domingo, 20 de dezembro de 2020

SECAR LÁGRIMAS

O som abafado ressoou na angustiante madrugada. 
As batidas à porta eram impacientes. 
Tratava-se de João, o mais jovem seguidor de Seu Filho. 
Minha mãe, eles O prenderam, afirmou o rapaz, cujos olhos imediatamente marejaram. 
Sem hesitar, ambos seguiram em silêncio até a prisão. 
Quando os raios solares romperam a noite e o céu se fez azul, houve grande movimentação dos legionários. 
E ela viu o Filho, considerado réu, no julgamento encenado pelo procurador Pôncio Pilatos. 
Maria mal O reconheceu, tão maltratado estava. 
O corpo machucado, a cabeça coroada de espinhos, a face com filetes de sangue. 
Logo, ela ouviria a sentença: a morte por crucificação. 
Foi trazido o madeiro horizontal e depositado nas costas já tão laceradas do Messias. 
Maria quis aproximar-se dEle, tocar-lhe a face. 
Entretanto, o cordão de vigilância era grande e ela não pôde se aproximar.  
A ordem foi dada: marchariam agora em direção ao Gólgota, o Monte da Caveira. 
A doce mãe de Jesus, aquela que lhe acompanhara os primeiros passos, aquela que O ouvira falar antes de todos, caminhou desolada atrás da cruel comitiva. 
Depois de imenso sofrimento, chegaram ao destino. 
Então, deitaram o Seu Filho sobre a pesada cruz e, com vigorosos pregos, lhe prenderam as mãos e os pés. 
A cruz foi erguida. 
O corpo do Mestre pendeu e Ele sufocou um angustiante grito. 
Quando os legionários permitiram, ela se aproximou e tocou os pés do amado Filho. 
Ali estava o Seu Jesus. 
O Filho gentil, cujas mãos sempre distendera aos sofredores. 
O Seu Jesus, que consolara os inconsoláveis, que curara os incuráveis. 
O Seu Jesus, cujos olhos, erguidos aos céus, eram a ponte entre o Criador e a criatura. 
Nesse momento, ela se fez forte, como Ele sempre fora. 
Abraçando-lhe o exemplo, secou com coragem as próprias lágrimas. 
E, vendo o desespero de Tamar, a mãe de Dimas, o ladrão que, também crucificado, pedira perdão ao Mestre por conta de suas faltas, Maria se aproximou dela. 
Com carinho, a envolveu num abraço e lhe secou as lágrimas. 
Depois, olhou, de forma diversa, para o Filho amado e pôde vê-lO como O Libertador. 
Aquele que viera cumprir a missão divina de revelar o Pai Celeste para toda a Humanidade e de traçar o caminho que a Ele conduz.
* * * 
Mãe Santíssima, vem secar também as nossas lágrimas. 
Na aflição em que nos debatemos, doce mãe, ajuda-nos a perceber a lição. 
No corpo alquebrado pela doença, auxilia-nos a ver que nossos Espíritos se engrandecem e progridem. 
Na desilusão, consola-nos.
Lembra-nos, como o fez a Tamar, que todos somos perdoados por nossas falhas morais e que, com esforço e dedicação, alcançaremos o paraíso prometido por Teu Filho. 
Que tua coragem, tua resignação nos sejam exemplos para os nossos momentos de desespero e de solidão. 
Permite-nos ter a fé que se ampara na certeza de que o Teu Filho está conosco. 
Por nós vela e nos conduz. 
Mãe Santíssima, envolve-nos, com o teu divino manto de suaves vibrações. 
Seca nossas lágrimas, doce mãe. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 19.12.2020.

Nenhum comentário:

Postar um comentário