quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

ANTE O NOVO ANO

Ao finalizar o ano 1900, muitos pensadores argumentavam que o raiar do Século XX marcaria o fim da fase religiosa da História. 
Mas cá estamos, no Século XXI e a mensagem do Cristo está bem viva e forte no pensamento e no coração de incontáveis pessoas. 
Voltaire, escritor francês do Século XVIII, imbuído desse espírito cristão, teve oportunidade de produzir excelentes peças de caráter religioso. 
Neste início de mais um ano, é importante revermos tais escritos que nos remetem a uma profunda fé em Deus. 
Exatamente aquele Deus que Jesus nos revelou como o Pai de todos nós. Um Pai que ama e por amor nos sustenta os dias. Deus de todos os seres, de todos os mundos, de todos os tempos. 
-Se é permitido a frágeis criaturas, não percebidas para o resto do Universo, atrever-se a Te pedir algo, a Ti, que tudo nos tens dado; A Ti, cujos decretos são imutáveis e eternos. Olha com piedade os erros de nossa natureza. Que esses erros não sejam calamidades. Afinal não nos deste o coração para nos aborrecer e as mãos para nos agredir. Faze com que nos ajudemos mutuamente a suportar o fardo de uma vida penosa e fugaz. Que as pequenas diferenças entre os trajes que cobrem nossos frágeis corpos, entre nossas insuficientes linguagens; entre nossos ridículos usos, entre nossas imperfeitas leis, entre nossas insensatas opiniões, entre nossas condições tão desproporcionadas aos nossos olhos e tão iguais diante de ti; que todos esses matizes, enfim, que distinguem os átomos chamados homens, não sejam sinais de ódio e de perseguição. Que aqueles que acendem velas em pleno meio-dia para Te celebrar, tolerem os que se contentam com a luz de Teu sol. Que os que cobrem seus trajes com tela branca para dizer que devemos amar, não detestem os que fazem o mesmo sob uma capa de lã negra. Que seja igual adorar-Te em dialeto formado de uma língua antiga e em uma recém-formada. Que todos os homens se recordem de que são irmãos! Se os açoites da guerra forem inevitáveis, dá-nos condições de não nos desesperarmos. Que não nos destrocemos uns aos outros em tempos de paz. Que empreguemos o instante de nossa existência em bendizer em milhares de idiomas, desde o Sião até a Califórnia, Tua bondade que nos concedeu este instante. 
* * * 
Originados da mesma fonte, amparados pelo mesmo Pai, todos os homens somos irmãos. Se as fronteiras nos dividem em países e nações, se os idiomas nos criam dificuldades de comunicação, se as distâncias nos impedem de nos entrelaçarmos, a vibração da fraternidade deve vigorar em nossos corações. Todos fomos criados por amor, somos filhos da Luz e destinados à luz. Por ora, e somente por agora, nos situamos em painéis diferentes. Mas um dia, além do corpo, transcorrido todo o caminho, todos chegaremos ao mesmo fim. 
A Casa do Pai. 
A perfeição. 
Redação do Momento Espírita com transcrição de versos da Prece da Tolerância, de Voltaire. 
Em 31.12.2020.

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