-Pai, sabia que você é o meu melhor amigo de todo o mundo?
Foi o que Bernardo, de cinco anos, disse ao seu pai algumas vezes.
A noção de amizade para uma criança nessa idade é muito especial, e talvez nossa compreensão de adultos não consiga explicá-la racionalmente.
O que ele entende como amigo?
Quem está sempre junto; quem brinca com ele; quem está ali, por perto, quando ele precisa; alguém em quem ele confia, falando sempre a verdade; alguém com quem tem assuntos em comum.
Os pais, que são também amigos de seus filhos, têm a oportunidade de conquistar seu amor de uma forma única e preciosa.
Frisamos o também, pois os pais, na posição em que estão, não podem ser apenas amigos, pois têm outras responsabilidades, e há momentos em que a autoridade de pai, de mãe, precisa sobressair.
Porém, o ingrediente amizade, na relação pais e filhos é fundamental.
Quantos pais de filhos adolescentes estão por aí, hoje, desesperados, pois não conseguem se comunicar com seus filhos.
Resolveram, tardiamente, serem amigos deles, bater um papo, serem confidentes, quem sabe...
Mas sem nunca antes terem se aproximado, de forma adequada, para que hoje pudessem desfrutar dessa posição.
Sim.
Quem quer poder ter um bom diálogo com seus filhos adolescentes, precisa merecer essa confiança, necessita ter conquistado esse lugar na vida deles desde cedo.
E é isso que vemos pouco nas famílias.
Vemos dois mundos afastados: o mundo das crianças e o mundo dos adultos.
Crianças não podem falar sobre questões de adultos, e adultos não valorizam os assuntos das crianças.
E assim vamos criando um vale entre nós e eles. Um em cada mundo.
Os diálogos são poucos.
Gradativamente eles vão perdendo o interesse em conversar, em perguntar, pois desmerecemos a compreensão que eles têm de mundo.
Grande erro nosso, como pais e educadores.
As crianças precisam participar de nosso mundo, de nossos assuntos, de nossos problemas e soluções.
Obviamente, com critério e cuidado, adequando a linguagem, as explicações e a profundidade do tema, veremos que podemos falar de tudo com elas hoje em dia.
E elas precisam opinar, precisam ter a possibilidade de debater sobre os mais variados temas do dia a dia.
Assim, não as ignoremos quando dão suas opiniões, por mais absurdas que possam parecer.
Amigos falam de tudo.
São confidentes.
Não têm vergonha de expor suas fragilidades, suas dúvidas e incertezas.
Amigos penetram um no mundo do outro.
Assim, que tal, sempre que possível, fazer uma breve viagem pelo mundo das crianças, com seus heróis, brinquedos, com sua imaginação fantástica?
Elas gostam tanto quando nos veem mergulhados em suas histórias, em suas brincadeiras!
Vamos perceber que nos será agradável também.
Basta se deixar levar.
Há tanto que eles podem nos ensinar sobre a vida...
Criando esse diálogo, essa abertura com eles, desde cedo, desde a barriga da mãe, certamente seremos amigos de nossos filhos também e, com isso ganharemos confiança e uma via segura para alcançar seu coração.
Para ser o melhor amigo de todo o mundo, precisamos estar lá, no mundo deles, e sempre que possível, deixá-los conhecer o nosso.
Redação do Momento Espírita.
Disponível no CD Momento Espírita, v. 27, ed. FEP.
Em 13.4.2024.
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