JOANA DE ÂNGELIS E DIVALDO PEREIRA FRANCO |
Ela tinha apenas quatro anos quando, atravessando uma rodovia, foi atropelada por um caminhão.
O irmãozinho, que com ela estava, morreu. Ela ficou no hospital por dias, semanas, meses.
Ninguém a veio reclamar. E Cota acabou ficando ali, no hospital. Ensinaram-lhe o que ela podia assimilar e, com o tempo, passou a auxiliar em alguns serviços.
Passaram-se mais de sessenta anos. Sem família, sem lar. Nunca soube o que era chamar alguém de mãe, de irmão.
Então, uma funcionária, recém contratada, em determinada entidade hospitalar, a conheceu e dela se compadeceu.
As informações eram de que, naqueles dias, a administração hospitalar procurava um lar provisório para aquela senhora. A ideia seria, na sequência, encontrar lugar apropriado, que lhe pudesse oferecer amparo.
Gláucia, a funcionária, se dispôs a levá-la para casa. Afinal, seria por pouco tempo.
Mas, o pouco se transformou em meses, que foram se somando e somando...
Afinal, Gláucia entendeu que aquela senhora não sairia de seu lar. Então, tomou certas providências.
Primeiro, conseguir uma certidão de nascimento. Depois, entrar com um pedido de adoção.
Estranhamente, descobriu que ela, com pouco mais de trinta anos, não poderia, de forma alguma, adotar uma idosa de setenta anos.
Legalmente, o que conseguiu foi algo como uma autorização para que Cota resida com ela.
Cota tem a mentalidade de uma criança. Uma criança que viveu em instituição muitas décadas e trazia hábitos ruins, exigindo esforço redobrado de Gláucia para reeducá-la.
O que surpreende nessa senhora é que passou a utilizar a palavra mágica mãe, com toda alegria.
Ante qualquer dificuldade, como qualquer criança, chama pela mãe, Gláucia.
Mãe - quem a cercou de carinho e a protegeu. Quem lhe ofereceu um lar.
Quem a ensinou que o amor existe, acima e além dos laços de sangue.
Um anjo que chegou em sua vida. Que razões terá Deus para ter unido essas criaturas? Somente Ele o sabe.
O que nós, os que as contemplamos, percebemos é que ali existe amor.
Uma jovem se torna mãe de uma idosa. Algo inusitado realmente.
Normalmente, nos tornamos mães e pais de crianças, desde o berço. Ou as acolhemos, depois de terem vivido alguns anos.
Quem adota, sempre tem uma cota de amor, de abnegação. Mãe de adoção é uma alma que sustenta outra alma. Vida que ampara outra vida.
Uma mulher extraordinária que dá tudo quanto o amor pode oferecer e diz, com todas as letras e com todos os gestos, que a maternidade do coração é muito mais vigorosa do que a do corpo.
Deus abençoe a todos os corações que se abrem para acolher os filhos da carne alheia, de raças diferentes, de idades diversas.
Se bem pensarmos podemos nos considerar todos filhos adotivos uns dos outros, pelo corpo ou sem ele. Isso porque a paternidade verdadeira é uma só. Procede de Deus, o Genitor Divino que nos criou para a glória eterna.
Que extraordinária missão dos que nos acolhem, filhos da alma, filhos da carne.
Deus abençoe os nossos pais, estejam conosco ou já tenham se transferido para a Espiritualidade.
Gratidão por seu amor.
Redação do Momento Espírita, com transcrição de frases do cap. Filhos adotivos,
do livro S.O.S. Família, pelos Espíritos Joanna de Ângelis e outros Espíritos,
psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL.
Em 30.4.2020.
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