quarta-feira, 1 de julho de 2015

ANJOS DECAÍDOS

Na bíblia, conta-se o episódio da queda dos anjos. Trata-se de uma narrativa rica de simbolismos e, por vezes, de difícil interpretação. Causa perplexidade a ideia de que seres perfeitos possam, de repente, cair em desgraça. Afinal, os sentimentos puros e a conduta reta e equilibrada são inerentes ao estado de perfeição. Jesus é o único exemplo de ser angélico que já pisou o solo do planeta. Invariavelmente sábio e bondoso, constitui o modelo a ser seguido pela Humanidade. Entretanto, à parte a literalidade da linguagem, a passagem dos anjos caídos enseja relevantes reflexões. Nela, estão estampados velhos vícios humanos. Por exemplo, o desejo incontido de brilhar e de ofuscar os outros. Segundo a bíblia, os tais anjos queriam se assemelhar a Deus, em Sua glória. Outra falha corriqueira nos homens reside na ingratidão. Veja-se que, tendo recebido tudo do Senhor da vida, os agraciados se revoltaram contra Ele. Na esteira dessas reflexões, é possível concluir que essa tragédia bíblica se repete todos os dias. Ela não costuma ser percebida diretamente, mas é comum. Trata-se de homens dotados por Deus com os mais variados talentos, mas ingratos. Podem ser intelectuais, artistas, empresários, professores ou administradores. Embora ricos de possibilidades e recursos, não cuidam de tornar o mundo melhor. São inúmeros os artistas que excitam o que há de pior nas criaturas. Idealizam e executam obras de violência e devassidão. Aproveitam sua notoriedade para propagar vícios e leviandades. Engendram danças e músicas lascivas com o talento que Deus lhes concedeu. O mesmo se dá com alguns grandes intelectuais. De suas mentes saem invenções voltadas à guerra e à exploração. Muitos deles, em sua arrogância, pretendem provar a inexistência do Criador. Também há os empresários indiferentes à ética e ao interesse público. Utilizam seu gênio para dominar os mercados, a todo custo. O mesmo se pode afirmar de professores que dão maus exemplos aos alunos ou que pouco ensinam. Todo homem talentoso, que não age em favor do progresso, corporifica a metáfora dos anjos caídos. Por certo, não é perfeito. Caso contrário, não erraria. Mas recebeu da Divindade importante depósito do qual precisa dar conta. Sua tarefa é tornar o mundo melhor, qualquer que seja a sua área de atuação. Se decide utilizar seus recursos de forma egoísta, ou desvirtuá-los, lança-se em um precipício. Por livre vontade, candidata-se a dolorosas expiações, que podem durar séculos. Tudo no Universo pertence a Deus. Em Sua bondade, Ele aquinhoa Seus filhos dos mais ricos e belos dons. A felicidade e a plenitude decorrem da saudável utilização desses recursos. Pense nisso. 
Redação do Momento Espírita. Em 12.2.2013.

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