Olá!
Você passa por mim muitas vezes, e quase nunca me vê.
Mas eu entendo e continuo sorrindo, em busca de alguém que me note...
Poucos me notam. Poucos mesmo!
Talvez seja porque quase sempre eu estou bem abaixo da linha dos olhares.
Ah! Mas como é bom quando meu olhar encontra outro olhar!
É tão bom quando sinto que alguém me notou. Isso é fantástico!...
Talvez você pense que eu não tenho nada a dizer, pois ainda não sei articular as palavras, mas eu falo com você, mesmo que você não me ouça...
Eu falo com o olhar, embora poucos atentem para os meus olhos brilhantes, e muitos não os entendam...
Também falo com o sorriso, que é minha marca registrada.
É claro que eu noto as nuvens carregadas que às vezes turvam o seu olhar e o impedem de sorrir...
Noto que você tem medos escondidos, e muitas preocupações.
Mas eu vejo o mundo pelos olhos da esperança... Pois eu sou a esperança e estou aqui justamente para lhe dizer que essas nuvens vão passar... Elas sempre passam. É só uma questão de tempo.
Ah, o tempo! Eu tenho muito tempo para observar o Mundo deste ponto de vista em que me encontro, um pouco acima do chão...
Talvez quando meu olhar estiver à altura do seu, eu tenha outra visão do Mundo, mas isso depende mais de você do que de mim...
Sim, depende muito mais de você!
E sabe por quê? Porque eu sou apenas um bebê.
Sou um bebê e hoje observo o Mundo daqui de baixo, sentado no meu carrinho, que alguém empurra para mim.
Quando não estou no carrinho, estou no colo de meus pais, amigos ou familiares, e é então que tenho uma visão mais abrangente das coisas que me rodeiam.
Às vezes também sou carregado como um saco de batatas, pelos irmãos ou primos um pouco mais velhos que eu...
Ufa! Isso nem sempre é confortável...
Enfim, tudo faz parte dessa minha trajetória de bebê.
Bem, mas o que eu queria dizer, mesmo sem falar, é que preciso muito que você preste atenção nos meus apelos silenciosos...
Eu não desejo muito, apenas gostaria de poder viver num Mundo justo, seguro, onde as pessoas se importassem umas com as outras...
Onde não houvesse violência, pois tenho medo de nunca chegar a ser grande e poder olhar o Mundo daí de cima.
Queria que nunca me faltasse um lar, nem comida, nem escola, e nem remédio se eu ficar doente. E isso também quero para todos os outros bebês, meus contemporâneos.
Será que isso é possível?
Será que posso esperar que você ouça os meus apelos, e construa um Mundo melhor, sem corrupção, sem desamor, sem essa indiferença que assusta?
E não assusta só os bebês, não. Tem muita gente grande assustada por aí. Eu noto isso nos olhares.
Você sabe que eu sou a esperança do amanhã?
Por isso eu vejo o Mundo com esse olhar despreocupado, cabeça apoiada num ombro seguro, observando o Mundo que fica para trás...
Sim, eu quero que todas as coisas ruins fiquem para trás. E que a roda do tempo gire devagar... Eu não tenho pressa.
Desejo que enquanto eu estiver crescendo você esteja construindo um Mundo novo e bom para mim...
Enquanto isso, eu sigo em frente, com a cabeça apoiada no travesseiro macio do meu carrinho, ou no ombro seguro de um adulto...
Às vezes você vai notar meu rostinho miúdo, com ares de sono, e perceberá que essa é a tranqüilidade de um bebê que confia no amanhã...
Outras vezes notará que estou atento a tudo, principalmente quando passeio nos shoppings ou nas ruas movimentadas.
E agora que você já sabe que eu sou a esperança, quando me encontrar por aí preste atenção em mim...
E se notar que meu olhar está sem brilho, sorria.
Sorria para mim, e eu entenderei que você está dizendo sim. Sim para todos os meus apelos...
Porque eu, bebê, sou a esperança que começa a florir, desde agora, no seu caminho...
Redação do Momento Espírita.
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