sábado, 17 de setembro de 2022

INCONSTÂNCIA HUMANA

Com tantas ferramentas ágeis de comunicação, têm se tornado comum denúncias de profissionais. 
São relatos de mau atendimento, em que se misturam a desconsideração, o descaso, a grosseria, até o que é considerado arrogância e incompetência. 
Qualquer pequeno descuido merece muitas e muitas críticas, a que se somam seguidores e pessoas azedas, que acreditam que todos têm má intenção para com elas. 
Interessante que um mesmo profissional é apresentado por uns como um semideus, enquanto outros o classificam como um monstro. 
Soubemos de um médico que salvara a vida do pai de um jovem. 
O narrador relatou como verdadeiro milagre o que tinha ocorrido com seu pai, desenganado num primeiro momento. O médico oferecera esperança mínima à família, dada a complexidade do procedimento diante da enfermidade. Nada mais do que um por cento de chance de sobrevivência. Mas, a cirurgia tivera sucesso. E bons anos rolaram. Anos nos quais o paciente gozou de saúde satisfatória. Surgindo uma complicação, a família procurou o mesmo médico, desde que, anteriormente, se revelara tão eficiente. Consultado, disse que tudo seria muito simples, algo como tirar um cisco do olho. Que todos ficassem tranquilos. Contudo, o paciente morreu. Então, a família, que tanto elogiara e indicara aquele facultativo, revoltou-se. E o declarou incompetente, negligente. Acusou-o de ser o responsável por encurtar a sobrevida do seu familiar. Que paradoxo. Num momento, um herói, um santo. Em outro, não alcançado o objetivo, um vilão, um usurpador da vida. 
* * * 
Interessante analisarmos como somos volúveis. 
Passamos de um sentimento a outro em segundos. 
Se compulsarmos a História, veremos que, de um modo geral, assim temos nos comportado. 
O povo que gritou Hosanas ao Senhor Jesus, ao adentrar Jerusalém, foi o mesmo que, poucos dias depois, pediu a Sua crucificação, ante a indagação do procurador Pôncio Pilatos. 
Os que haviam recebido tantas bênçãos de Suas mãos, os que haviam sido curados, os que haviam readquirido a visão, a audição, a mobilidade, onde estavam? 
Em tão pouco tempo, haviam esquecido os benefícios recebidos? 
Ainda somos as pessoas que enterramos, facilmente, o sentimento de gratidão. 
Os que ontem nos beneficiaram, os que nos estenderam as mãos, nos sustentaram na adversidade, transcorrido um tempo, por nos desagradarem, por não atenderem a nossas vontades, são os mesmos que apontamos como intolerantes, maus, grosseiros. 
Onde a nobreza do gesto de reverência por quem nos serviu ontem?
Onde o agradecimento despojado de interesses, que deveria ser nossa marca registrada? 
Juízos apressados não poupam ninguém. 
E, normalmente, são causa de muita injustiça. 
Sejamos mais ponderados e cuidadosos em nosso proceder. 
Aprendamos a ser cordatos, a pensar antes de agir, a mensurar o que falamos, o que postamos, o que expomos. 
Vidas podem ser destruídas em segundos. 
Carreiras sólidas, construídas com esforço e dedicação, também. Guardemos o ensino de Jesus: com a medida com que medirmos os outros, seremos medidos. 
E com o critério que julgarmos os outros, igualmente seremos julgados.
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo A linha tênue entre herói e vilão, da revista Iátrico, nº 36, de agosto de 2017, ed. do Conselho Regional de Medicina do Estado do Paraná e no Evangelho de Mateus, cap. 7, versículo 2. 
Em 5.3.2018.

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