quinta-feira, 18 de abril de 2024

LOUVORES VAZIOS

SÃO VICENTE DE PAULO
Contam as tradições do mundo espiritual que, certa feita, estava Vicente de Paulo, o nobre sacerdote francês, a celebrar um ofício religioso. 
O nobre clérigo, que ganharia a História pela sua devoção aos pobres e por sua humildade, verifica, em meio à solenidade, repentino louvor público. 
Aproxima-se do altar velho pirata que, em altos brados, inicia sua ladainha de agradecimentos. 
-Obrigado meu Deus, dizia ele, pelos ricos navios que colocaste no meu caminho, pelas boas presas, vítimas dos meus roubos e saques. Graças à Tua generosidade Senhor, pude tomar-lhes as riquezas e os tesouros. Não permitas nunca que este Teu filho se perca na miséria. 
Na sequência, aproxima-se do altar jovem rapaz que, por sua vez, passa a tecer os motivos que tinha de agradecimentos ao Senhor. 
-Obrigado meu Deus, pela herança que permitiste que eu herdasse com a morte de meu avô. Ele, que fez fortuna na guerra e nas batalhas, nos deixa volumosa soma em dinheiro. Assim, passarei a existência no ócio e na diversão, sem a necessidade do trabalho. 
Em seguida, foi um cavalheiro maduro quem se aproximou do altar para seus agradecimentos públicos. 
-Mestre Divino, agradeço-te o amparo pela vitória na batalha que encetei para ampliar os domínios de minhas terras. Agora, graças ao Teu poder, ampliarei minha fortuna e meus bens. 
Não tardou para adornada senhora tomar a posição de agradecimento. 
-Eu Te agradeço Senhor, pelos escravos que me conferiste em minhas terras coloniais. Graças ao trabalho deles, tenho fortuna, poder e riqueza, sem grandes preocupações com meu futuro e o dos meus. 
Os agradecimentos continuavam, quando São Vicente de Paulo, assombrado, reparou que a imagem do Mestre de Nazaré, estática no altar, adquiria vida e movimento.
Reparando que o Mestre, em prantos, afastava-se do altar a passos rápidos, o nobre sacerdote, tomado de susto, lhe indaga: 
-Mestre, por que Te afastas de nós? 
O Celeste Amigo, melancólico, dirige-se ao sacerdote:
-Vicente, afasto-me porque me sinto envergonhado de receber louvores e agradecimentos daqueles que esquecem e desprezam os fracos, os infelizes, os desafortunados e pensam apenas em si mesmos. 
A partir desse dia, São Vicente de Paulo nunca mais abandonou a túnica da pobreza, trabalhando incessantemente na caridade. 
* * * 
Não diferente desses, muitas vezes, agimos de forma semelhante. 
Lembramos de agradecer a Deus, com os lábios e palavras.
Porém, esquecemo-nos de que, como nos lembra Jesus, a cada um daqueles que dermos de vestir, de beber e de comer, será a Ele que estaremos servindo. 
A melhor forma de agradecer a Deus, será sempre servindo ao próximo. 
Dar o agasalho, o pão, ou ainda, dar do nosso tempo e da nossa atenção para quem cruza o nosso caminho, será a maneira mais nobre e feliz de agradecermos as bênçãos da vida. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 13, do livro Contos e Apólogos, pelo Espírito Irmão X, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB. 
Em 7.6.2023.

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