segunda-feira, 17 de outubro de 2016

CONSCIÊNCIA DE CULPA

DIVALDO PEREIRA FRANCO
A consciência de culpa atinge o mundo íntimo da criatura, na qualidade de um autêntico flagelo. A partir do momento em que se instala, desequilibra as emoções e pode levar à loucura. A consciência pesada evidencia uma certa imaturidade psicológica, pois denota que a pessoa agiu em descompasso com seus valores ou ideais, ou o fez sem refletir, em um rompante. O indivíduo por vezes se permite comportamentos incorretos, que lhe agradam às sensações, para posteriormente se auto-punir, entregando-se a arrependimento estéril. A ciência dos erros passados pune com rudeza o infrator, perante si próprio, mas não o corrige para o futuro. O cumprimento de uma penitência, embora constitua evento doloroso, nada repara e por isso não traz a plenitude psicológica curativa promovida pelas ações positivas. O que foi feito não mais pode ser impedido ou evitado. Disparada uma flecha, ela segue seu rumo. Se uma ação foi ruim, o importante é reparar os danos que causou. Todo homem que se considera fraco, não desenvolvendo esforços para fortalecer-se, torna-se de fato débil de forças. É um sinal de covardia e infantilidade justificar um erro com auto-flagelação, sem sanar as conseqüências, tornando a ele na primeira oportunidade, sob a alegação de fraqueza. É nobre assumir o próprio equívoco, meditar serenamente sobre ele, arcar de forma corajosa com seus efeitos e repará-los do modo mais perfeito possível. O difícil processo de reverter os resultados de um ato indigno tende a ser eficiente antídoto para novas experiências. Tome-se o exemplo de uma mulher que voluntariamente faz um aborto. Sua consciência pesa e ela pode desenvolver neuroses variadas, mantendo a mente focada no agir equivocado, a essa altura irremediável. Mas essa mulher também pode, de modo muito mais proveitoso, dedicar as horas de seu tempo dispensando amor e cuidados a crianças órfãs. Ela teve a desdita de rejeitar o filho que Deus, em sua infinita sabedoria, lhe confiou, mas nada a impede de adotar, por filhos do coração, os pequenos desamparados do mundo. O tempo aplicado nessa tarefa é infinitamente mais útil do que se for perdido em lamentações. Além de desempenhar, de certa forma, a missão materna que lhe estava destinada, o contato com a infância desvalida pode sensibilizá-la para as inefáveis bênçãos da maternidade. Tudo isso tem o condão de funcionar como medida preventiva de novos desatinos. Por outro lado, o remorso inativo e estéril, ao desequilibrar a personalidade abre as portas para os mais diversos equívocos, dos quais nada de bom resulta. A partir do momento em que se elege como meta uma vida de paz, com a consciência tranqüila, há um preço a ser pago: a perseverança no dever. Dignidade, harmonia, equilíbrio entre consciência e conduta não ocorrem ao acaso e nem se podem improvisar. Tais virtudes devem ser conquistadas no dia-a-dia, mediante seu perseverante exercício. Mas, em face de dificuldades para agir corretamente, por uma atitude viciosa encontrar-se muito arraigada, há sempre um derradeiro recurso: a oração.
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Deus dispõe de infinito manancial de paz, sempre à disposição de suas criaturas, desde que estas o busquem com sinceridade e fervor. O homem manifestando a firme intenção de resistir ao mal, a divindade por certo o fortalecerá no bem, pois foi o próprio Cristo quem afirmou: “pedi e obtereis”. 
Equipe de Redação do Momento Espírita com base no capítulo IX do livro Momentos de Saúde, do Espírito Joanna de Ângelis, mediante a psicografia de Divaldo Pereira Franco.

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