domingo, 15 de dezembro de 2019

A ESPERANÇA VIVA

ALLAN KARDEC
Meu nome é esperança... 
Sorrio para você desde a sua entrada na vida... 
Sigo-lhe os passos e não o deixo senão nos mundos onde se realizam as promessas de felicidade, incessantemente murmuradas aos seus ouvidos. 
Sou sua fiel amiga. Não repila minhas inspirações... 
Eu sou a esperança. 
Sou eu que canto através do rouxinol e que solto aos ecos das florestas essas notas lamentosas e cadenciadas que o fazem sonhar com o céu... 
Sou eu que inspiro à andorinha o desejo de aquecer seus amores no abrigo seguro da sua morada... 
Brinco na brisa ligeira que acaricia os seus cabelos e espalho aos seus pés o suave perfume das flores dos canteiros... ...e você quase não pensa nessa amiga tão devotada! 
Não me despreze: sou a esperança! Tomo todas as formas para me aproximar de você... 
Sou a estrela que brilha no azul e o quente raio de sol que o vivifica... 
Embalo as suas noites com sonhos ridentes e expulso, para longe, as negras preocupações e os pensamentos sombrios. Guio seus passos para o caminho da virtude e o acompanho nas visitas aos pobres, aos aflitos, aos moribundos e lhe inspiro palavras afetuosas e consoladoras. Não me esqueça...  
Eu sou a esperança! 
Sou eu que, no inverno, faço crescer, na casca dos carvalhos, o musgo espesso com que os passarinhos fazem seus ninhos. 
Sou eu que, na primavera, coroo a macieira e a amendoeira de flores rosas e brancas e as espalho sobre a terra como um sopro celeste, que o faz aspirar a mundos mais felizes. Estou com você, principalmente quando é pobre e sofredor, e minha voz ressoa incessantemente aos seus ouvidos. Não me despreze... 
Eu sou a esperança. 
Não me repila, porque o anjo do desespero faz guerra encarniçada e se esforça para, junto de você, tomar o meu lugar. Nem sempre sou a mais forte. E quando o desespero consegue me afastar, envolve-o com suas asas fúnebres, desvia os seus pensamentos de Deus e o conduz ao suicídio. Una-se a mim para afastar sua desastrosa influência e deixe-se embalar docemente em meus braços... 
Porque eu sou a esperança...
 * * * 
Um dia, um Espírito Sublime abandonou um jardim de estrelas para nascer na Terra e depositar nas almas as gemas preciosas da esperança... E, nestes dias de inquietação e desassossego, Jesus continua sendo a esperança que reergue os Espíritos e a paz que penetra os corações. Ainda hoje, o Mestre de Nazaré é a grande esperança que Se tornou realidade. 
Redação do Momento Espírita com base no artigo A esperança, da Revista Espírita de fevereiro de 1862, de Allan Kardec. 
Em 07.12.2009.

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