As
chuvas dos olhos
Chove.
Na
fonte das águas, chove.
Na
fronte das lágrimas do pretérito calado.
Lavando
a chuva dos olhos cansados.
Chovendo
nos mares, nos mares amados.
* *
*
Há quanto tempo você não chora?
Há quanto tempo seus olhos não são
inundados por lágrimas, por essas pequenas gotas que parecem nascer em
nosso coração? Há quanto tempo?
Assim como o fenômeno natural da
precipitação atmosférica, a chuva, realiza o trabalho de purificar a terra,
a água e o ar, também nossas lágrimas têm tal função.
A de limpar nosso íntimo, a de
externar nossas emoções, sejam elas de alegria ou de pesar.
Precisamos aprender a expressar
nossos sentimentos.
Nossa cultura possui conceitos
arraigados, como o de que homem não
chora, ou que é feio chorar,
que surgem em nossas vidas desde quando crianças, na educação familiar, e
acabam por internalizarem-se em nossa alma, continuando a apresentar
manifestações na vida adulta.
Sejamos homens ou mulheres na Terra,
saibamos que todos rumamos para a busca da sensibilidade, do
auto-descobrimento e da expressão de nossos sentimentos.
Tudo que deixarmos guardado virá à
tona, cedo ou tarde.
Se forem bons os sentimentos
contidos, estaremos perdendo uma oportunidade valiosa de trazê-los ao
mundo, melhorando nossas relações com o próximo e conosco mesmo.
Se forem sentimentos
desequilibrados, estaremos perdendo a chance de encará-los, de analisá-los
e de tomar providências para que possam ser erradicados de nosso interior.
As barreiras que nos impedem de nos
emocionarmos, de chorar são, muitas vezes, as mesmas que nos fazem pessoas
fechadas e retraídas.
Barreiras que carecemos romper para
que nossos dias possam ser mais leves, mais limpos, como a atmosfera que
recebe a água da chuva e nela encontra sua purificação.
As chuvas dos olhos fazem um bem
muito grande.
Desabafar, colocar para fora o que
angustia nosso íntimo ou o que lhe dá alegria é um exercício precioso. Um
hábito salutar.
Dizer a alguém o quanto o amamos,
quando esse sentimento surgir em nosso coração – mesmo sem um motivo
especial -, será sempre uma forma de fortalecimento de laços.
De construção de uma união mais
feliz e, principalmente, um recurso para elevarmos nossa autoestima, nosso
auto-amor.
* *
*
Deus nos concedeu a chuva para regar
os campos, para tornar mais puro o ar.
Também nos presenteou com as
lágrimas para que as nossas paisagens íntimas pudessem ser regadas e para
que os ares do Espírito encontrassem a pureza.
Redação do Momento Espírita.
Disponível no CD Momento Espírita v. 12
e no livro Momento Espírita, v. 6, ed. FEP.
Em 5.11.2018.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário