Alexandre Rangel |
Depois de incansáveis anos de treinamento, um disciplinado aluno de artes marciais viu-se diante do mestre para receber a faixa preta.
-“Antes que lhe dê a faixa você terá de passar por um outro teste”, avisou o mestre.
-“Estou pronto.” Respondeu o aluno.
-“Você precisa responder a uma pergunta essencial. Qual é o verdadeiro significado da faixa preta?”
O jovem respirou fundo e disse:
-“Ela representa o fim de minha jornada. Será uma recompensa merecida por meu bom trabalho.”
O mestre esperou um pouco.
O jovem percebeu que o professor não estava satisfeito.
O silêncio que constrangia o jovem foi quebrado por novas palavras do mestre:
-“Você não está pronto para receber a faixa preta. Volte daqui um ano.”
Desapontado o aluno partiu.
Um ano depois, ajoelhou-se novamente na frente do mestre.
-“Qual é o verdadeiro significado da faixa preta?” – repetiu a pergunta o professor.
-“É o símbolo da excelência e o nível mais alto que se pode atingir em nossa arte”, respondeu o jovem.
O mestre permaneceu em silêncio.
O aluno percebeu que outra vez sua resposta não fora satisfatória.
Por fim, disse o professor:
-“Você ainda não está pronto para a faixa preta. Volte daqui a um ano.”
Resignado o aluno partiu.
Um ano depois voltou a ajoelhar-se diante do mestre.
Mais uma vez foi-lhe feita a pergunta:
“Qual é o verdadeiro significado da faixa preta?”
O aluno respirou fundo e respondeu:
-“A faixa preta representa o começo. É o início de uma jornada sem fim de disciplina, trabalho e busca por um padrão cada vez mais alto.”
O mestre sorriu e disse:
-“Agora você está pronto para receber a faixa preta e iniciar o seu trabalho.”
Estamos a caminho.
Muito já percorremos.
Muito já foi vencido.
Quando olhamos para trás vemos os vales extensos.
Os rios de correnteza inclemente.
Os desfiladeiros traiçoeiros.
Pântanos sombrios.
São paisagens passadas.
Situações superadas.
Também havia na jornada campos floridos.
Praias de areia alva.
Árvores frondosas a oferecer-nos sombra e abrigo.
São paisagens passadas.
Momentos que nos enchem de saudade.
Estamos a caminho.
Quando olhamos para frente vemos cenários novos.
Grandes surpresas nos aguardam nas curvas das estradas.
Grandes dores também esperam por nós.
São tantas as trilhas que se apresentam.
Cada qual com uma característica especial.
Algumas prometem facilidades e alegrias fugazes.
Escondem armadilhas em recantos com aparência inofensiva.
Outras mostram-se árduas desde o início, mas compensam os viajantes persistentes com vastos oásis de consolo e amparo.
Cada estrada apresenta riscos e prêmios.
Todas, porém, levam a um destino único.
O tempo de viagem depende da disposição de cada peregrino.
Há muito a percorrer.
Estamos, ainda, a caminho.
Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no livro As mais belas parábolas de todos os tempos, vol. II, pp. 262/263, Editora Leitura, 4ª edição, organizado por Alexandre Rangel.
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