sábado, 3 de novembro de 2018

ARRUMAR A MALA

Ricardo Ribeiro
Estradas, atalhos, caminhos que sempre convidam para caminhar... É bom arrumar sempre a mala e deixá-la na sala, perto do sofá. A dor de quem parte é a dor de ver o seu amor esperando no cais; a dor de quem fica é a dor de ver o seu amor acenando pra trás... 
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Nos versos do compositor encontramos algumas verdades que nos convidam a pensar sobre esse assunto tão importante para todos nós, que é a morte. Sim, inevitavelmente, chegará a hora da partida. E como ninguém sabe o momento em que terá que partir, é importante deixar a mala sempre bem arrumada, para não ter do que se lamentar depois. Mas, afinal, o que significa arrumar a mala? Certamente não levaremos roupas, joias, livros, dinheiro e outras coisas materiais. Então, o que arrumar? Talvez fosse interessante começar pelos relacionamentos, compromissos e deveres. Nesse sentido, arrumar a mala é arrumar a vida espiritual. Como estão os compromissos assumidos? Estamos dando conta de todos, ou tem muita coisa pendente? E nossos relacionamentos, como vão? Alguém guarda mágoa de nós? Não importa se com ou sem razão, vale a pena desfazer esse nó. Sentimos ódio de alguém? Aproveitemos o momento e resolvamos isso. Não deixemos essa pendência nos tirar a paz. Se tivermos que partir de repente, isso estará solucionado, e nossa mala estará mais leve. Como estamos com relação aos estudos? Temos aproveitado os dias para iluminar a razão? Enquanto temos tempo, usemo-lo para adicionar a riqueza do conhecimento à nossa bagagem. O conhecimento jamais se perde e poderemos fazer uso dele a qualquer momento. E o relacionamento com os filhos, pais, irmãos, amigos, vai bem? Não ficará nenhum abraço a ser dado, nenhum pedido de desculpas pendente, nenhuma atenção desconsiderada? As pendências não permitem que a mala se feche adequadamente, e isso pode causar sofrimentos para os que estamos partindo e os que permanecemos por aqui. E a saúde, como está? Temos cuidado do nosso veículo físico de forma apropriada? Não permitamos que o descuido nos retire do corpo antes do tempo. Isso nos traria sérios desconfortos. Assim, arrumar a mala quer dizer retirar da bagagem espiritual as mágoas, os rancores, a inveja, os ciúmes, os ódios e outros detritos que pesam sobre a economia moral. É buscar resolver todas as questões que nos tiram a paz. É desenvolver laços de verdadeira fraternidade com aqueles que nos rodeiam. Os sentimentos infelizes que agasalhamos na alma, contra alguém, nos vinculam a esse alguém, nesta vida ou no além, nos perturbando e nos infelicitando. Já os conhecimentos, as virtudes e os laços de afeto são excelentes contribuições para a conquista da felicidade. Consideremos que o simples fato de viajar para o mundo espiritual não nos liberta das nossas mazelas e não nos retira as virtudes conquistadas. Somos, aqui ou no além-túmulo, herdeiros de nós mesmos. Por isso é de suma importância termos a devida atenção para com a nossa bagagem espiritual. 
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Viver com sabedoria é não deixar o que pode ser resolvido hoje para depois, num amanhã que poderá não chegar. Pensemos nisso, e procuremos deixar a nossa mala sempre em ordem, para o caso de precisar partir sem ao menos dizer até logo... 
Redação do Momento Espírita, com versos da canção Estrela do coração, de Ricardo Ribeiro, do CD Viajores do tempo. 
Em 2.11.2018.

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