sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

A SERPENTE E A VIRTUDE

Em conhecida passagem do Evangelho, Jesus orientou Seus apóstolos a respeito da missão que teriam pela frente. 
Ele afirmou que os enviava como ovelhas no meio de lobos. 
Portanto, deveriam ser mansos como as pombas e prudentes como as serpentes. 
Dessa narrativa, é possível extrair lições muito úteis.
Jesus exortou seus auxiliares mais diretos ao trabalho de evangelização.
Mas tratou de esclarecê-los quanto às dificuldades que encontrariam. 
Em sua condição de homens bons e idealistas seriam como ovelhas no meio de lobos. 
Essa significativa imagem persiste atual. 
Ainda há muita maldade na Terra. 
Os desonestos, os aproveitadores e os espertalhões continuam em grande número. 
Embora o progresso verificado em dois mil anos, persiste como tarefa difícil viver com pureza e dignidade. 
Daí, a cada dia, vale lembrar a lição de Jesus. 
É preciso seguir em frente, viver e semear o bem. 
Mas sem ser ingênuo e achar que o mundo é cor-de-rosa. 
Constitui perigosa ilusão ver o bem onde não existe ou deixar de identificar o mal onde ele se encontra. 
O cristão deve ser leal e generoso, mas não tolo. 
Para dar cabo de sua tarefa, precisa ser manso como as pombas e prudente como as serpentes. 
A mansidão é preciosa para evitar envolvimento com as correntes de ódio e intolerância. 
A genuína bondade nunca se agasta, mesmo quando incompreendida e vilipendiada.
O idealista encontra a justificativa da vida em seu ideal, não no comportamento alheio. 
Ainda que os resultados demorem ou pareçam não vir, ele segue em frente. 
Contudo, não basta a mansidão. 
Também é preciso usar de prudência. 
Ou seja, ser prático e saber mensurar os meios de que dispõe para atingir os fins. 
O ideal é importante para ter força em momentos difíceis. 
Mas é inadiável perceber o mundo em que se vive. 
Assim, o cristão é, ao mesmo tempo, doce e decidido. 
Com doçura e energia, realiza sua tarefa no mundo. 
Bondoso e idealista, mas também prático e lúcido. 
Percebe as dificuldades dos que o rodeiam, mas ainda assim os estima e valoriza. 
Por identificar as necessidades alheias, sem desprezar ninguém, é que pode ser sal da terra e luz do mundo. 
Aliás, nesse sentido, a lição de Jesus é muito significativa.
Veja-se que o Mestre identificou virtude em uma serpente. 
Trata-se de um animal habitualmente objeto de repulsa e medo e tomado por símbolo de coisas negativas. 
Mas o Cristo utilizou uma característica sua e a realçou de forma positiva.
Em face de pessoas difíceis, convém agir assim. 
Perceber suas virtudes e incentivá-las. 
Gradualmente, o bem que se estimula e valoriza torna-se pujante, enquanto o mal perde a força. 
Pense nisso. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no livro Momento Espírita, v. 10, ed. FEP. 
Em 1º.02.2024

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