sexta-feira, 14 de agosto de 2020

CASCATA DO BEM

Comenta-se que gentileza gera gentileza e que os exemplos, mais do que as palavras, arrastam, convencem outros a reproduzi-los. Assim nos ensinou o Mestre Jesus, que exemplificou a sublimidade do amor. Aquela jovem recebeu um livro de presente, e de tudo o que leu, o que a marcou foram, especialmente, as considerações a respeito da gentileza. O autor, entre outras coisas, indagava em certo capítulo: 
-Você já pensou, alguma vez, em fazer algo diferente? Que tal pagar o pedágio para o carro que está atrás do seu? 
As semanas se sucederam e, fazendo uma viagem, enquanto aguardava, na fila do pedágio, ela se recordou daquele desafio. Resolveu experimentar. Atrás do seu carro, estava uma caminhonete e um senhor ao volante. Ela se dirigiu a ele e lhe disse: 
-Olhe, seu pedágio está pago. Já providenciei. Boa viagem. 
O motorista ficou parado, sem reação. Pouco depois, na estrada, ela foi alcançada por aquele veículo, que acabou emparelhando com o seu. O sexagenário lhe pediu para fornecer o número de seu telefone e sinalizou que havia anotado na memória. Meses se passaram. Ela recebeu uma ligação. Era aquele motorista, Mário. Disse que resolvera lhe telefonar para narrar algo surpreendente. Contou que, estando no pedágio, resolvera reprisar o gesto dela. Olhou e viu que atrás do seu carro, havia uma Kombi, com um casal. Foi até eles, disse o que fizera e desejou seguissem viagem, em paz. Para seu espanto, marido e mulher começaram a chorar. Disseram que estavam a caminho de São Paulo, para tentar conseguir um emprego. Haviam deixado na Bahia seus cinco filhos. Durante toda a viagem, vinham rogando a Deus que permitisse que eles conseguissem algo que lhes permitisse manter a família, e uni-los de novo. Então, o senhor Mário abriu um sorriso e falou: 
-Amigo, eu sou mestre de obras. Considere-se empregado. 
E, ali mesmo, ajustaram detalhes. Uma vida transformada. Sete bocas que passaram a ter uma alimentação, sete corpos que passaram a ter um teto para abrigá-los. Tudo por causa de um simples ato de gentileza.
* * * 
O que você está pensando agora? Que tudo não passa de uma grande coincidência? Será mesmo? O que fez que, justamente naquele dia, naquele momento, se lembrasse Mário de repetir o gesto recebido tanto tempo antes? 
Em verdade, Deus é um grande promotor de coincidências. Dessas que salvam vidas, que espalham esperança. Ele se serve de pessoas que têm o coração aberto a fazer um gesto, pequeno que seja, em favor do outro. E gentileza não somente gera gentileza. Ela transforma panoramas de tristeza em esperança, lágrimas em sorrisos. 
Gandhi afirmava que se um único homem atingisse a plenitude do amor, neutralizaria o ódio de milhões. 
Tudo começa com algo simples. Uma gentileza. Um favor. Uma delicadeza. E o bem jorra como uma cascata, dessas que se lançam de grandes alturas, em beleza sem par, criando aquela névoa fina, embelezando a paisagem ao redor. Antes mesmo de alcançar o seu destino, lá embaixo, ela já beneficiou outros pelo caminho. 
Cascata do bem. 
Sejamos as gotas que a compõem, pequenas, generosas, importantes.
Redação do Momento Espírita, com base em depoimento colhido na internet. 
Em 14.8.2020.

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