Um dia, ele mandou anunciar que ofereceria a maior e mais bela festa que o reino jamais tivera.
Toda a corte e os amigos foram convidados.
Ao chegarem, vestidos com seus mais ricos trajes, os convidados maravilharam-se com a visão do palácio que resplandecia em luzes.
As apresentações transcorreram segundo o protocolo e as festividades tiveram início.
Danças, jogos e refinados divertimentos foram oferecidos.
Tudo, até os mínimos detalhes, era esplendor e luxo.
Apesar da primorosa organização da festa, depois de algum tempo os convidados perceberam que não lhes havia sido oferecido nada para comer ou beber.
Em parte alguma se encontrava algo para acalmar a fome, que começavam a sentir mais duramente à medida que as horas passavam.
Jamais se havia tido notícia de algo semelhante.
Uma festa daquela magnitude e os convidados passando fome.
Mesmo que os dançarinos e os músicos se esforçassem para alegrar o ambiente, pouco a pouco o mal-estar foi tomando conta do salão e os convidados não disfarçavam sua contrariedade.
Ninguém, no entanto, ousava se queixar ou questionar o rei, que observava tudo em silêncio.
Finalmente, quando a situação se tornou insustentável e a fome intolerável, o rei convidou a todos para passarem para uma sala especial, onde uma refeição os aguardava.
Os convidados, como um conjunto harmonioso de famintos, avançaram em direção do delicioso aroma de sopa que exalava de um enorme caldeirão no centro da mesa.
Quiseram se servir, mas grande foi a surpresa ao encontrarem, ao lado do caldeirão, apenas gigantescas colheres de metal, com mais de um metro de comprimento.
Nenhum prato, nenhuma tigela, nenhuma outra colher eram oferecidos.
Os cabos desmesurados não permitiam que o braço levasse à boca o caldo suculento.
Impossível era segurar as escaldantes colheres a não ser por uma pequena haste de madeira em sua extremidade.
Desesperados, todos tentavam comer, sem resultado.
Até que um convidado, mais esperto ou mais faminto, encontrou a solução e a mostrou aos demais.
Segurando a colher pela haste situada na extremidade, levou-a à boca do convidado que estava à sua frente, que pôde comer à vontade.
Todos imitaram o gesto e se saciaram, compreendendo, enfim, que a única forma de se alimentar, naquele magnífico festim, era um servindo ao outro.
* * *
Não acreditemos que podemos viver isolados.
Nenhum de nós é uma ilha.
Por mais que tenhamos capacidades e talentos, eles são limitados e insuficientes para garantir nosso pleno desenvolvimento como seres humanos.
A vida em sociedade é uma conquista e uma oportunidade.
Deus nos convida, diariamente, a servir nossos irmãos, por meio do trabalho digno e honrado.
Não importa nossa idade, nossa condição social ou nosso estado físico.
Sempre há formas de sermos úteis à sociedade em que nos encontramos inseridos.
Dessa maneira, percebemos também que dependemos uns dos outros e que essa interdependência nos possibilita aprender e crescer infinita e constantemente.
Redação do Momento Espírita, com base no
livro Como atirar vacas no precipício, de
Alzira Castilho, ed. Panda Books.
Em 10.8.2023
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