sábado, 10 de fevereiro de 2024

DE MIGALHAS FAZ-SE O PÃO

Beatriz Martins
Aos seis anos, Beatriz Martins decidiu que sua missão seria ajudar o próximo e fazer a corrente do bem se multiplicar. 
Um dia, passeando de carro com a família, parou em um semáforo e viu crianças, como ela, pedindo balas para os motoristas. 
Chocada, não conseguiu entender as diferenças sociais entre ela e aquelas crianças. Elas estavam com roupas rasgadas. Perguntei ao meu pai por que estavam daquele jeito, relembra, Bia, inconformada com a cena. 
O pai, dedicado, deu a ela algumas explicações sobre as diferenças sociais. 
-Mesmo assim, eu continuava não entendendo, achava uma injustiça, disse a menina. 
A cena não saiu da sua cabeça. 
Ela queria ajudar. 
Apesar de não saber como isso poderia ser feito, passou quatro meses guardando toda bala, pirulito ou doce que ganhasse. 
Quando chegasse o Natal, o plano era distribuir todos os doces na comunidade daquelas crianças do semáforo. 
Surpreso com a atitude da filha, o pai chamou amigos, vizinhos, parentes e quem mais pudesse ajudar para recolher donativos. 
No Natal daquele ano, atendemos seiscentas crianças, lembra Bia. 
Ela ainda não sabia, mas tinha acabado de fundar sua ONG. 
Na Páscoa e nas próximas datas comemorativas, a menina também entrou em ação, alcançando mais duas mil crianças em todo o Estado de São Paulo. 
Não demorou muito para a iniciativa ganhar nome – Olhar de Bia – e se consolidar. 
Aos treze anos e articulada como gente grande, Bia não parou de multiplicar a corrente. Ampliou sua assistência para além das comunidades, e passou a fazer ações em escolas e creches. 
Em dezembro de 2013, enviou doações para as vítimas das fortes chuvas no Espírito Santo, que deixaram mais de sessenta mil pessoas desabrigadas ou desalojadas. 
No Natal desse mesmo ano, vinte e dois mil, cento e oitenta e sete itens, entre brinquedos, alimentos, aparelhos eletrônicos, roupas e livros foram distribuídos. 
-A gente não faz só a ação, é um evento com trio elétrico, mágicos, brinquedos infláveis, tudo com voluntários, contava a garota. 
-As pessoas querem ajudar, não sabem como, e sempre vão deixando essa vontade para depois, afirma. 
A ideia é espalhar a sementinha, ajudando cada vez mais. 
Dezessete anos depois, o Olhar de Bia tem como missão acabar com a miséria através da educação. 
O que deseja é, até 2026, diminuir drasticamente os níveis de fome, evasão escolar e desemprego no país, aplicando a inteligência emocional através do fomento de uma comunidade ativa, composta por um primeiro, segundo e terceiro setor engajados na mudança, com metas reais. 
Uma menina, um dia, inquietou-se com a realidade de outras crianças e resolveu fazer algo. 
E o que parecia tão pequeno, se estendeu para mais de quatrocentos e cinquenta mil vidas, atuando por meio de solidariedade, capacitação profissional e compartilhamento em rede. 
* * * 

Um gesto de caridade 
Apaga muitas feridas.  
Um minuto de Evangelho 
Pode salvar muitas vidas. 

De gotas d’água o ribeiro 
É a doce e clara união 
De segundos faz-se o tempo 
De migalhas faz-se o pão. 


Redação do Momento Espírita, com base em matéria do site https://olhardebia.org.br/ e em versos da poesia Na jornada de luz, pelo Espírito Casimiro Cunha, psicografia de Francisco Cândido Xavier, do livro Caridade, ed. IDE.
Em 9.2.2024.

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