sábado, 24 de setembro de 2022

INDEPENDÊNCIA PARA NOSSOS FILHOS

Xinran é uma chinesa, nascida em Pequim.
É escritora e jornalista, mas foi como apresentadora de um programa de rádio, na China, que colheu histórias muito interessantes do seu povo. 
Em 1997 ela se mudou para Londres. 
A partir de então, todos os outonos ela recebe ligações telefônicas de seu país. 
São pais cujos filhos vêm estudar nas Universidades do Reino Unido e da Europa e que lhe pedem para que ela os cuide. 
Xinran responde a todas as questões e se propõe a ajudá-los, na nova vida que enfrentarão. 
Contudo, ela precisa impor limites. 
Porque algumas mães lhe pedem que vá cozinhar para seu filho todos os dias. 
Que ela o cuide da mesma forma que a mãe o faria. 
Os exageros são muitos, diz a jornalista. 
E conta o caso do jovem que veio a Londres para estudar em uma Universidade. 
Logo depois que ele chegou à capital inglesa, a escritora recebeu um telefonema da mãe do rapaz: 
-Não me importa o que você acha que é bom para seu filho. Mas, neste momento, meu filho precisa de sua ajuda para desfazer as malas. 
E lá se foi Xinran ajudar o rapaz. 
Quando ele abriu uma das duas malas gigantescas que trouxera, tirou páginas de instruções sobre como pendurar roupas, como fazer a cama, o que pôr na gaveta das roupas íntimas. 
Olhando aquilo, Xinran perguntou ao jovem: 
Como você se virou quando estava na Universidade na China? 
A resposta dele a desconcertou: 
-Minha mãe vinha ao meu dormitório todas as semanas.
* * * 
Se queremos que nossos filhos cresçam e desfrutem de suas próprias vidas, temos de liberá-los um pouco. 
O melhor a fazer é ajudá-los a ser independentes, o mais cedo possível.
Eles não podem viver embaixo das asas da mãe a vida inteira. 
Por isso, pequenas tarefas no lar, desde a tenra idade são importantes: dobrar a roupa, guardá-la no armário, pendurá-la nos cabides. Retirar a louça da mesa, passar a vassoura, limpar a calçada. 
Nas compras, permitir ao filho algumas escolhas, a fim de que ele aprenda o que significa decidir-se. 
Permitir-lhe realizar pagamentos em supermercados, lojas, shoppings, planejar o que fará com a sua mesada, escolher a roupa que usará para ir ao cinema, sair com os amigos, ir ao templo. 
Torná-lo responsável e participativo nas questões familiares, delegando-lhe o cuidado de irmãos menores, no auxílio a atravessar uma rua, conduzir à escola. 
Pensemos que nosso filho vai viver no mundo e que o precisamos preparar para isso. 
Se viermos a faltar ao seu lado, se ele for viver longe de nós, necessitará estar pronto. 
Exercitemo-lo, portanto, a cada dia, enquanto estamos com ele. 
Ele, como nós, nasceu para progredir, para crescer. 
Se lhe fizermos todas as tarefas e o superprotegermos, ele se tornará um incapaz, um inútil. 
Pensemos nisso! 
Redação do Momento Espírita com base no cap. Meus amigos na China..., do livro O que os chineses não comem, de Xinran, ed. Companhia das Letras. 
Em 16.1.2020.

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