terça-feira, 16 de novembro de 2021

A CIÊNCIA E DEUS

Ele era um enamorado das estrelas. Por isso, chegou a ser denominado, por um historiador, o Poeta dos céus. Desde os onze anos, sua paixão foi a astronomia. Seu espírito sensível parecia dotado de uma imensa saudade de algum mundo feliz, de onde ele viera e que parecia querer reencontrar nos mapas dos céus. Antes de completar vinte anos, Camille Flammarion publicou o livro Pluralidade dos mundos habitados. A edição se esgotou em pouco tempo. Foi reeditado e traduzido para treze idiomas. Virou moda na corte de Napoleão III. Esse sábio, que recebeu prêmio da Academia de França e a Comenda da Legião de Honra, por seu livro Astronomia popular, lamentava a divergência entre a Ciência e a religião. Ele dizia que duas verdades não podiam ser opostas uma da outra. Dizia ele: 
-Deus é a força inteligente, universal e invisível, que constrói, sem cessar, a obra da natureza. Sombras noturnas que flutuais pela encosta das montanhas, perfumes que baixais das florestas; flores pendidas que cerrais os lábios, surdos rumores oceânicos que nunca vos calais; calmarias profundas das noites estreladas, tendes-me falado de Deus, com eloquência mais íntima e mais empolgante que todos os livros humanos! 
A natureza é um ser vivo e animado. 
Mais ainda, um ser amigo.
Deus nos fala pelas suas cores, pelos seus sons e pelos seus movimentos. 
Tem sorrisos para as nossas alegrias, gemidos para as nossas tristezas, simpatia para todas as nossas aspirações. 
É nas leis da natureza que se revela uma inteligência ordenadora. 
São leis constantes, concordantes e inteligíveis. 
E completa o sábio astrônomo: 
-A ignorância havia humanizado Deus. A Ciência O diviniza. Longe de destruir a velha ideia da existência de Deus, a desenvolve e a torna gradualmente menos indigna da Sua majestade. 
Dilatando a esfera de nossa contemplação e espalhando uma luz mais instrutiva sobre a composição geral do Universo, a Ciência nos aclara o senso íntimo da Divindade. 
Deus nos aparece sob a ideia de um Espírito permanente e residente no âmago das coisas. 
Não habita um paraíso povoado de anjos e de eleitos. 
Habita a amplidão infinita, repleta da Sua presença, em cada ponto do espaço, em cada instante do tempo. 
A ordem universal reinante na natureza, a inteligência revelada na construção dos seres, a sabedoria espalhada em todo o conjunto; sobretudo, a universidade do plano geral, nos apresenta a Onipotência Divina como sustentáculo invisível da natureza. 
Lei organizadora, força essencial. 
Deus é um pensamento, residente na essência mesma das coisas, sustentando, organizando, Ele mesmo, desde as mais humildes criaturas aos mais vastos sistemas solares. 
Deus é o pensamento do qual as leis diretivas do mundo representam uma forma de atividade. 
Então, unamo-nos ao pensamento do sábio astrônomo e reconheçamos essa Força que nos criou, nos mantém a vida e tudo governa.
Deus, bom Deus. 
Tu que dás a beleza e o perfume à flor, que dás voz ao oceano, recebe a gratidão de um filho reconhecido da Tua grandeza e do Teu amor. 
Redação do Momento Espírita, com base em dados biográficos de Camille Flammarion e no tomo V do livro Deus na natureza, de Camille Flammarion, ed. FEB.
Em 16.11.2021.

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