Nas terras distantes do Paquistão, há muitos anos, vivia um honrado mercador, chamado Krivá. Viúvo, tinha apenas um filho de nome Samuya.
Krivá gozava de prestígio na comunidade, enquanto seu filho era preguiçoso e de péssimo comportamento.
Rara era a semana em que ele não praticava uma desordem, desgostando o coração de seu pai.
Certo dia, Krivá chamou o filho para uma conversa e lhe disse ter conhecimento de seus vícios e equívocos.
Por essa razão, decidira deserdá-lo, uma vez que a fortuna seria dilapidada em festas e orgias quando chegasse em suas mãos.
Diante do espanto que invadiu o filho, Krivá acrescentou que lhe oferecia uma última oportunidade para continuar sendo seu herdeiro.
Ele teria que conseguir, com o seu próprio trabalho, no prazo de três dias, uma rúpia, a moeda corrente.
Se assim agisse, seria o único herdeiro de tudo. No entanto, se falhasse, depois da morte do pai, seria atirado à miséria e à indigência.
Samuya ficou apreensivo. Conhecendo seu pai como um homem de palavra, teve certeza de que ele cumpriria a promessa.
Seus amigos, tão equivocados quanto ele mesmo, sugeriram que ele mentisse. Eles lhe emprestariam uma rúpia, que poderia apresentar ao pai como a tendo conquistado pelo seu esforço.
No dia seguinte, assim fez Samuya.
Após segurar a moeda, por alguns instantes, Krivá disse que ela não havia sido ganha com trabalho. E a lançou ao fogo.
Esmagado pela verdade, o filho se retirou em silêncio.
No dia seguinte, novamente orientado pelos companheiros de vícios, Samuya apresentou-se sujo e mal vestido, fingindo ter trabalhado e entregou ao pai uma rúpia, emprestada por eles.
Outra vez Krivá disse que aquela moeda não havia sido fruto do trabalho e a atirou ao fogo.
Samuya não protestou. Humilhado, retirou-se.
Na manhã seguinte, consciente de que havia errado por duas vezes, fugiu da companhia dos amigos e decidiu procurar trabalho.
No período da manhã, amassou barro para um oleiro. À tarde conseguiu ocupação no mercado, vendendo ervas aromáticas e, depois, junto ao rio, auxiliou no transporte de pessoas, remando por várias horas.
Ao final do dia, muito cansado, levou ao pai a primeira rúpia que conseguira trabalhando duramente.
Mais importante, porém, do que a moeda era o bem-estar que sentia no íntimo, satisfeito com seu próprio esforço e com a mudança de conduta que percebia em si mesmo.
Porém, ouviu de novo que não era fruto de seu trabalho. Então, Samuya protestou em altas vozes.
O velho pai sorriu e disse que isso era a prova de que a moeda era fruto do seu trabalho porque, nas vezes anteriores, ele nada havia dito.
Agora, ele protestara, porque aprendera que o dinheiro ganho com o próprio trabalho não deve ser atirado, como palha sem valor, ao fogo do desperdício.
* * *
O trabalho honrado enobrece a criatura humana.
Graças ao trabalho, o homem pode servir à família, aos amigos e à sociedade.
Redação do Momento Espírita, com base em
conto do livro Novas lendas orientais, de
Malba Tahan, ed. Record.
Em 13.8.2019.
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