segunda-feira, 13 de abril de 2020

EU VIVO!

Andrey Cechelero
Eu vivo a despertar o que ainda dorme; a fazer dormir o que não mais faz parte. Vivo a vislumbrar o que agora é norte. Este é meu trabalho, esta é minha arte. Eu vivo como quem quer renovar um mergulho novo em novo mar. Vivo sempre, aqui ou acolá. Eu vivo mesmo sem estar na presença clara de um olhar. Vivo sempre, aqui ou acolá. 
Eu... vivo. 
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Somos uma bela obra em desenvolvimento - cada um de nós. Imaginemos um bloco do mais nobre mármore da Terra. A pedra bruta possui em si toda riqueza, todas as características que farão dela um dia uma bela escultura. Mesmo no bloco disforme se veem os veios, as cores, as linhas e curvas que brincam, aparentemente, sem direção ou sentido, fazendo desenhos multiformes. Assim fomos criados. Todos temos a riqueza do mármore e a potencial estátua bela dentro de nós. O que as vidas fazem conosco e o que devemos fazer com nossas vidas? Apenas retirar a rocha excedente, esculpir, embelezar, aformosear. Despertar o que ainda dorme é apenas fazer aparecer a forma graciosa que está debaixo do bloco inerte. Livrar-nos de nossas imperfeições, é apenas deixar de lado os restos da pedra excedente, que não nos serve mais. E assim vamos nos modelando ao longo das eras, vamos nos conhecendo, uma vez que esse processo é também um mergulho para dentro de nossa essência imortal. Conforme vamos descobrindo as novas e belas formas interiores, sempre mais harmônicas, elas nos vão fazendo sentido, vamos enxergando algo compreensível e nos aproximando do belo. Nesse processo, vamos nos apreciando, vamos nos tornando mais próximos do que um dia será um amor imenso, que precisará ser compartilhado com outros. Por vezes o que nos talhará a alma será a dor. O procedimento nos parecerá duro, difícil de compreender, num primeiro instante, visto a olhos pequenos. Entretanto, ainda fará parte do mesmo mecanismo do cinzelar para extrair o belo interior. O desafio dos dias será, então, olharmos para a obra que se tornou melhor, ao invés de lamentarmos, incansavelmente, pelo cinzel que machuca. Assim, viver é despertar o que ainda dorme, o Davi de Michelângelo, a Vênus de Milo de Antioquia, o Pensador de Rodin, o David de bronze de Donatello. Somos todos arte em progresso, obras do grande autor, vivos sempre, vivos em qualquer lugar. Somos os seres inteligentes da Criação, que necessitamos utilizar a inteligência para desenvolver a moralidade; que necessitamos mergulhar para dentro de nós mesmos e realizarmos o melhor manejo da nossa vida. Vivemos ora aqui, no plano terrestre, ora acolá, no plano espiritual, e esses dois planos se misturam, se entrelaçam, se relacionam, pois tudo é um mundo só: o Universo. 
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Eu vivo a despertar o que ainda dorme; a fazer dormir o que não mais faz parte. Vivo a vislumbrar o que agora é norte. Este é meu trabalho, esta é minha arte. 
Redação do Momento Espírita, com base no poema Eu vivo, de Andrey Cechelero. 
Em 11.12.2017

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