segunda-feira, 31 de agosto de 2020

FALAR COM MODERAÇÃO

Wallace Leal Rodrigues
Você conseguiria distinguir se uma carroça está rodando cheia ou vazia, mesmo sem poder vê-la? 
Essa foi a lição que o pai deu ao filho, numa tarde quente de verão, na tranquilidade da pequena fazenda. Ele convidou o pequeno para ir ao bosque a fim de escutarem juntos o canto dos pássaros, no silêncio da mata. Após ouvirem por longo tempo a sinfonia dos pássaros, dirigiram-se para uma clareira e o pai perguntou ao filho: 
-Você está ouvindo alguma coisa além do canto dos pássaros? 
O filho apurou os ouvidos e depois de alguns segundos respondeu:
-Estou ouvindo o barulho de uma carroça que deve estar descendo pela estrada. 
Isso mesmo, disse o pai. 
-É uma carroça vazia. 
-Mas como é que o senhor sabe que está vazia se não a podemos ver? 
Perguntou o garoto intrigado. 
-Ora, filho, é muito fácil saber que uma carroça está vazia, e sabe por quê? 
-Não, respondeu o filho. 
O pai apoiou a mão no ombro do menino, olhou bem nos seus olhos e disse: 
-Podemos identificar que uma carroça está vazia pelo barulho que ela faz. Quanto mais vazia, mais barulhenta é. 
O garoto, que certamente falava demais e sem pensar muito, logo entendeu a lição e jamais esqueceu que, quanto mais vazia, mais barulho faz a carroça. 
* * * 
A lição daquele pai, certamente, serve para muitos adultos que costumam falar e falar, sem se dar conta que suas palavras são vazias tanto quanto sua própria intimidade. 
Há pessoas que são barulhentas, falam alto, gesticulam muito, não deixam ninguém falar e acabam ficando sozinhas. Na ânsia de disfarçar o vazio da alma, fazem muito barulho exterior, infelicitando-se e infelicitando os que as cercam. 
A arte de bem falar ainda é pouco conhecida de muitos de nós. E falar bem nunca significou falar muito, pelo contrário, o poder de síntese é qualidade dos sábios. Falar pouco e dizer muito é coisa que poucos sabem fazer. Mas, falar muito e dizer pouco, é um fato comum. Quem fala demais e diz o que não deve, acaba escravizado pelas próprias palavras que, uma vez ditas, não podem mais ser apagadas. Mas, enquanto nós não as dizemos, são nossas prisioneiras e temos sobre elas total domínio. Dessa forma, antes de proferirmos palavras ao vento, lembremo-nos de que podemos ser identificados pelo nosso modo de falar e pela quantidade e a qualidade das nossas palavras. 
Vale a pena lembrar, ainda, que a faculdade da fala nos foi dada por Deus para construir e edificar, evoluir e promover o crescimento dos outros. 
* * * 
Uma palavra gentil é como uma flor, que exala perfume e balsamiza quem a ouve. Uma palavra fraternal é como um raio de sol, que ilumina e aquece quem dela necessita. Uma palavra cordial é como suave brisa capaz de pacificar corações e aquietar almas em convulsões. E as palavras do Cristo são rotas luminosas, pão de sustento, água refrescante, bálsamo bendito para incontáveis corações... 
Redação do Momento Espírita com base no cap. A carroça, do livro E, para o resto da vida..., de Wallace Leal Rodrigues, ed. O clarim. 
Em 24.05.2010.

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