sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

VOZES DOS IMORTAIS

AMÉLIA RODRIGUES
O Espírito Amélia Rodrigues, em seu Poema da gratidão, diz que quem ouve a voz dos imortais não esquece nunca mais. Reflexionando sobre a preciosa afirmativa, ficamos a cogitar como será ouvir a voz dos celestes mensageiros. Narra-nos o Evangelista Lucas que, em certa noite, havia, na região da Judeia, alguns pastores que pernoitavam no campo, realizando a vigília noturna do seu rebanho. E deles se aproximou um anjo, a glória do Senhor iluminou ao redor deles, enchendo-os de grande temor. E o anjo assim lhes falou: 
-Não tenhais medo! Eis que vos trago boas-novas de grande alegria, que será para todo o povo. Nasceu para vós, hoje, um Salvador, que é o Cristo Senhor, na cidade de Davi. Este é o sinal para vós: encontrareis um recém-nascido enfaixado e deitado numa manjedoura. 
Logo, juntou-se ao anjo uma multidão do exército do céu, louvando a Deus e dizendo: 
-Glória a Deus nas alturas, paz sobre a Terra, boa vontade para com os homens. 
Que momento extraordinário! O Senhor das estrelas nasce entre os homens e o Pai Celestial envia um coro celeste para lhe anunciar a chegada. 
 * * *
Ao longo dos séculos, os homens, debruçando-se sobre este belo texto que nos fala daquele anúncio jamais igualado, imaginaram como terá sido o cântico celeste. E o tentaram reproduzir. De todas as versões, possivelmente a que melhor traduza a emoção e a grandeza da excelsa notícia, nos campos da Judeia, seja o Adeste Fideles. Os versos dizem mais ou menos assim: 
Venham todos, ó fiéis. 
Alegres, triunfantes. 
Vinde, vinde a Belém. 
Vejam o recém-nascido, o Rei dos anjos. 
Vinde, adoremos o Senhor. 
Cante agora o coro dos anjos. 
Cante agora a assembleia dos coros celestiais. 
Glória, glória a Deus, no alto dos céus. 
Vinde, adoremos o Senhor. 
Portanto, aquele que nasceu no dia de hoje: 
Jesus, a ti seja a glória do Pai eterno. 
A palavra se fez carne. 
Vinde, adoremos o Senhor. 
Alguns consideram que essa versão seria da autoria do rei português D. João IV, mecenas das artes, pelos idos de 1640. O que se sabe é que a música foi executada, em 1797, na embaixada portuguesa, em Londres. O que importa é que, produto de homens inspirados pelos mensageiros espirituais, interpretada pelas vozes privilegiadas de variadas épocas, sempre conduz à profunda emoção. É como se reprisássemos aqueles momentos extraordinários em que o Celeste Amigo veio estar conosco e os coros celestiais lhe anunciaram a chegada. E, se nos emocionamos tanto com as vozes humanas, ficamos a pensar como serão as vozes espirituais, os coros dos anjos. Sim, tem razão Amélia Rodrigues: quem os escutar, não os poderá jamais esquecer. Ficarão indelevelmente registrados na acústica da alma, elevando-a a planos superiores. E isso tudo nos remete a dizer: Jesus, como temos saudades de ti. Como desejamos reprisar momentos evangélicos, como sentimos Tua falta. E oramos: 
-Vem, Jesus, vem amenizar nossa saudade. Permite-nos ouvir de novo as vozes imortais, embala-nos na Tua paz. Desejamos estar Contigo e nos sentimos tão distantes. Vem, Jesus, vem até nós. Como os discípulos, na entrada da cidade de Emaús, observamos o entardecer das nossas vidas e dizemos: 
-“Permanece conosco, porque está para anoitecer e o dia já declinou.” Dá-nos a alegria da Tua presença em nossas vidas. 
Redação do Momento Espírita, com citações do Evangelho de Lucas, cap. 2, versículos 8 a 14 e cap. 24, versículo 29. Disponível no CD Momento Espírita, v. 25, ed. FEP. 
Em 20.12.2019

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