segunda-feira, 20 de julho de 2015

O ANTIGO HÁBITO DO DUELO

DIVALDO PEREIRA FRANCO
O duelo figura na História da Humanidade como uma prática violenta e injusta. Por muito tempo, as legislações admitiram esse genuíno resquício da barbárie. Ele consistia na exaltação do mais desmedido e descontrolado orgulho, embora travestido de honra. Sua lógica era a de que a honra se lavava com sangue. Entretanto, o homem verdadeiramente honrado não precisa matar ninguém, a fim de atestar essa sua qualidade. A honra é um atributo espiritual de quem cumpre todos os seus deveres, inclusive os de humanidade. E é desumano matar alguém, por mais grave que seja a ofensa recebida. Quando se admitia o duelo, era considerado prova de coragem dele participar. Na verdade, tinha-se apenas exibicionismo social e arrogância, sem qualquer preocupação ética. O duelista treinado não passava de um homicida. Ele se lançava na empreitada ciente de sua supremacia. Já o que aceitava o desafio sabendo-se em desvantagem cometia suicídio. Ambos violavam os Códigos Divinos. Teriam tempo de se arrepender do orgulho a que se entregavam. Essa prática infeliz deixava viúvas e órfãos, por cujas dores e provações os duelistas no futuro responderiam. Lentamente a legislação humana evoluiu. Hoje não mais se admite o duelo. Entende-se que a honra não se conquista ou se mantém à custa de homicídios ou suicídios. Mas a criatura humana é sempre herdeira de suas más inclinações. Antigos hábitos do passado espiritual não desaparecem com facilidade. Orgulho, arrogância, prepotência, egoísmo, ódio e ressentimento são vícios que ainda pesam fundo na economia moral da Humanidade. Esses sentimentos cruéis são a herança do que se viveu no pretérito remoto. Superá-los é o dever de todo homem comprometido com ideais de paz e redenção. Como visto, hoje não há mais duelos de vida e morte. Mas as criaturas permanecem se digladiando por bobagens. Embora não armados, tais confrontos permanecem bastante nocivos. Eles tiram a paz e semeiam tragédias. No lar, no ambiente de trabalho, no meio social, os indivíduos se melindram, com grande facilidade. Ao invés de conversarem e acertarem as diferenças, cultivam mágoas e ódios, à semelhança de tesouros. Tão nefasto cultivo um dia explode na forma de violentas discussões. Na falta de coragem para enfrentar o presumido opositor, não são raros os que lançam mão da maledicência. Tornam a vida do desafeto um inferno, ao espalhar em torno de seus passos as sementes da desconfiança. Onde ele antes via sorrisos e simpatia, passa a confrontar má-vontade e cara feia. Há ainda quem duele mentalmente, desejando o mal àquele que supostamente o ofendeu. Os pensamentos negativos por vezes atingem o destinatário, se este vibra em faixa equivocada e também se entrega a remoques. Mas sempre empestam a atmosfera espiritual de quem os emite e geram mal-estar e enfermidades. Ciente dessa realidade, preste atenção a como você reage a provocações e desentendimentos. Saiba que há mais coragem e sabedoria em relevar do que em revidar as ofensas. Cesse com o triste hábito de duelar e ofender e passe a perdoar e compreender. Uma vida honrada é a melhor resposta a provocações. Pense nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. XVII, do livro Jesus e vida, pelo Espírito Joanna de Angelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. Em 12.02.2008.

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