domingo, 23 de maio de 2021

O FRIO QUE VEM DE DENTRO

Conta-se que seis homens ficaram presos numa caverna por causa de uma avalanche de neve. Teriam que esperar até o amanhecer, para receber socorro. Cada um deles trazia um pouco de lenha e havia uma pequena fogueira, ao redor da qual eles se aqueciam. Eles sabiam que, se o fogo apagasse, todos morreriam de frio, antes que o dia clareasse. Chegou a hora de cada um colocar sua lenha na fogueira. Era a única maneira de poderem sobreviver. 
O primeiro homem era racista. 
Ele olhou demoradamente para os outros cinco e descobriu que um deles tinha a pele escura. Então raciocinou consigo mesmo: 
-Aquele negro! - Jamais darei minha lenha para aquecer um negro. 
E guardou-a, protegendo-a dos olhares dos demais. 
O segundo homem era um rico avarento. 
Ele estava ali porque esperava receber os juros de uma dívida. Olhou ao redor e viu um homem da montanha que trazia sua pobreza no aspecto rude do semblante e nas roupas velhas e remendadas. Ele calculava o valor da sua lenha e, enquanto sonhava com o seu lucro, pensou: 
-Eu, dar a minha lenha para aquecer um preguiçoso? Nem pensar. 
O terceiro homem era negro. 
Seus olhos faiscavam de ira e ressentimento. Não havia qualquer sinal de perdão ou de resignação que o sofrimento ensina. Seu pensamento era muito prático: 
-É bem provável que eu precise desta lenha para me defender. Além disso, eu jamais daria da minha lenha para salvar aqueles que me oprimem. 
E guardou suas lenhas com cuidado. 
O quarto homem era um pobre da montanha.
Ele conhecia mais do que os outros os caminhos, os perigos e os segredos da neve. Esse pensou: 
-Esta nevasca pode durar vários dias. Vou guardar minha lenha. 
O quinto homem parecia alheio a tudo. 
Era um sonhador. Olhando fixamente para as brasas, nem lhe passou pela cabeça oferecer a lenha que carregava. Ele estava preocupado demais com suas próprias visões (ou alucinações?) para pensar em ser útil. 
O último homem trazia nos vincos da testa e nas palmas calosas das mãos os sinais de uma vida de trabalho. Seu raciocínio era curto e rápido.
-Esta lenha é minha. Custou o meu trabalho. Não darei a ninguém, nem mesmo o menor dos gravetos. 
Com estes pensamentos, os seis homens permaneceram imóveis. A última brasa da fogueira se cobriu de cinzas e, finalmente apagou. No alvorecer do dia, quando os homens do socorro chegaram à caverna encontraram seis cadáveres congelados, cada qual segurando um feixe de lenha. Olhando para aquele triste quadro, o chefe da equipe de socorro disse: 
-O frio que os matou não foi o frio de fora, mas o frio de dentro. 
 * * * 
Não deixe que a friagem que vem de dentro mate você. 
Abra o seu coração e ajude a aquecer aqueles que o rodeiam. 
Não permita que as brasas da esperança se apaguem nem que a fogueira do otimismo vire cinzas. 
Contribua com seu graveto de amor e aumente a chama da vida onde quer que você esteja. 
Redação do Momento Espírita, com base em texto de autoria desconhecida. 
Em 5.1.2017.

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