Nancy Puhlmann Di Girolamo |
Há algum tempo, em Roma, os jornais noticiaram que um jovem pai lançou seu filho Ivano, um bebê deformado, de uma ponte do rio Tibre.
Meu filho nunca me teria perdoado se eu o tivesse deixado viver somente para sofrer, disse o pai, justificando a sua atitude.
Numa pesquisa de opinião, realizada por jornalistas europeus, na capital italiana, na ocasião, foi verificado que setenta e seis pessoas entre cem tendem à eliminação dos atípicos, porque pensam que a vida na Terra não é feita para sofrer.
Em 10 de maio de 1912, em Nova York nasceu o menino Henry Viscardi Jr. Filho de um barbeiro, imigrante italiano, ele não tinha as duas pernas. No seu lugar, apenas dois cotos, exatamente como o pequeno Ivano.
Seus pais o amaram e o criaram com duplicado carinho.
Até os vinte e cinco anos de idade, ele não tinha mais do que um metro de altura e andava, graças a umas botas enormes, que pareciam luvas de boxe.
Frequentava a universidade, custeando os seus estudos, trabalhando como juiz de basquetebol, garçom e repórter.
Aos vinte e seis anos passou a utilizar pernas artificiais.
A operação foi gratuita. O médico lhe disse: Um dia, faça alguma coisa por outros deficientes. Então, a dívida estará quitada.
Casado e com filhos, Henry se tornou presidente de uma indústria de peças de automóveis, competindo no grande mercado industrial de Nova York.
O importante a salientar, em sua indústria, é que todos que ali trabalhavam, desde o presidente ao faxineiro, eram deficientes físicos ou mentais.
Tetraplégicos, em macas, usavam alguns dedos das mãos. Senhoras com deficiência mental confeccionavam trabalhos, num perfeito desafio à dignidade humana.
Ele escreveu um livro, que se tornou um verdadeiro best-seller, em todo o mundo: Nós poderemos vencer. A primeira página é dedicada à sua mãe. A apresentação da obra é feita pela senhora Eleanor Roosevelt, esposa do ex-presidente americano Theodore Roosevelt.
E aí, nos perguntamos: Será que o pequeno Ivano, lançado ao Tibre, não teria nascido para fazer na Europa o que o seu colega Henry realizou nos Estados Unidos?
Será que, se deixado viver, não teria mostrado ao mundo que o Espírito suplanta a matéria e a domina?
* * *
Os deficientes enviam recados à sociedade humana. Recados que transmitem com dignidade, sem reclamações, acreditando no crescimento do hoje.
Recados como este: estão se preparando para assumir papéis na vida familiar e na vida social, bastando que recebam uma chance. Bastando que as portas não se fechem para eles.
Estão nas escolas e nas oficinas de treinamento. Andam ou são conduzidos pelas ruas, transportando suas pastas com material de estudo ou com instrumentos de trabalho.
Conseguiram confiar em si mesmos, e estão dispostos a fazer duplo esforço para contribuir no desenvolvimento do seu potencial existente ou restante.
Observemos quantos exemplos de extraordinária superação física e mental. Pensemos nisso e nos disponhamos, sempre, a investir na vida.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 5, pt.
1 e no cap. 3, pt. 2, do livro As aves feridas na Terra
voam, de Nancy Puhlmann Di Girolamo, ed. Terra Azul.
Em 5.9.2014.
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