DIVALDO PEREIRA FRANCO |
O duelo figura na História da Humanidade como uma prática violenta e injusta.
Por muito tempo, as legislações admitiram esse genuíno resquício da barbárie.
Ele consistia na exaltação do mais desmedido e descontrolado orgulho, embora travestido de honra.
Sua lógica era a de que a honra se lavava com sangue.
Entretanto, o homem verdadeiramente honrado não precisa matar ninguém, a fim de atestar essa sua qualidade.
A honra é um atributo espiritual de quem cumpre todos os seus deveres, inclusive os de humanidade.
E é desumano matar alguém, por mais grave que seja a ofensa recebida.
Quando se admitia o duelo, era considerado prova de coragem dele participar.
Na verdade, tinha-se apenas exibicionismo social e arrogância, sem qualquer preocupação ética.
O duelista treinado não passava de um homicida.
Ele se lançava na empreitada ciente de sua supremacia.
Já o que aceitava o desafio sabendo-se em desvantagem cometia suicídio.
Ambos violavam os Códigos Divinos.
Teriam tempo de se arrepender do orgulho a que se entregavam.
Essa prática infeliz deixava viúvas e órfãos, por cujas dores e provações os duelistas no futuro responderiam.
Lentamente a legislação humana evoluiu.
Hoje não mais se admite o duelo.
Entende-se que a honra não se conquista ou se mantém à custa de homicídios ou suicídios.
Mas a criatura humana é sempre herdeira de suas más inclinações.
Antigos hábitos do passado espiritual não desaparecem com facilidade.
Orgulho, arrogância, prepotência, egoísmo, ódio e ressentimento são vícios que ainda pesam fundo na economia moral da Humanidade.
Esses sentimentos cruéis são a herança do que se viveu no pretérito remoto.
Superá-los é o dever de todo homem comprometido com ideais de paz e redenção.
Como visto, hoje não há mais duelos de vida e morte.
Mas as criaturas permanecem se digladiando por bobagens.
Embora não armados, tais confrontos permanecem bastante nocivos.
Eles tiram a paz e semeiam tragédias.
No lar, no ambiente de trabalho, no meio social, os indivíduos se melindram, com grande facilidade.
Ao invés de conversarem e acertarem as diferenças, cultivam mágoas e ódios, à semelhança de tesouros.
Tão nefasto cultivo um dia explode na forma de violentas discussões.
Na falta de coragem para enfrentar o presumido opositor, não são raros os que lançam mão da maledicência.
Tornam a vida do desafeto um inferno, ao espalhar em torno de seus passos as sementes da desconfiança.
Onde ele antes via sorrisos e simpatia, passa a confrontar má-vontade e cara feia.
Há ainda quem duele mentalmente, desejando o mal àquele que supostamente o ofendeu.
Os pensamentos negativos por vezes atingem o destinatário, se este vibra em faixa equivocada e também se entrega a remoques.
Mas sempre empestam a atmosfera espiritual de quem os emite e geram mal-estar e enfermidades.
Ciente dessa realidade, preste atenção a como você reage a provocações e desentendimentos.
Saiba que há mais coragem e sabedoria em relevar do que em revidar as ofensas.
Cesse com o triste hábito de duelar e ofender e passe a perdoar e compreender.
Uma vida honrada é a melhor resposta a provocações.
Pense nisso.
Redação do Momento Espírita, com base
no cap. XVII, do livro Jesus e vida, pelo
Espírito Joanna de Angelis, psicografia
de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.
Em 12.02.2008.
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