segunda-feira, 26 de setembro de 2022

A INDIFERENÇA

É comum associar-se o ódio como o antagonismo do amor. 
Quando falta o amor, gera-se o ódio, afirmam alguns. 
Vincula-se um com o outro como se um fosse o oposto do outro. 
Na verdade, o ódio é apenas o sentimento do amor que adoeceu, o amor que foi envenenado pelo ciúme, pela inveja, ou pelo orgulho... 
Porém, jamais será o oposto ou o antônimo do amor. 
Sente-se ódio por alguém que se identifica com a traição, a mentira, o engodo... 
Mas esse ódio nasceu de um sentimento mais nobre, do amor que antes havia, e que agora adoeceu. 
Porém, o oposto do sentimento do amor mostra-se de maneira mais vil, mais intensa e muitas vezes vive em nossa intimidade sem nos darmos conta: é a indiferença. 
Se amamos ou odiamos, sempre estaremos preocupados com aquele que é o objeto do nosso sentimento. 
Se nos vinculamos pelo amor, estaremos vibrando pelo melhor para o ser amado. 
E se nos vinculamos pelo ódio, estaremos, da mesma forma, preocupados com o outro, mesmo que seja para prejudicá-lo. Contudo, não estaremos indiferentes. 
A indiferença nasce do desamor que alimentamos pelo ser humano, pela despreocupação ou pela incapacidade de entender as dores e dificuldades da alma alheia. 
Enquanto o amor tem a capacidade de nos aquecer a alma, a indiferença a torna fria, incapaz de sensibilizar-se ou entender as agruras do próximo.
E quantas vezes não permanecemos indiferentes, despreocupamo-nos com as coisas do outro, suas dificuldades, seus momentos de dor e pesar, mesmo tudo isso se passando ao nosso lado? 
Justificamos que não damos importância para a dificuldade do outro por falta de tempo, pelos compromissos, pela agenda cheia. 
Muitos motivos para muitas justificativas. 
Mas, no fundo, apenas não nos preocupamos porque temos uma boa parte da alma ainda fria, gelada mesmo, tomada pelo sentimento da indiferença. 
Somos indiferentes quando alguém em dificuldade nos pede para tomar nosso lugar na fila, e justificamos que chegamos antes e temos direito de ali estar. 
A indiferença se apresenta quando, no transporte coletivo, nos auditórios, nos locais públicos, fingimos não ver alguém idoso, uma senhora grávida, alguém mais frágil, para não lhe oferecer o lugar para sentar. 
A indiferença nasce da nossa incapacidade de amar o ser humano, sem nenhum outro motivo que o da fraternidade, da solidariedade. 
E é o sentimento da solidariedade o maior remédio para a indiferença. Será ele o condutor dos primeiros passos para deixarmos de ser indiferentes. 
Quando começarmos a cultivar a solidariedade, obrigatoriamente nos preocuparemos com o outro, com o próximo. Será a solidariedade que nos irá aquecer a alma, descongelando sentimentos e abrindo novos horizontes. 
Será ela que nos permitirá a conquista da compaixão, da gentileza, do carinho, para então entrarmos no campo superior da caridade ao próximo.
Assim, não nos permitamos ficar indiferentes às dificuldades familiares, aos desafios do trabalho, às querelas dos amigos. 
Ofereçamos sempre nosso quinhão de solidariedade, de presteza, o que tenhamos de melhor, esperando que o outro aceite, na medida que queira ou necessite. 
Será a solidariedade o sentimento a nos unir, reconhecendo-nos uns aos outros como irmãos, que, em última instância, somos todos nós, filhos do Criador, do Senhor da vida. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 01.04.2011.

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