Roger Patrón Luján |
Ela tem o dom especial de dar sabor e graça a tudo.
Contenta-se com tão pouco: um passeio, um pôr do sol, um pacote de pipoca.
E tem a pretensão de que o mundo inteiro lhe pertence.
É sua a árvore, a bola, a peteca.
É seu o pássaro, o jardim.
São seus o carro do papai e o batom da mamãe.
Uma criança nasce com um brilho angelical e mesmo crescendo, sempre fica um halo de luz suficiente para nos cativar o coração, mesmo que ela se sente no lodo, chore a todo o volume, faça um berreiro ou ande pela casa se gabando, depois de vestir as melhores roupas e sapatos de sua mãe ou de seu pai.
Ela pode ser a mais carinhosa do mundo e parecer a mais ingênua, até ao ponto de esgotar a nossa capacidade de responder perguntas.
Quando está brincando, produz todo tipo de ruídos que nos colocam os nervos à flor da pele.
Quando a repreendem ela fica quietinha, faz beicinho, carinha de choro. Mas continua com esse brilho angelical nos olhos.
Ela é a inocência jogada na Terra, a beleza fazendo cambalhotas e também a mais doce expressão do amor materno, quando acaricia e faz dormir a sua boneca ou o seu bichinho de pelúcia.
Quando Deus a cria, utiliza uma parte da matéria-prima de muitas de suas criaturas. Usa os gorjeios do sabiá e os saltos do gafanhoto, a curiosidade e a suavidade do gato, a ligeireza do antílope e a teimosia de uma mulinha.
Gosta de sapatos novos, de sorvete, brinquedos, do jardim de infância, dos companheiros de folguedos e de correr atrás dos pombos e do gatinho.
Adora livros de colorir, as lições de dança, a bola e o patinete.
Ama a praia, o sol, o mar, as férias, o luar e as estrelas.
Não gosta que lhe penteiem o cabelo e é a mais ocupada criatura na hora de ir para a cama, porque sempre precisa acabar alguma coisa que ainda nem começou.
Ninguém nos dá maiores aflições ou alegrias, desgosto ou satisfações ou o mais legítimo orgulho.
Pode bagunçar nossos papéis de trabalho, nosso cabelo e a roupa.
É especialista em nos pedir tempo para compartilhar das suas brincadeiras e tem uma fértil imaginação.
Às vezes, pode parecer uma calamidade, que quase nos desespera com tantos ruídos e travessuras.
Mas quando sentimos que as nossas esperanças e desejos estão a ponto de cair por terra, quando o mundo parece que se fecha para nós; quando chegamos a pensar que o fracasso logo nos alcançará, ela nos converte em majestades, quando se senta em nossos joelhos, passa os bracinhos pelo nosso pescoço e pede para contar um segredo no ouvido.
E diz:
-Eu te amo!
* * *
As crianças são como espelhos.
Na presença do amor, refletem o amor.
Quando o amor está ausente, elas nada têm a refletir.
Guardamos sérias responsabilidades para com esses Espíritos que nos foram confiados por Deus, Nosso Pai.
Na condição de pais, é nosso dever guiá-los pelos caminhos do bem, falar-lhes de responsabilidades e dos objetivos da vida.
Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita, com base no texto Que é uma menina?
de Juan Alfonso Astiazarán, do livro Um presente especial, de
Roger Patrón Luján, ed. Aquariana.
Em 14.2.2024
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