sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

PARA NÃO SER INELIZ

É comum reclamarmos do sofrimento ou das dores que nos atingem.
Porém, por vezes, tais condições são provocadas por nós mesmos.
Reagimos muito mal a fatos insignificantes e levamos as coisas para o lado pessoal. 
Isso nos provoca irritação no dia a dia, que pode se acumular, chegando a representar uma importante fonte de sofrimento. 
Conta-se que dois amigos foram a um restaurante para jantar. Eles não tinham nada importante para fazer em seguida. Podiam comer com calma, conversar, demorar-se o quanto desejassem. Nenhum compromisso os aguardava. A noite poderia ser encerrada a hora que desejassem. Com esse espírito é que fizeram seu pedido e esperaram que os pratos solicitados chegassem. O serviço do restaurante acabou por se revelar extremamente lento. Um deles começou a reclamar. Reclamou da demora em chegarem à mesa os seus pedidos. Depois reclamou da comida, da louça, dos talheres e de todos os detalhes que descobriu não lhe agradarem. Ao final da refeição, o garçom chegou e ofereceu duas sobremesas, a título de cortesia. 
-É como um pedido de desculpas pela demora do serviço.– Explicou, gentil. -Estamos com falta de pessoal, hoje. Houve um falecimento na família de um dos cozinheiros, e ele não veio trabalhar. Além disso, um dos auxiliares avisou que estava doente, na última hora. Espero que a demora não lhes tenha causado nenhum aborrecimento.
Enquanto o garçom se afastava, o amigo ainda resmungando, deixou escapar o seu descontentamento: 
-Nunca mais vou voltar a este restaurante. 
Este é um pequeno exemplo de como contribuímos para nosso próprio sofrimento. 
Levando a questão para o lado pessoal, como se tudo fosse feito de propósito contra nós; imaginando que as pessoas e o mundo giram em torno de nós, nos tornamos infelizes. 
Importante termos sensibilidade para perceber o entorno, dificuldades que se apresentam, à revelia mesmo de quem deva nos atender, nos servir. 
Essa refeição, com certeza, foi desagradável para ambos.
E com grandes possibilidades de, por causa da irritação, a comida ingerida lhes fazer mal e terem problemas de saúde. 
Além, é claro, do aborrecimento, do desconforto, ante tanta reclamação. 
E tudo podia ter sido resolvido com um pouco de paciência e tolerância. 
Como nenhum compromisso os aguardasse, poderiam ter usufruído daquele tempo para conversar um pouco mais. 
Afinal, com a vida tão corrida, com tantos compromissos sempre nos aguardando, uma oportunidade dessas, deveria ter sido muito bem aproveitada. 
* * * 
Jacques Lusseyran
Jacques Lusseyran, cego desde os oito anos de idade, foi fundador de um grupo de resistência na Segunda Guerra Mundial. 
Foi capturado pelos alemães e encarcerado em um campo de concentração. 
Mais tarde, quando relatou as suas experiências no campo de prisioneiros, afirmou: 
-Percebi que a infelicidade chega a cada um de nós porque acreditamos ser o centro do Universo. 
Porque temos a triste convicção de que só nós sofremos de forma insuportável. 
A infelicidade é sempre se sentir cativo na própria pele, no próprio cérebro. 
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base no livro A arte da felicidade, de Dalai Lama e Howard Cutler, ed. Martins Fontes. 
Em 27.1.2023.

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