quinta-feira, 17 de março de 2022

O HOMEM NO MUNDO

Observar a atual situação do mundo, por vezes, é desanimador. 
Em toda parte há violência, desonestidade e sofrimento.
Ante esse contexto, alguns experimentamos o desejo de nos desvincularmos da vida em sociedade. 
A pretexto de nos mantermos em paz, procuramos conviver o mínimo possível com parentes, vizinhos e colegas de trabalho. 
Para nos justificarmos perante a própria consciência, buscamos embasamento nas palavras do Cristo.
Afirmamos que, como o reino de Deus não é deste mundo, então o mundo não tem muito valor. 
Tendo em vista que a riqueza e os prazeres materiais dificultam o acesso ao reino dos céus, o melhor é abdicar deles de vez. 
Nessa linha de pensar, o caminho da redenção parece ser o afastamento total. 
Ao longo da História, não faltaram congregações dedicadas à vida contemplativa. 
Ocupados em louvar a Deus, seus membros não mantinham contato com os sofredores. 
Ocorre que o conjunto da mensagem do Cristo não encoraja o isolamento. 
A própria vida do Messias demonstra o contrário. 
Jesus jamais se furtou de conviver com o povo ignorante.
Ele afirmou, textualmente, que os sãos não necessitam de médico. 
Conviveu com prostitutas, ladrões e desequilibrados de toda ordem. 
A todos amou, amparou e esclareceu. 
Se nos afirmamos cristãos, não podemos ignorar a clareza dos exemplos dados por Ele. 
Ademais, Jesus afirmou que toda a Lei Divina resume-se em amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. 
É incoerente amar a Deus acima de tudo, mas desprezar o mundo que Ele criou. 
O amor ao Criador é revelado por nossas tentativas de entender e respeitar a Sua obra. 
O papel que nos cabe, no concerto da Criação, é colaborar para que a sociedade em que estamos inseridos se aprimore. 
Quem ama a Deus não pode desistir quando o bom combate está apenas começando. 
Por outro lado, o amor ao próximo também se insere no resumo das Leis Divinas feito por Jesus. 
Não é possível manifestar esse amor fugindo do semelhante. 
Para cumprir a Lei Divina, impõe-se sejamos solidários uns com os outros. 
Quem pode e sabe mais, deve auxiliar e esclarecer. 
É necessário que nos amparemos, não que nos evitemos. 
Constitui rematado equívoco achar que a preservação da paz implica afastamento dos semelhantes. 
A paz pressupõe a consciência tranquila pelo dever bem cumprido. 
Nosso dever é evidenciado pela vida, ao nos colocar em determinado contexto familiar e social. 
Conquistamos nosso aprimoramento e a paz vivendo nesse ambiente de forma nobre e pura. 
A tarefa do cristão não é fugir do mundo, mas abandonar as ilusões. 
O céu não é um local, mas um estado de consciência em harmonia com as Leis Divinas. 
Como a Lei Divina se resume no amor, ninguém conquista o paraíso ignorando o sofrimento alheio.
Assim, vivamos no mundo com sabedoria. 
Quaisquer que sejam os nossos recursos e talentos, busquemos utilizá-los na construção de um mundo melhor. 
Esta é a nossa missão. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 22.1.2022.

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