quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

O LIVRO DO UNIVERSO

Quando nossos pequenos começam a aprender o significado dos sinais que compõem cada letra; quando aprendem a juntá-las formando as sílabas, que se transformam em frases, é momento de lhes apresentar o tesouro da literatura. 
A literatura, que tem início nos livros infantis, ricamente ilustrados, que verdadeiramente falam pelos detalhes das figuras quanto pelo conteúdo escrito. 
É uma fase encantadora ouvir os pequenos unindo as palavras, recitando os versos, tropeçando aqui ou ali, mas lendo. 
Quem pode descrever a maravilha da literatura que nos possibilita viajar pelo mundo inteiro, pelo reino da fantasia? 
A literatura, que nos permite entrar em uma nave espacial e, com a velocidade do pensamento, atravessar o Universo, estacionar em uma estrela, sentar ao lado dos personagens. 
Voa a imaginação porque à medida em que as frases vão sendo vencidas, os parágrafos devorados, nossa alma viaja, encantando-se com as aventuras, as descobertas que vão sendo reveladas. 
No entanto, existe um livro que, possivelmente, nem todos tenhamos aprendido a ler. 
Trata-se do Livro do Universo. 
Esse espaço imenso que começa no jardim de nossa casa, onde nossos filhos podem ler o passo da formiguinha, no seu trabalho incessante, em fila indiana, carregando alimento para seu abrigo. Uma folha, uma semente, nada menos do que até vinte vezes o seu próprio peso. 
Podem ler o jardim multicor, com seus perfumes variados, distinguir a rosa da margarida, do cravo, da orquídea, do jasmim, do lírio. 
Que diversidade surpreendente! 
Já imaginamos ouvir a grama crescer, a flor desabrochar? 
É preciso aprender a ouvir os sons delicados da natureza que, como poetisa inigualável, compõe poemas de beleza, a cada dia. 
Ler com nosso filho o bailado das ondas do mar, enquanto sussurram segredos e cantam canções que desejamos decifrar. 
Ler o céu azul no dia iluminado pelo sol e na luz prateada da lua, enquanto o manto estrelado da noite se estende pela Terra. 
Contemplar os astros até onde alcancem nossos olhos, encantando-nos com o brilho de Vênus, da Via Láctea. 
Aprender o nome das estrelas e a cada noite, abrir a janela para dizer :
-Boa noite, estrelinha. 
Posso ver seu brilho outra vez.
Ler o linguajar do vento que despenteia as árvores, que sopra as flores miúdas e, por vezes, bate com força no telhado, dizendo: 
-Olá, estou aqui. Está me ouvindo? Sabe de onde venho? Sabe que andei por altas montanhas, por escuras florestas e por diversos países? 
A leitura da natureza. 
Que livro extraordinário, de tantos capítulos, de inumeráveis e infindáveis páginas. 
Associemo-nos aos nossos pequenos e, juntos, ampliemos nosso conceito de leitura. Porque, conforme nos ensinou o Mestre dos mestres É preciso ter olhos de ver e ouvidos de ouvir. 
Em verdade, ler é para todos os nossos sentidos, não somente para o nosso intelecto e nossos olhos. É também para o nosso tato, nosso olfato e nosso paladar. 
Depois, aprenderemos a ler e ouvir com a alma, com o coração. 
Iniciemos logo. 
O Livro do Universo nos aguarda. 
Redação do Momento Espírita, inspirado em entrevista de Cezar Braga Said, concedida à Federação Espírita do Paraná, em 1º de outubro de 2020, disponível no youtube.com/canalfep
Em 2.12.2020.

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