segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

INTEGRIDADE

FERNANDO PESSOA
O grande poeta da literatura portuguesa, Fernando Pessoa, escreveu, certa feita: 
Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui. 
Sê todo em cada coisa. 
Põe quanto és no mínimo que fazes. 
Assim em cada lago a lua toda brilha, porque alta vive. 
* * * 
Tornar inteiro, fazer um só é a origem da palavra íntegro. 
E esse é o conselho do poeta: sermos íntegros. 
Fazendo como só os poetas sabem fazer, Fernando Pessoa nos remete à beleza da lua para entendermos a beleza de sermos íntegros.
E nos aconselha como fazer: ser todo em cada coisa, no mínimo que fazemos, sermos sempre os mesmos, sermos sempre inteiros, sem exagerar, sem excluir. 
A integridade de uma pessoa está exatamente neste aspecto: ter seus valores morais de maneira atemporal, imutável, sem conveniências.
Dificilmente alguém conseguiria ser desonesto vagando sozinho no deserto. 
Para provar os valores da honestidade, há que se ter o ensejo de ser desonesto. 
Assim é com todos os nossos valores morais.
É necessário exercitá-los, colocá-los à prova na vivência diária.
Somente o discurso, o ter conhecimento não constrói nosso caráter, não nos faz íntegros. 
Por isso a vida é rica em desafios e oportunidades. 
São eles que fortalecem nosso caráter, enraízam nossos valores, dão corpo aos nossos ideais. 
Na oportunidade da mentira conveniente, preferir a verdade duradoura. 
No momento da trapaça vantajosa, a honestidade transparente.
Diante da oportunidade da fofoca desabonadora e duvidosa, a escolha pelo silêncio respeitoso. 
Assim são construídos nossos valores. 
Colocando-nos inteiros e únicos em todas as situações. 
Jamais optar pelas escolhas mais convenientes. 
Definir-se sempre pelos caminhos corretos. 
Jesus nos fala da importância de bem escolher nossos valores e ações nos comparando ao sal. 
Diz-nos o Mestre que somos o sal da Terra. 
Usa da metáfora para alertar que somos nós a dar o sabor, o tempero, a diferença à vida. 
Porém, lembra-nos de que se o sal for insípido, com que se haverá de salgar? 
Sempre seremos convidados pela vida a oferecer nosso tempero, nossa posição, nossos valores. 
Os desafios são imensos e muitos são os convites que o mundo nos oferece. 
Muitos deles parecerão fáceis, convenientes, mesmo cômodos, em várias situações. 
Porém, antes de qualquer decisão, pensemos a respeito da qualidade das ações que pretendemos executar. 
Qual o peso moral das atitudes que iremos tomar. 
Lembremos de que para Pilatos, naquele momento dramático do julgamento de Jesus, o Cristo, foi mais conveniente lavar as mãos do que tomar a decisão correta. 
Jesus, por Sua vez, incomparavelmente íntegro, não titubeou perante Seus valores, mesmo frente ao julgamento covarde, o suplício dos açoites, a coroa de espinhos, a cruz infamante ou o Gólgota doloroso.
Não demorou muito e Pilatos mergulhou em profunda consciência de culpa. 
Destituído do poder, fugiu da vida física, optando pelo suicídio. 
O Cristo, contudo, superada a morte física, ressurgiu para atestar a imortalidade da alma e a grandeza do Seu reino de paz. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 8.11.2014.

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