segunda-feira, 10 de agosto de 2020

A FAGULHA E O INCÊNDIO

Nenhum Espírito hoje encarnado na Terra saiu recentemente das mãos do Criador. Todos trilharam um longo caminho para se construírem tal qual são na atualidade. Todo Espírito é criado simples e ignorante e gradualmente cresce em inteligência e moral. No curso de sua caminhada erra e acerta, vivencia paixões e desenvolve virtudes. O progresso é uma lei da vida e implica a impossibilidade de um Espírito regredir em sua evolução. Todo Espírito se encontra no ápice de suas virtudes e de sua inteligência. Contudo, por vezes impressiona a derrocada moral de algumas pessoas. Elas parecem levar uma vida honrada e, de repente, se permitem atos vergonhosos. Se um Espírito não pode regredir, como isso se explica? Na verdade, apesar do equilíbrio aparente, cada homem traz em si as marcas de seu passado. Paixões e vícios do pretérito dormem no íntimo da criatura. Porque não foram definitivamente superados, não se pode afirmar que a evolução quanto a eles se consolidou. Cada qual sabe o que constitui uma tentação para si. Alguns identificam, no próprio íntimo, a tendência à desonestidade material. Outros têm inclinação para leviandades sexuais. Há quem sinta um certo regozijo com a humilhação alheia. Essas são áreas críticas do processo evolutivo da criatura. Em relação a elas, urge exercitar a vigilância. O maior incêndio principia por uma simples fagulha. Em face da tentação, é importante evitar o primeiro passo rumo ao vício. Após começar a trilhar o antigo caminho, as tendências escondidas podem ressurgir fortes e dominadoras. É raro que uma pessoa de vida regrada decida repentinamente cometer uma grande loucura. Ela dá pequenos passos nessa direção e pouco a pouco seu caminhar ganha velocidade. Os escândalos mais vergonhosos são o desdobramento de pequenos deslizes que a pessoa imaginou irrelevantes. O que parece chocante aos olhos alheios é apenas o resultado de um longo processo. Uma vez despertadas as sombras íntimas, dominá-las pode se revelar uma tarefa árdua. Todo Espírito tem suas grandezas e suas misérias. Em dadas áreas, seu potencial no bem é incomum e sua força é manifesta. Em outras, ele possui flagrante fragilidade moral. Ciente disso, preste atenção em seu mundo íntimo. 
Enfatize seu potencial no bem, desenvolva-o, centre nele sua emoção e seus atos. Quanto a suas fissuras morais, cuide de fazê-las definhar, por falta de alimento. Não se permita a fagulha que principia o incêndio. Não imagine que sua felicidade depende de vivenciar paixões e tendências inferiores. A genuína felicidade é feita de paz, honradez e plenitude.
Pense nisso. 
Redação do Momento Espírita. 
Disponível no livro Momento Espírita, v. 8, ed. FEP. 
Em 5.3.2014.

Nenhum comentário:

Postar um comentário