Em determinada passagem do Evangelho, Jesus afirma serem os escândalos necessários no mundo, mas Ai de quem os provoca.
No sentido vulgar do termo, escândalo significa evento ruidoso, que causa alvoroço ou estrépito.
Nessa linha, o problema residiria não no conteúdo da conduta, mas na sua repercussão.
Desde que uma ação má não gerasse alarde, não haveria maiores problemas.
Ocorre que esse sentido valoriza as aparências e a hipocrisia, em franco desacordo com as lições do Cristo.
Jesus afirmou, ao tratar do adultério, por exemplo, que o mero pensar com impureza já era condenável.
Que se dirá então de ações francamente nefastas, apenas cometidas na surdina?
Parece possível interpretar a palavra escândalo, na acepção evangélica, como tudo o que causa tropeço ou embaraço nos caminhos próprio ou alheio.
Tudo o que resulta dos vícios e imperfeições humanas, tudo o que viola os deveres de pureza e fraternidade, isso é um escândalo perante as Leis Divinas.
Mas qual a razão para os escândalos serem necessários?
O cerne da questão reside na evolução ainda incipiente dos habitantes da Terra, mormente no que diz respeito à moral.
O planeta, ainda por um tempo, será morada de Espíritos rebeldes às Leis Divinas.
Mais do que em decorrência das condições materiais da Terra, a vida aqui é difícil por conta dos nossos inúmeros vícios.
Violência, corrupção, promiscuidade, tudo isso gera infelicidade e transtornos.
Muitos são os escândalos produzidos diariamente pelos homens, em sua imperfeição.
Salvo o caso das almas missionárias, os Espíritos radicados na Terra têm afinidade de sentimentos e valores, em maior e menor grau.
O contato recíproco de criaturas viciosas tem variados efeitos.
Ele provoca inevitável sofrimento pelo contínuo entrechoque de interesses.
É cansativo defender-se cotidianamente da maldade alheia e conviver com esperteza e deslealdade.
Esse contato também propicia o acertamento de dívidas cósmicas.
No longo processo de aprendizado da vida, o Espírito comete equívocos que precisa reparar.
Ele necessita acertar-se com sua consciência, a fim de habilitar-se para estágios superiores da vida imortal.
Também precisa adquirir paciência e generosidade e isso apenas se consegue perante criaturas falhas.
Afinal, os anjos não desafiam a paciência de ninguém e nem necessitam de favores ou clemência.
Finalmente, o contato com o vício faz com que os homens lentamente se desgostem dele.
O espetáculo das baixezas humanas é triste. Com o transcorrer do tempo faz surgir o ideal de vivências diferentes, plenas de pureza e compaixão.
Assim, nos estágios ainda inferiores da vida moral, o escândalo é infelizmente necessário.
Mas ai do escandaloso, pois responde por todo o mal que causa, ainda que deste surja indiretamente o bem.
Quando os homens se depurarem, o escândalo se tornará desnecessário e desaparecerá.
Eventuais acertos com a justiça cósmica se processarão na forma de efetivo trabalho no bem, a consubstanciar o amor que cobre a multidão de pecados, no dizer evangélico.
Assim, para alcançar a libertação de injunções dolorosas, cuide para não causar escândalo.
Se alguém lhe fizer o mal, saiba que o verdadeiro prejudicado é o escandaloso.
Ele desafia as Leis Divinas e desencadeia graves consequências na própria vida.
Quanto a você, perdoe e siga adiante.
Redação do Momento Espírita.
Em 3.2.2018.
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