segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

E SE A MORTE CHEGASSE AGORA?

Se você soubesse que hoje iria morrer – o que faria? 
Esta pergunta foi feita a um homem, no Século XIII. 
Era um homem iluminado. 
Nascido em berço de ouro, conheceu as delícias da abastança. Filho de rico mercador, trajava-se com os melhores tecidos da época. Sua adolescência e juventude foram impregnadas das futilidades daqueles dias, em meio a expressivo número de amigos. Assim transcorria sua vida, quando um chamado se deu a esse jovem. 
Então, ele se despiu dos trajos da vaidade e se transformou no Irmão Francisco, o irmão dos pobres. 
Sua alma se encheu de poesia e ele passou a compor versos para as coisas pequeninas, mas muito importantes, da natureza. 
Chamou irmãos à água, ao vento, ao sol, aos animais. 
Sua alma exalava o odor da alegria que lhe repletava a intimidade. 
Muitos amigos o seguiram, abraçando os lemas da obediência, pobreza e castidade. 
Amigos na opulência, amigos na virtude. 
Certo dia, enquanto arrancava do jardim as ervas daninhas, Frei Leão, que o observava, lhe perguntou: 
-Irmão Francisco, se você soubesse que morreria hoje, o que faria? 
Francisco descansou o ancinho, por um instante. Seus olhos, apagados para as coisas do mundo passageiro, pareceram contemplar paisagens interiores de beleza. Suspirou, pareceu mergulhar o olhar para o mais profundo de si e respondeu, sereno: 
- Eu? Eu continuaria a capinar o meu jardim. 
E retomou a tarefa, no mesmo ritmo e tranquilidade. 
Quantos de nós teríamos condições de agir dessa forma? 
A morte nos apavora a quase todos. 
Tanto a tememos que existem os que sequer pronunciamos a palavra, porque pensamos atraí-la. 
Outros, nem comparecemos ao enterro de colegas, amigos, porque dizemos que aquilo nos deprime, quando não nos atemoriza. Algo como se ela nos visse e se recordasse de nos vir apanhar. 
E andamos pela vida como se nunca fôssemos morrer. 
Mas, de todas as certezas que o mundo das formas transitórias nos oferece, nenhuma maior que esta: tudo que nasce, morre um dia. 
Assim, embora a queiramos distante, essa megera ameaçadora que chega sempre em momentos impróprios, vem e arrebata os nossos amores, os desafetos, nós mesmos. 
Por isso, importante que vivamos cada dia com toda a intensidade, como se nos fosse o derradeiro. Não no sentido de angústia, temor, mas de sabedoria. 
Viver cada amanhecer, cada entardecer e cada hora, usufruindo o máximo de aprendizado, de alegria, de produção. 
Usar cada dia para o trabalho honrado, que nos confira dignidade. 
Estar com a família, com os amigos. 
Sorrir, abraçar, amar. 
Realizar o melhor em tudo que façamos, em tudo que nos seja conferido a elaborar. 
Deixar um rastro de luz por onde passemos. 
Façamos isso e, então, se a morte nos surpreender no dobrar dos minutos, seguiremos em paz, com a consciência de Espíritos que vivemos na Terra doando o melhor e, agora, adentraremos a Espiritualidade, para o reencontro com os amores que nos antecederam. 
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 17 e no livro Momento Espírita, v. 8, ed. FEP. 
Em 11.12.2020.

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