terça-feira, 11 de maio de 2021

UM POEMA PARA O MUNDO

AMANDA GORMAN
Naquela manhã gelada de inverno, todos os olhos se voltavam para Washington, capital dos Estados Unidos. Não era apenas mais uma manhã gelada de inverno na capital norte-americana. Renovava-se, naquelas horas matutinas, o ritual democrático iniciado há mais de dois séculos naquele país: a tomada de posse de mais um presidente eleito democraticamente. As pompas e circunstâncias, como cabe a esses eventos, embora limitadas pela pandemia, neste 2021, se faziam presentes. Porém, entre experientes políticos, renomados artistas, famosos e autoridades, surgiu um rosto jovem, de olhar gentil. Assume o púlpito e sua figura esguia, a beleza de sua tez negra, impactada pelo frio da manhã, chama a atenção. Não mais que vinte e dois anos de idade, recém-saída da prestigiosa Universidade de Harvard, onde se formou com louvor em sociologia, estava a postos para declamar um poema de sua autoria. E Amanda Gorman, a jovem poetisa, proclamou ao mundo:
-Quando chega o dia, nos perguntamos, onde podemos encontrar luz nesta sombra sem fim. 
Encerramos a divisão porque sabemos colocar o nosso futuro em primeiro lugar. 
Devemos colocar as nossas diferenças de lado. 
Deponhamos as nossas armas para que possamos estender os nossos braços uns aos outros. 
Não procuremos o mal, procuremos harmonia para todos. 
Deixemos o globo, senão outra coisa, dizer que isto é verdade: 
Que mesmo quando tristes, crescíamos; 
Que mesmo sofrendo, tínhamos esperança; 
Que mesmo cansados, tentamos; 
Que estaremos para sempre ligados, vitoriosos, não porque nunca mais conheceremos a derrota, mas porque nunca mais semearemos a divisão, outra vez. 
A Escritura nos diz para imaginar que todos se sentarão sob sua própria videira e figueira. 
E ninguém nos assustará. 
Se quisermos viver de acordo com nosso próprio tempo, então, a vitória não estará na lâmina, mas em todas as pontes que fizermos. 
Suas palavras ecoaram daquele parlatório para o mundo. 
Nas redes sociais, partes do seu discurso foram comentadas, encaminhadas, marcadas, mais do que de qualquer outra autoridade ou artista de prestígio presente. 
Assim acontece quando escutamos com o coração. 
Era a posse para o cargo mais poderoso do mundo. 
O presidente da nação com o maior exército do mundo. 
Porém Amanda falou sobre paz, compreensão e harmonia. 
Convidou-nos a abaixar nossas armas para podermos abraçar nosso próximo. 
E lembrou que nossa vitória estará nas pontes que construirmos e não na lâmina que pode ferir. 
São as reflexões que todos precisamos fazer. 
Vivemos dias de tumulto e descaso ético. 
Dias onde nos enriquecemos sobre as dores atrozes e o túmulo de tantos.
Dias onde a violência e a barbárie parecem ser a tônica do comportamento humano. 
Porém, não nos deixemos levar por essa minoria barulhenta. 
Os maus são ousados, mas logo perecerão, pois só o bem e o belo são permanentes. 
Assim, nos dias de desânimo e tristeza, ouçamos o cantar da jovem poetisa a nos lembrar que não mais conheceremos a derrota, porque não mais semearemos a separação. 
Redação do Momento Espírita 
Em 11.5.2021.

Nenhum comentário:

Postar um comentário