domingo, 7 de fevereiro de 2021

FILHOS E NÓS

DIVALDO PEREIRA FRANCO
Quando os pais recebem nos braços o corpo recém-nascido do filho se enchem de cuidados. A partir de então, o lar todo se modifica. O casal deixa de pensar em si, com exclusividade, para alongar olhares ao pequeno e frágil ser que lhes veio compor a constelação familiar. Estrela nascente no firmamento do lar que se amplia, esse ser traz em si promessas e objetivos a alcançar. 
É um ser imortal. 
Antes de ser filho de seus pais, é filho de Deus. 
É alguém que já jornadeou pela Terra, mais de uma vez, em corpos diversos. 
É alguém que traz experiências, virtudes e defeitos, registrados e conquistados ao longo dessas várias passagens pelo planeta. 
Assim, enquanto os pais programam o que desejariam para o filho, ele mesmo traz um programa a seguir. 
Por vezes, embora os esforços oferecidos pelos genitores, que não medem sacrifícios para pagar a melhor escola, envolvendo em afeto todas as suas ações, os filhos não alcançam o patamar projetado por eles. 
Isso não deve, contudo, ser considerado como fracasso da educação, porque a felicidade se apresenta em variada gama de expressões. 
Um filho anela e alcança posição social relevante, destaque financeiro, projeção artística ou cultural, política ou religiosa.
Outro se contentará com as pequenas alegrias que se derivam das coisas simples e modestas, experimentando prazeres e auto-realizações que muitos desconhecem. 
Outro ainda ambiciona o poder, sob qualquer forma em que se apresente, e lutará para conquistar títulos universitários, destacando-se na tecnologia, na ciência, ansiando pela aquisição da fortuna adinheirada. 
Filhos e filhos. 
Cada um possui a sua própria visão em torno do que seja auto-realização.
Como haverá também aquele que se deixe arrastar pela inutilidade, pela indolência, pelo crime. 
Aos pais, cientes das suas responsabilidades, cabe a tarefa de estarem receptivos aos filhos que os busquem, na situação em que se encontrem.
A sua palavra será sempre a da renovação e do entusiasmo, contribuindo com o que possam, para que reencontrem o rumo aqueles que se perderam, ou prossigam os bem-sucedidos. 
No entanto, jamais deverão se considerar fracassados porque o filho não atingiu as metas que eles estabeleceram, no seu desvelo e devotamento de pais. 
Por maior seja o amor que devotem ao filho, não o poderão impedir de viver as próprias experiências, de atravessar os caminhos que lhe conferirão sabedoria e amadurecimento. 
Sofrer porque o filho não alcançou situação privilegiada na Terra é agasalhar culpa. 
Devem os pais considerar que ninguém é capaz de ultrapassar os próprios limites. 
E a vida é feita de inúmeros deles, que vão sendo vencidos a pouco e pouco. 
Nem sempre nesta vida. 
Assim, a consciência do dever retamente cumprido deve oferecer aos pais o discernimento para que compreendam os fracassos ou o sucesso do filho que lhes foi confiado pela Divindade. 
* * *
Invista o melhor em seus filhos, confiando em Deus e com essa certeza de que a nossa constelação familiar, à semelhança de um conjunto de astros na imensidão dos céus, é parte importante da galáxia espiritual, sob o comando e afagos do nosso Pai Criador. 
Redação do Momento Espírita com base no cap. 30 do livro Constelação familiar, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. 
Em 28.10.2008.

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