com muitos parentes. Estava acostumada a viver em meio a muita gente. Ao lhe perguntarem se era surda, ela olhou para sua professora e, intrigada, indagou: 
-Senhorita, o que é uma criança surda? Até então não percebera que era diferente. Essa criança se tornou mais tarde a esposa de um homem que desde sua meninice vivia às voltas com o som: 
Alexander Graham Bell
Tornou-se uma pessoa excepcional. Era alegre, espirituosa, imensamente cativante. Durante quase 50 anos ela amparou e inspirou seu brilhante e excêntrico marido, o inventor do telefone. 
 * * * 
A capacidade do Espírito humano de sobrepor-se às adversidades e vencer limitações, está muito além do que se possa imaginar. Em verdade, quem comanda o corpo é o Espírito e, se este colocar em ação sua férrea vontade, superará obstáculos considerados impossíveis. 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo Ouve, meu amor, de Seleções Reader´s Digest, de julho de 1963. Em 19.05.2010.

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