sábado, 21 de janeiro de 2023

VIVER COMO SE NÃO HOUVESSE AMANHÃ

Elizabeth Kübler-Ross
O destino de todos os seres vivos é a morte. 
Morrem flores, plantas, bichos, gente. 
Até mesmo as estrelas, que nascem em uma explosão de luz, chegam à finitude. 
Morremos um pouco todos os dias. 
Cada anoitecer nos relembra que mais um dia se passou em nossa vida. 
E isso nos deveria ser um alerta para os rumos que damos à existência. 
Mas por que a morte nos assusta de tal forma? 
O sábio se prepara para morrer. 
Mas para a maioria dos seres humanos, a simples menção da palavra morte é um trauma. 
Não falamos de morte, como se falar disso pudesse atraí-la. 
No entanto, preparar-se para morrer é útil. 
Necessário mesmo. 
Não se trata de uma atitude mórbida, mas de naturalidade perante o ciclo que rege a vida. 
Naturalidade? 
Sim, pois em nossa vida a morte é uma certeza. 
Podemos até não saber quando e onde ela virá, mas virá certamente.
Países, idiomas e crenças são diferentes. 
Mas, paradoxalmente, a grande certeza que nos une a todos é de que um dia nosso corpo estará morto. 
Por isso, vale a pena pensar de modo positivo na morte. 
Preparar-se para esse momento inevitável. 
A psiquiatra suíça Elizabeth Kübler-Ross narra, em seus diversos livros, o sofrimento das pessoas que não se prepararam para morrer ou para dizer adeus aos parentes e amigos. 
A médica – que se tornou famosa no mundo inteiro por seus trabalhos junto a pacientes terminais – observou que a maioria das pessoas traz pendências, assuntos não resolvidos e traumas que eclodem na hora da morte. 
É que não costumamos refletir sobre a nossa própria morte. Sempre a imaginamos muito distante. 
E, por isso, vamos adiando a resolução de pendências que poderiam ser solucionadas agora, com calma. 
Portanto, vale a pena iniciar uma preparação. Quer uma fórmula simples? 
Viva como se fosse o seu último dia. 
Faça o bem, seja amável e gentil. 
Não deixe para amanhã as palavras de afeto, os gestos de amor. 
Diga à família o quanto você a ama. 
Deixe os papéis em ordem, os assuntos encaminhados. 
Se há mágoas, esqueça, perdoe. 
Vire a página. 
Se há assuntos por resolver, esclareça, converse. 
Enfim, resolva. 
Não deixe espaço para que um dia você lamente não ter falado na hora certa. 
Viva a vida de forma simples e bela para que, ao encerrá-la, não haja muitos arrependimentos. 
O músico Renato Russo tinha uma frase síntese para essa atitude: 
-É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã. 
Afinal, amanhã a morte pode ter vindo, silenciosa, bater à sua porta, ou da pessoa amada. 
E até o reencontro, então, poderá ser uma longa espera. 
* * * 
Manuel Bandeira
Faça como o poeta Manuel Bandeira. 
Em um de seus mais inspirados poemas, Consoada, ele fala sobre o dia em que a morte chegará e vai encontrá-lo preparado. 
Quando a Indesejada das gentes chegar
(Não sei se dura ou caroável),
Talvez eu tenha medo.
Talvez sorria, ou diga:
— Alô, iniludível!
O meu dia foi bom, pode a noite descer.
(A noite com os seus sortilégios.)
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
À mesa posta,
                                Com cada coisa em seu lugar.
Possamos, todos nós, aguardar a morte com a alma leve, a consciência em paz, um sorriso de dever cumprido pairando, suave, nos lábios pálidos. 
Quando essa hora chegar, o seu dia – a sua vida - terão sido bons?
Pense nisso! 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita Imortalidade, v. 17, ed. FEP. 
Em 21.01.2023.

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