sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

OS FILHOS QUE NOS OBSERVAM

Laércio Furlan
O garoto de nove anos chegou muito animado. A escola iria promover um evento, possibilitando aos pais empreendedores montarem pequenos estandes para divulgação e venda dos seus produtos. Vinicius foi direto para o avô, dizendo que colocaria um estande para venda de suco de laranja. Afinal, a laranjeira do quintal estava carregada de frutos. Muito decidido, ele mostrou o nome e o slogan do seu empreendimento: 
-SUVA – sucos que valorizam a sua sede. 
Fez um plano de negócio, estabelecendo as necessidades, que iam da matéria prima, a laranja, para os copos, os canudos e até um funcionário. Sim, ele precisaria de um ajudante porque, afinal, ele ficaria no marketing, conversando com os clientes, oferecendo o seu produto, enquanto outro ficaria no preparo e entrega ao cliente. 
 A cobrança?
Bom, essa ficaria com ele mesmo. 
O primeiro passo foi ir até a laranjeira. Infelizmente, as laranjas não estavam suficientemente maduras. Concluiu o miniempresário que o suco poderia não ficar muito bom. Então, optou por utilizar polpa de fruta. 
Logo, resolveu adicionar mais um detalhe: pão de queijo, logo substituído por pipoca. 
A essa anexou o apelo de saudável por ser feita sem óleo. 
Com tanto planejamento e disposição, naturalmente que foi o menino e não os pais quem ocupou o estande de empreendedor. E ficou ao lado de estandes de alimentos de marcas muito conhecidas, sem se intimidar.
Confiava na qualidade dos seus produtos. 
Trabalhou com afinco e, como funcionário, contratou o irmão, João Vitor.
No final, contabilizando despesas e receitas, o menino teve um lucro de quarenta e seis reais. 
Maravilha! 
Entretanto, a maior demonstração de um verdadeiro aprendizado estava por vir. 
Comentando a respeito dos seus lucros com a mãe, de repente, exclamou:
-Nossa, preciso pagar João Vitor. 
A mãe comentou que o irmão, em verdade, ficara no estande somente umas duas horas. 
-Seria preciso pagá-lo? 
-Como não? – Falou o garoto. Ele me ajudou demais. Merece receber. 
E retirando vinte reais, foi pagar o seu funcionário. 
* * * 
O fato nos merece considerações. 
Poderemos dizer que o menino tem a veia de empreendedor, pois que observa os pais e admira o que fazem. 
Por isso, os deseja imitar, quiçá, inclusive, de futuro, se torne um grande empresário. 
No entanto, o que merece destaque é o detalhamento, a planificação de toda a ação. 
Acima de tudo, a honestidade, o reconhecimento do esforço e do trabalho do irmão a quem convidara para assessorá-lo na venda do SUVA. 
De quem terá aprendido essa lição? 
Com certeza, portas adentro do lar, onde observa o trato dos pais com fornecedores, clientes e funcionários. 
Sim, nossos filhos nos observam, muito mais do que possamos imaginar. Eles nos olham e imitam, nos mínimos detalhes. 
Pensemos nisso porque, muito mais do que as palavras, que convencem, os exemplos arrastam. 
Eles atestam da nossa qualidade moral. 
E se desejamos um mundo realmente novo, precisamos de homens novos. 
Homens de bem, honestos, justos. 
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base em relato de Laércio Furlan. 
Em 15.8.2016.

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