Quando nossos pequenos começam a aprender o significado dos sinais que compõem cada letra; quando aprendem a juntá-las formando as sílabas, que se transformam em frases, é momento de lhes apresentar o tesouro da literatura.
A literatura, que tem início nos livros infantis, ricamente ilustrados, que verdadeiramente falam pelos detalhes das figuras quanto pelo conteúdo escrito.
É uma fase encantadora ouvir os pequenos unindo as palavras, recitando os versos, tropeçando aqui ou ali, mas lendo.
Quem pode descrever a maravilha da literatura que nos possibilita viajar pelo mundo inteiro, pelo reino da fantasia?
A literatura, que nos permite entrar em uma nave espacial e, com a velocidade do pensamento, atravessar o Universo, estacionar em uma estrela, sentar ao lado dos personagens.
Voa a imaginação porque à medida em que as frases vão sendo vencidas, os parágrafos devorados, nossa alma viaja, encantando-se com as aventuras, as descobertas que vão sendo reveladas.
No entanto, existe um livro que, possivelmente, nem todos tenhamos aprendido a ler.
Trata-se do Livro do Universo.
Esse espaço imenso que começa no jardim de nossa casa, onde nossos filhos podem ler o passo da formiguinha, no seu trabalho incessante, em fila indiana, carregando alimento para seu abrigo. Uma folha, uma semente, nada menos do que até vinte vezes o seu próprio peso.
Podem ler o jardim multicor, com seus perfumes variados, distinguir a rosa da margarida, do cravo, da orquídea, do jasmim, do lírio.
Que diversidade surpreendente!
Já imaginamos ouvir a grama crescer, a flor desabrochar?
É preciso aprender a ouvir os sons delicados da natureza que, como poetisa inigualável, compõe poemas de beleza, a cada dia.
Ler com nosso filho o bailado das ondas do mar, enquanto sussurram segredos e cantam canções que desejamos decifrar.
Ler o céu azul no dia iluminado pelo sol e na luz prateada da lua, enquanto o manto estrelado da noite se estende pela Terra.
Contemplar os astros até onde alcancem nossos olhos, encantando-nos com o brilho de Vênus, da Via Láctea.
Aprender o nome das estrelas e a cada noite, abrir a janela para dizer :
-Boa noite, estrelinha.
Posso ver seu brilho outra vez.
Ler o linguajar do vento que despenteia as árvores, que sopra as flores miúdas e, por vezes, bate com força no telhado, dizendo:
-Olá, estou aqui. Está me ouvindo?
Sabe de onde venho? Sabe que andei por altas montanhas, por escuras florestas e por diversos países?
A leitura da natureza.
Que livro extraordinário, de tantos capítulos, de inumeráveis e infindáveis páginas.
Associemo-nos aos nossos pequenos e, juntos, ampliemos nosso conceito de leitura. Porque, conforme nos ensinou o Mestre dos mestres É preciso ter olhos de ver e ouvidos de ouvir.
Em verdade, ler é para todos os nossos sentidos, não somente para o nosso intelecto e nossos olhos. É também para o nosso tato, nosso olfato e nosso paladar.
Depois, aprenderemos a ler e ouvir com a alma, com o coração.
Iniciemos logo.
O Livro do Universo nos aguarda.
Redação do Momento Espírita, inspirado em entrevista de
Cezar Braga Said, concedida à Federação Espírita do Paraná,
em 1º de outubro de 2020, disponível no youtube.com/canalfep.
Em 2.12.2020.
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