terça-feira, 30 de novembro de 2021

À PROCURA DO AMOR

DIVALDO PEREIRA FRANCO
E
RABINDRANATH TAGORE
Procurei-Te, desarvorado e triste, pelas terras distantes, em loucas aventuras com os outros, sem conseguir Te encontrar. Onde chegava a minha ansiedade, me deparava com as marcas de Teus pés no chão. Penetrei-me pelas lâminas da angústia, dilacerando todas as minhas ambições, em vãs tentativas de Te encontrar. Exauri-me, sem resultado feliz e me detive caído. Defrontei, um dia, duas estrelas cujo brilho se apagava nos olhos de uma criança abandonada, e a amei. A sua voz sem palavra e a música de sua necessidade, me fizeram encontrar nós três: o próximo, a mim e a Ti, ó Soberano Senhor da minha vida. Não cesses de cantar, brisa ligeira, que passeias pelo vale, nem interrompas o teu curso, água transparente do regato. Toda essa musicalidade que embala a natureza se faz partitura para que o Cantor destrave a voz da Sua garganta e inunde o mundo de harmonias. 
* * * 
O poeta indiano Rabindranath Tagore convida nossa sensibilidade a uma breve viagem pelo espaço infinito de nossa alma. 
Quantos de nós não sentimos que buscamos algo, que procuramos alguma coisa maior, um sentido, uma grande razão, uma luminosa verdade, nos campos férteis do pensamento. 
Quantos de nós nos percebemos insatisfeitos com o que o mundo nos apresenta como valores, como objetivos de existência? 
Quantos de nós flutuamos em espécies de vazios existenciais por falta de um algo mais... 
E como percebemos a necessidade de preenchimento de alguma carência, natural que tentemos ocupar, completar esse vazio. 
O amor surge como resposta imediata e óbvia, pois ele é lei maior de todo o Universo. 
Assim, partimos em busca do amor que nos preencha, que torne a metade inteira, que faça o vazio pleno. 
Preciso ser amado, pensamos. 
Preciso ir em busca de alguém que me ame, que me faça feliz, que me aceite – eis a resposta. 
E lá vamos nós, loucamente, em busca do amor, das mais diferentes formas possíveis. 
Carentes procurando preencher suas carências, por vezes, de formas singelas. De outras, de maneiras esdrúxulas e tresloucadas. 
Mas, o amor nos decepciona... 
O amor nos desaponta... 
Era melhor não ter escolhido o amor – dizemos, pois, muitas vezes, saímos dele mais machucados do que estávamos quando chegamos. 
Surge a grande questão: se o amor é a resposta de tudo por que, mesmo com ele, ainda nos sentimos infelizes? 
Mesmo com ele, ainda nos sentimos vazios?
Porque não entendemos que a real proposta do amor não é ser amado, mas apenas amar. 
O que nos preenche é a construção interna de um amor incondicional, de virtudes erguidas sobre esse alicerce sublime de um sentimento que encontra retorno em si mesmo. 
O amor que nos completa não é aquele que recebemos, mas aquele que irradiamos. 
As grandes almas, que estiveram na Terra, o chamaram de caridade e o viveram intensamente pela benevolência para com todos, pela indulgência para com as imperfeições alheias e pelo perdão de todas as ofensas. 
O poeta Tagore encontrou o amor a Deus, ao próximo e a si mesmo na proposta de cuidar de uma criança abandonada. 
Onde encontraremos o nosso?
Redação do Momento Espírita, com base no cap. LIX da obra Estesia, do Espírito Tagore, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 
Em 30.11.2021.

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