quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

INTERESSE PESSOAL E DEVER

Frequentemente o dever entra em conflito com o interesse pessoal. 
A criatura deseja ardentemente fazer algo, mas sente que não deve.
Ou quer fugir de uma situação, abster-se de determinada conduta, quando a consciência indica não ser essa a melhor solução. 
Surge a dúvida: por que não é possível a satisfação do desejo? 
Qual a razão para o senso do dever contrariar os sonhos e as fantasias? 
Há alguma lógica nisso? 
Há uma lógica, que decorre de uma compreensão mais ampla da vida. 
Os Espíritos reencarnam infinitas vezes. 
A evolução é uma conquista individual, por meio da qual se transita da ignorância para a sabedoria. 
Em suas primeiras experiências terrenas, os Espíritos são grandemente guiados pelos instintos. 
De modo gradual, desenvolvem a vontade e conquistam a liberdade de optar. 
Em decorrência de sua ignorância, as opções que fazem nem sempre são felizes. 
Todos trazem as leis divinas gravadas na consciência. 
Com o tempo, inteiram-se do teor dessas leis.
Equívocos, maldades, leviandades, tudo é registrado na consciência.
Somente goza de perfeita harmonia quem aprendeu a respeitar e valorizar a vida. 
A paz interior é conquista daquele que se acertou com os estatutos divinos. 
Isso apenas é possível mediante a recomposição dos tesouros dilapidados ao longo do tempo. 
Onde se construiu a guerra, impõe-se o trabalho pela paz. 
Quem induziu os outros ao abismo dos vícios, deve auxiliá-los na recuperação. 
Se ontem as bênçãos do trabalho foram desconsideradas, o tempo perdido deve ser recuperado. 
Por outro lado, alguns hábitos da época da ignorância se cristalizam no ser, dificultando a evolução. 
Embora o processo de evoluir seja vagaroso, é necessário fazer esforços para transformar os hábitos viciosos e conquistar virtudes.
Também se impõe o amadurecimento do senso moral. 
A lucidez espiritual se traduz por uma conduta baseada no trabalho, no estudo, na lealdade e na compaixão. 
Essa transição da infância para a maturidade espiritual não se faz sem esforço. 
É preciso romper com o homem velho e seus hábitos infelizes. 
Esse é o propósito da existência terrena. 
Antes de renascer, o Espírito faz um balanço de suas vivências.
Identifica os vícios que necessita vencer, os erros que precisa reparar, e projeta sua nova vida. 
Todo homem traz em seu íntimo o resultado das experiências vividas. 
Falta a lembrança do que ocorreu, mas há intuições e tendências.
Esse o motivo da contradição entre o dever e as fantasias, pois a consciência cobra o dever. 
De um lado há o passado: paixões, interesse, egoísmo, preguiça e vaidade. 
De outro, os projetos para o futuro, na forma de disciplina, renúncia, devotamento ao próximo ou a uma causa. 
Cada qual é livre para escolher seu caminho, mas o trabalho não feito hoje ressurgirá mais tarde, provavelmente acrescido de novos encargos. 
A paz e a plenitude pressupõem o dever cumprido, a tarefa feita, a lição aprendida. Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 7.8.2018.

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