quinta-feira, 10 de março de 2022

O HOMEM FELIZ

William J. Bennett
Narra antiga lenda que, certa vez, um rei adoeceu gravemente e à medida que o tempo passava seu estado piorava. Os médicos tentaram de tudo, mas nada parecia funcionar. Estavam a ponto de perder a esperança quando a velha criada falou: 
-Eu sei uma forma de salvar o rei. Se vocês puderem encontrar um homem feliz, tirar-lhe a camisa e vesti-la no rei, ele se recuperará. 
Ao ouvir tal afirmativa, o rei enviou seus mensageiros a todos os cantos do reino a procura de um homem feliz. Eles cavalgaram por todos os lugares e não encontraram um homem feliz. Ninguém estava satisfeito; todos tinham uma queixa a fazer. 
-Aquele alfaiate estúpido fez as calças muito curtas!
Ouviram um homem rico dizer. 
-A comida está péssima. Este cozinheiro não consegue fazer nada direito! 
Outro reclamava. 
-O que há de errado com os nossos filhos? 
Resmungava um pai insatisfeito. 
-O teto está vazando! A situação financeira está péssima! Será que o governo não pode dar um jeito nessa situação? 
Essas e outras tantas queixas eram o que os mensageiros do rei ouviram por onde passaram. Se um homem era rico, não tinha o bastante; se não era rico, era culpa de alguém. Se era saudável, havia uma sogra indesejável em sua vida. Se tinha uma boa sogra, a gripe o estava infelicitando. Enfim, naquele reino todos tinham algo do que reclamar. O rei já tinha perdido a esperança de ficar bom quando numa noite seu filho cavalgava pelos campos e, ao passar perto de uma cabana, ouviu alguém dizer: 
-Obrigado, Senhor! Concluí meu trabalho diário e ajudei meu semelhante. Comi meu alimento, e agora posso deitar-me e dormir em paz. O que mais poderia desejar, Senhor? 
O Príncipe exultou de felicidade por ter, finalmente, encontrado um homem feliz. Retornou e mandou que seus homens fossem até lá e levassem a camisa do homem ao rei e lhe pagassem o quanto pedisse. Mas quando os mensageiros do rei entraram na cabana para levar a camisa do homem feliz, descobriram que ele era tão pobre que sequer possuía uma camisa. 
* * * 
O hábito de reclamar está tão arraigado em nossa vida que, se não temos motivos de queixa, muitos de nós ficamos sem assunto. 
Isso se deve ao fato de não valorizarmos devidamente tudo o que temos. 
Embora saibamos que a felicidade plena não é possível no atual estágio evolutivo da Terra, poderemos encontrar muitos motivos de alegria e contentamento, conforme o homem feliz que morava na cabana singela e que não possuía sequer uma camisa para se vestir. 
* * * 
A maior felicidade de nossa alma virá no dia em que nos sentirmos integrados no amor Divino, como a gota d'água dentro do oceano. 
Redação do Momento Espírita com base no cap. O rei e a camisa, de O livro das virtudes, v. 2, de William J. Bennett, ed. Nova Fronteira e no verbete Felicidade, do livro Dicionário da alma, por Espíritos diversos, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed.Feb. 
Em 16.06.2009.

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