segunda-feira, 24 de outubro de 2016

CONSOLAR, QUE SER CONSOLADO!

A oração da paz, que carrega em sua poesia a essência da vida de Francisco de Assis, o apóstolo da pobreza, traz a seguinte proposta: Senhor, fazei que eu procure mais consolar que ser consolado; compreender que ser compreendido; amar que ser amado. Aqui está a postura de um verdadeiro instrumento da paz, alguém que se coloca na posição de dar, antes de querer receber. Espírito maduro, mensageiro do Alto, trabalhador do Cristo. Porém, há uma sutileza nos versos inspirados da oração. O requinte poético e moral está na palavra mais. Que eu procure mais. Francisco não quis afirmar que ele só iria consolar, compreender e amar, mas que iria procurar fazer isso em primeiro lugar, entendendo que haveria momentos que ele também necessitaria de consolo, compreensão e amor. Isso aproxima as grandes almas de nós. Isso mostra que ser instrumento da paz não é ser perfeito, puro, inquebrável, apenas dedicado, zeloso e esforçado. Ser instrumento do amor na Terra é possível para todos os que desejamos construir um mundo melhor dentro e fora de nós. Precisamos estar dispostos a consolar, a compreender e a amar, estendendo as mãos ao outro, saindo da posição egoísta, pequena; passando para o lado altruísta e lúcido da vida. Mas, isso não significará que ficaremos livres de momentos em que nós também precisaremos de auxílio e de colo. Mesmo aqueles que estamos engajados em causas nobres, que estamos à frente de movimentos importantes na Terra, de grandes responsabilidades, temos momentos de fraqueza e necessitamos de ajuda. Não vejamos isso como sinal de derrota. O bom guerreiro precisa conhecer seus limites. Sentar sobre uma rocha, avaliar a luta, pedir conselhos, ouvir, chorar. Depois disso, levantar-se, animar-se, erguer os olhos e seguir adiante em sua missão bendita. Há ainda, mais uma beleza nisso tudo: as leis de Deus, em Sua grandeza infinita, funcionam de uma forma que, quando estamos consolando, enxugando lágrimas, amparando irmãos, ao mesmo tempo, estamos tratando de nós mesmos. Na oração citada lembramos do é dando que se recebe, que nos permite captar a essência dessa ideia. Isso mesmo. Ao doarmo-nos, estaremos, igualmente, recebendo. A lâmpada que emite a luz é a primeira a se iluminar. O frasco de perfume é o primeiro a ficar perfumado. Não estamos falando de retribuição, mas de uma simples ação natural das leis divinas que encharcam de alegria e beleza aqueles que se propõem a levar alegria e beleza aos demais. Entendendo isso, a alma madura buscará mais consolar, obviamente, e essas ações na direção do próximo a preencherão de uma forma muito especial. Assim compreenderemos porque pensar no outro em primeiro lugar não significa esquecer de si mesmo, ou mesmo desvalorizar-se. Estamos todos interligados. Eu, você, ele, ela, como filhos do mesmo Pai estamos interconectados pelo mesmo amor, pelas mesmas energias. Amar a si mesmo, amar ao próximo e a Deus se confundem num mesmo facho luminoso de amorosidade, pois um amor depende do outro para se desenvolver, para se edificar dentro de nós. 
* * * 
Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde houver erro, que eu leve a verdade;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre,
Fazei que eu procure mais:
Consolar, que ser consolado; 
Compreender, que ser compreendido; 
Amar, que ser amado; 
Pois é dando que se recebe; 
É perdoando que se é perdoado; 
E é morrendo que se vive para a vida eterna. 

Redação do Momento Espírita. Em 12.7.2016.

Nenhum comentário:

Postar um comentário