sexta-feira, 31 de março de 2017

O CONFORTO DOS AFETOS

Ele era um neurocirurgião famoso. Naquela tarde, a sua preocupação era com a cirurgia que realizaria logo mais. O telefone tocou e ele não pôde se furtar a atender. Era uma senhora chamada Suzana, cujo marido morrera, depois de um ano e meio da descoberta de um tumor cerebral. Agora era sua filha quem estava doente, com metástases cerebrais decorrentes de um câncer de mama.
-Doutor, disse a mulher, quase atropelando as palavras, minha filha teve um sonho impressionante com o pai. Ele lhe disse que tudo ficará bem, que ela não precisa se preocupar com a morte. 
Doutor Eben estava acostumado a ouvir coisas semelhantes de muitos dos seus pacientes. Na sua lógica, ele pensava que isso era produto da mente que estava fazendo o que podia para se tranquilizar numa situação insuportável. Mas, acreditando que, quando um paciente está com uma enfermidade que pode levá-lo a óbito, suavizar a verdade é bom, não a impediu de se agarrar àquela pequena fantasia. Portanto, somente comentou: 
-Deve ter sido um sonho maravilhoso! 
Mas Suzana não se deteve e continuou: 
-Doutor, o mais incrível é como ele estava vestido: com uma camisa amarela e um chapéu Fedora!
-Bem, Suzana – comentou o médico – acho que não devem existir códigos de moda no céu. 
-Não é nada disso, doutor. É que logo que começamos a namorar, eu dei para ele uma camisa amarela. E ele sempre a usava com o chapéu Fedora, também meu presente. Mas a camisa e o chapéu foram perdidos em nossa lua de mel, onde nossas bagagens foram extraviadas. E nunca mais adquirimos algo igual. 
Pacientemente, explicou doutor Eben: 
-Tenho certeza de que vocês devem ter contado muito essa história do chapéu e da camisa para sua filha. 
Do outro lado da linha, Suzana riu: 
-É isso que é impressionante, doutor. Nunca comentamos. Era nosso pequeno segredo. Achávamos que era um detalhe que poderia parecer ridículo para outras pessoas. Jamais conversamos sobre o desaparecimento desses itens. Portanto, nossa filha não sabia nada a respeito. 
E concluiu: 
-Pois é, doutor, ela estava com medo de morrer. Agora, sabe que não tem nada a temer, nada mesmo. E está tranquila. 
O médico continuou a ouvi-la, acreditando piamente que o que aquela mulher estava lhe relatando era uma fantasia criada pela dor. No entanto, como a filha poderia criar na sua mente uma fantasia a respeito do que jamais vira seu pai vestir ou usar? Em verdade, nossos amores, que estão na Espiritualidade, quando nos encontram nos sonhos, se apresentam com detalhes, exatamente para que os possamos identificar. Podem ser detalhes tolos como uma camisa e um chapéu, de cuja existência a filha jamais soubera. Mas que a mãe lhe diria da realidade deles. O mais importante nisso tudo: ele, que já transpusera os umbrais da morte, vinha lhe dizer que se tranquilizasse. Em síntese: quando ela partisse para o grande Além, ele a estaria aguardando. Um reencontro de duas almas que se amam: pai e filha. Que conforto para ela, em estágio terminal, saber que o pai querido a aguardava, no aeroporto da Espiritualidade. O amor não tem fronteiras, a morte não apaga os sentimentos. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 30, do livro Uma prova do céu, do Dr. Eben Alexander III, ed. Sextante. Em 30.3.2017.

quinta-feira, 30 de março de 2017

UM SONHO DESTROÇADO?

Ainda hoje, existem pessoas que pensam na interrupção da gestação por causa do diagnóstico de Síndrome de Down. Pais que possuem filhos portadores de Down se surpreendem com o que eles são capazes de fazer. De um modo geral, quando chega o diagnóstico, o que mais as pessoas comentam, lamentando, é o que a criança não será capaz de fazer. Uma mãe confessou que ninguém, nem parentes, nem amigos, a foram felicitar pelo nascimento de sua bela menina. Em vez disso, somente foram lhe dizer tudo o que ela não iria jamais fazer. Contudo, o mais surpreendente nessas crianças é que elas não dão ouvidos ao que não podem fazer, elas fazem tudo parecer possível. Elas podem precisar de um tanto mais de esforço mas se superam a cada dia. E o que mais demonstram é sua alegria de viver. Uma mãe, falando a respeito de sua filha, confessa: Continuamos, meu marido e eu, nos surpreendendo com o que ela superou e como continua se superando. Ninguém olha para ela e vê a Síndrome de Down. As pessoas olham para ela como uma menina bonita que está pronta para enfrentar o mundo. E orienta aos pais que receberem o diagnóstico do filho que estão gestando: Informem-se, façam perguntas, peçam ajuda. Saibam que a sua criança vai lhes trazer muita alegria. Pode parecer que sua vida mudará para sempre. Isso é verdade, vai mudar, mas para melhor. Outra mãe se manifestou, dizendo: 
-Meu filho é um lutador. Não havia expectativa de que ele sobrevivesse à gravidez. Mas sobreviveu. Ele não é nem de longe a criança que os médicos previram que ele seria. É alegre, envolvido e amoroso. Está sempre pronto a abraçar e dar carinho. 
Ouvindo esses depoimentos é possível que você esteja se questionando, analisando a sua situação, você, pai ou mãe de uma criança com Síndrome de Down. Talvez diga que as coisas não são fáceis como essas mães parecem fazer crer. Em verdade, nada é fácil neste mundo em que tudo nos exige esforço e dedicação. É possível que você se sinta frustrado ao receber, em seus braços, uma criança assim. É possível que tenha ficado zangado, ficado triste. Ou como disse uma mãe: 
-Senti como se meu coração tivesse se quebrado em um milhão de pedaços. 
Esses sentimentos podem ocorrer mais de uma vez. É compreensível. Somos humanos. E todos esses sentimentos devem ser trabalhados ao seu tempo e do seu jeito. Cada um lida com as emoções a seu próprio modo. Importante é que você permita o nascimento do seu filho. Importante saiba que para se desenvolver esse bebê precisa da sua compreensão, do seu apoio e encorajamento. Tudo isso pode ser novo para você. Pode parecer esmagador. Você pode não se sentir à altura do desafio. Mas, acredite, você, pai ou mãe, foi escolhido para criar esse ser especial de Deus. Você é capaz. Você é abençoado. E descobrirá, dia após dia, como esse pequenino raio de sol conquistará o seu coração. Logo mais, você constatará que não pode sequer imaginar a sua vida sem ele. Parabéns, papai e mamãe por seu raio de sol. Auxiliem-no a brilhar. 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo Pais de onze crianças com Síndrome de Down 
dão relatos de amor em ensaio lindo, de Giovanna Mazzeo,
Em 29.3.2017.

quarta-feira, 29 de março de 2017

A CRUZ E A DIGNIDADE

Em uma passagem evangélica, Jesus disse que quem quisesse ir após ele, deveria tomar sua cruz, renunciar a si mesmo e segui-lO. Esse convite sinaliza que o processo de sublimação do próprio ser é trabalhoso. A conquista da dignidade espiritual pressupõe o abandono de antigos vícios e a conquista de variadas virtudes. Também implica a quitação de velhas contas, oriundas de crimes cometidos contra as leis cósmicas. O Espírito em evolução precisa aprender a renunciar a seus hábitos tristes e a suas concepções equivocadas de vida, para se tornar puro e fraterno. A vida lhe propicia todas as condições para que se erga rumo ao seu destino glorioso. As penosas injunções da existência material são uma bênção. No lento processo de vivenciar e se desiludir das coisas do mundo, a alma passa a prestar atenção no que realmente importa. Compreende que a aparência física é muito transitória. Que o dinheiro muda rapidamente de mãos. Que a saúde oscila e se fragiliza com o passar dos anos. Que os amores mais caros vão para longe ou desencarnam. Lentamente, ela compreende a transitoriedade de tudo o que a rodeia. E entende que o primordial reside em seu íntimo. Que a paz da consciência, fruto de um viver digno, é o que de bom a acompanhará para sempre. Esse processo é lento e doloroso. Ele representa a cruz a ser levada. Ocorre que, em um mundo amplamente materializado como a Terra, todos sofrem. Não há ninguém que deixe de adoecer ou de morrer. Todos passam pela experiência da desencarnação de seres amados. Certamente não está a seguir o Cristo quem se revolta por tudo e por nada. Conclui-se que não basta levar a própria cruz. É preciso levá-la com dignidade, talvez até com alguma elegância. Há quem espalhe pelo mundo o rancor por suas dores. Com suas reclamações, inferniza a vida dos outros. Acha que todos têm o dever de ajudá-lo e exige que o façam. Porque enfrenta dificuldades, trata mal o semelhante. Justifica seu comportamento infeliz com as dores que vivencia. Entretanto, todos sofrem, em maior ou menor grau. Apenas alguns o fazem com mais elegância. Têm o cuidado de não infelicitar o próximo e praticam a caridade da paz. Entendem que a cruz é deles, não da coletividade. Quando necessário e possível, buscam e aceitam auxílio. Mas sem imposições, reclamações ou rebeldia. Assim, reflita que as injunções penosas de sua vida têm um propósito superior. Elas se destinam a promover sua pacificação interior e efetivamente o fazem, se bem suportadas. Mas de pouco adiantarão se você se desequilibrar e se tornar causa de angústia na vida do semelhante. Para que a experiência seja válida, é preciso vivê-la com dignidade. 
Redação do Momento Espírita. Em 29.11.2016.

terça-feira, 28 de março de 2017

CRUZADA CONTRA O PALAVRÃO

Tânia Menai
No ano de 2001, uma nova moda foi anunciada nas empresas americanas: a proibição de palavrões. O consultor James O’Connor, autor do livro Controle de Obscenidades, criou uma agência para controlar palavrões. Afirma ele que a falta de civilidade que toma conta da nossa sociedade está invadindo os ambientes de trabalho. É curioso observar que o espírito humano está utilizando os meios mais estranhos para pôr para fora do seu ser os conteúdos infelizes, desequilibrados, que promovem enfermidade e loucura, aos poucos ou bruscamente. Citando os prejuízos acarretados pelo hábito de xingar os outros, O’Connor diz que falar palavrão polui o ambiente com negatividade, afeta o moral e a atitude de quem fala, além de ser uma grande falta de respeito. Ele está certo. A soma das energias envenenadas que se espalham pelo espaço psíquico do mundo é capaz de provocar todos os tipos de desajustamentos, além de outras formas de perturbações. Como um bom pregador, o consultor tem seu decálogo anti-palavrões: 
-Primeiro: reconheça que falar palavrão causa estragos. Você não ganha nenhum argumento nem prova inteligência. Palavrão intimida, não estimula. 
-Segundo: comece eliminando os palavrões casuais. Faça de conta que a sua avó ou a sua filha estão sempre ao seu lado. 
-Terceiro: pense positivo. Olhe somente para o aspecto bom das situações. 
-Quarto: exercite a paciência. Se você estiver preso no trânsito, em vez de xingar o motorista da frente, pense nas suas tarefas do dia. 
-Quinto: aguente a barra. O dia é cheio de desafios e problemas. Palavrões não irão resolvê-los.
-Sexto: pare de reclamar. Em vez disso, ofereça soluções. Você será admirado por sua calma e sabedoria. 
-Sétimo: use palavras alternativas. Faça a sua lista. Seja criativo. 
-Oitavo: defenda sua opinião educadamente. Mesmo sem palavrões, uma frase pode ser muito ofensiva. 
-Nono: pense na oportunidade que você perdeu de ficar calado ou de falar a mesma coisa de outra maneira. 
-Décimo: exercite seus novos hábitos. Falar palavrão é um vício, como fumar. Ao eliminá-lo, avise aos amigos e à família.
 * * * 
Enquanto você se defronta com as tantas necessidades do caminho terreno, nos dias da sua existência, pense e verifique o quanto se desgasta com a utilização do palavrão. Pense que tudo é questão de costume, de hábitos que desenvolveu em seu íntimo. Pense que o Mestre Jesus já definiu há mais de dois mil anos que a boca fala do que está cheio o coração. E se você conduz na sua intimidade a luz do Cristo, convenhamos que não é possível que se acomode a esses modismos. Então, faça esforços por se reeducar, a fim de que atravesse a vida, no mundo, bem conduzindo os seus pensamentos e norteando as suas ações para o bem. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 13 do livro Educação e vivências, pelo Espírito Camilo, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter e no artigo Ponte que partiu, de Tânia Menai, de Nova York, publicado na Revista Exame (2001). Em 2.1.2013.

segunda-feira, 27 de março de 2017

ANTE À INJUSTIÇA

DIVALDO PEREIRA FRANCO
O missionário do bem se mostrava muito triste. Há dias, não conciliava o sono. Tendo se dedicado ao próximo, de forma integral, recebia as pedradas de uma grande injustiça. E sofria. Doía-lhe a cabeça. A alma sangrava. Rogando o socorro dos benfeitores da vida, seu guia espiritual lhe apareceu e, ouvindo-lhe a mágoa, recordou-lhe que o mal não deve ser valorizado. 
-Tu é quem estás dando valor à injustiça. Se dás valor à mentira, deves sofrer o efeito da mentira. Se tu sabes que não é verdade, por que estás sofrendo? 
E para o confortar, lhe narrou a seguinte parábola: 
-Havia uma fonte pequena e insignificante, perdida num bosque. Um dia, um viajante passou por ali, atirou um balde, retirou água e acabou com a sede. 
A fonte ficou feliz e disse para si mesma: 
-“Como eu gostaria de poder dessedentar os viandantes, já que sou uma água preciosa.” 
E Deus permitiu que ela viesse à tona, de forma que as aves e os animais pudessem dela se servir.
-“Que bom é ser útil. Gostaria de ir além, umedecer as raízes das árvores. Correr a céu aberto.” 
Pensou a fonte. Veio a chuva, ela transbordou e se transformou num córrego. Feliz, desejou chegar ao mar, porque o destino dos córregos e dos rios é atingir o mar. E o riacho se tornou um rio. O rio avolumou as águas. Mas, numa curva do caminho, havia um toro de madeira, impedindo-lhe a passagem. O rio tentou passar por baixo, contornar. Sem êxito. Então o rio cresceu e transpôs o obstáculo com firmeza. No seu percurso, foi levando seixos, pedras, pequenos empecilhos que encontrou. Quando algo imovível se apresentava à frente, ele crescia e o transpunha, até alcançar o mar. E concluiu o benfeitor espiritual: 
-Todos nós somos fontes de Deus. Um dia, alguém se acercou de ti e pediu para beber da água que tinhas. A felicidade te encheu a alma e pediste a Deus para servir mais. Então, transbordaste de amor e cresceste. A alegria cantava hinos aos teus ouvidos. Agora, quando uma dificuldade se apresenta, tu choras? Faze como o rio. Transpõe as pedras das dificuldades. Não fiques a te lamentar. Tua fatalidade é o mar, o grande oceano da misericórdia divina. 
* * * 
Pode ser que, em tua vida, estejas a passar por algo semelhante. Aproveita a lição. Não permitas que os maus te entravem a trilha por onde segues. Confiante, ora e suplanta as dificuldades. Injustiças te perseguem? Não faças caso, não as valorizes, porque somente a verdade é imperecível. Os homens que cometem as injustiças, logo mais não estarão mais na Terra. Como tu mesmo. Preocupa-te somente em oferecer as águas do teu amor a quem necessita. Não permitas que a inveja e a maldade empanem o brilho das tuas conquistas. O que importa é a tua semeadura nobre, digna, de cada dia para que, ao final da jornada, possas olhar para trás e ver somente o rastro de bênçãos que deixaste em tua caminhada. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. A parábola, do livro A veneranda Joanna de Ângelis, de Celeste Santos e Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. Em 27.3.2017.

domingo, 26 de março de 2017

A CRUZ

Richard Simonetti
No trato diário ocorre, muitas vezes, reclamarmos das dores que nos chegam. Vida dura! Cruz pesada! E, de uma forma muito particular, olhamos para as demais pessoas com olhos examinadores, concluindo que elas não sofrem tanto quanto nós. Dia desses, ao comentarmos acerca do acidente que sofreu uma pessoa famosa, resultando em sérios danos físicos, ouvimos da boca de quem nos escutava: Ah, mas essa pessoa tem muito dinheiro. É rica. Não tem com que se preocupar. Tem quem a atenda. Médicos, enfermeiras, terapeutas. Em nenhum momento, a pessoa a quem nos dirigíamos pensou que, mesmo com dinheiro e fama, o acidentado deveria estar sofrendo intensamente. Sim, sempre acreditamos que a dificuldade dos outros é menor. A nossa é enorme. Pelo fato de pensarmos dessa forma é que, no vocabulário popular, se fala da cruz para significar as dificuldades próprias. Carregar a própria cruz. Cruz pesada. Conta-se que, certa vez, um homem inconformado passou a clamar aos céus: 
-Senhor Deus, a cruz que carrego é muito pesada. Não estou suportando o peso das dificuldades e problemas que venho enfrentando. 
Tanto reclamou que, um dia, um Espírito do Senhor se apresentou e lhe disse que suas queixas tinham alcançado os céus. Conduzido a um vasto campo, cheio de cruzes dos mais diversos e variados tamanhos, o amigo espiritual lhe disse que poderia escolher, dentre todas elas, a que melhor se lhe ajustasse. Animado, o homem examinou as cruzes. Finalmente, depois de muitas examinar, avaliar, testar, apanhou aquela que lhe pareceu ideal. 
-Você tem certeza que é esta mesma a que quer? 
Perguntou-lhe o mensageiro. 
-Sim. Disse ele. Esta é a que melhor se ajusta aos meus ombros. Aquela cujo peso posso suportar.
Para seu espanto, o amigo lhe pediu que olhasse mais atentamente e, então, o homem descobriu que a cruz que escolhera era exatamente a sua, aquela de cujo peso reclamara tanto. Deus é justo. Infinitamente bom e misericordioso. Jamais concede à criatura fardo maior do que possa suportar. As nossas queixas simplesmente demonstram que não estamos sabendo levar com dignidade a problemática. Às vezes, por sermos muito rebeldes e não nos ajustarmos às disciplinas que nos são impostas, de outras porque gostaríamos muito de viver no amolentamento, na preguiça, não no trabalho e na luta. A vida nos situa exatamente onde devemos estar. Todas as condições necessárias ao nosso aprendizado nos são apresentadas. O que nos compete é colocar uma almofada entre a cruz e os ombros. Uma almofada feita de virtudes cristãs. Quando nos dispomos a servir, amar, perdoar, compreender, o peso das nossas dificuldades diminui tanto que até nos esquecemos que estamos sobre a Terra carregando o fardo das dificuldades. 
* * * 
A dificuldade é teste de resistência. É oportunidade de combate. Aprendamos a transformar as dificuldades que se acumulam em nossos dias em oportunidades de trabalho e serviço. Quando tudo estiver difícil e escuro, recordemos que, além das nuvens pesadas, o sol está sempre a brilhar. Redação do Momento Espírita com base no cap. 2, do livro Viver em plenitude, de Richard Simonetti, ed. São João e no verbete Dificuldades, do livro Repositório de sabedoria, v. 1, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. Disponível no livro Momento Espírita, v. 5, ed. Fep. Em 07.03.2012.

sábado, 25 de março de 2017

A CRUEL INDIFERENÇA

Basta um olhar nas grandes cidades e lá está o retrato da indiferença. Gente maltratada, infeliz, doente, paupérrima se esgueirando pelas ruas, estendendo as mãos, pedindo, suplicando. Do interior dos carros, vidros fechados, refrescados pelo ar condicionado, perfumados e alimentados, olhamos essas cenas como se estivéssemos vendo um filme. Alguns até reagem com uma certa irritação. Culpam o Governo, reclamam das diferenças sociais, chamam de vadios os andrajosos que olham para eles com ar cobiçoso ou infeliz. Outros viram o rosto, enojados pelo espetáculo da miséria e do abandono. E há os que se compadecem, mas têm medo de abrir a janela, de estender a mão, de sorrir. Todos esses, invariavelmente, esquecem dos espetáculos da pobreza tão logo chegam em casa, ao escritório ou aos locais de lazer. Nos restaurantes, quem lembra dos famintos? Diante dos pratos cheirosos e meticulosamente arrumados, quem haveria de recordar crianças esqueléticas, mães famélicas? Nos cinemas, lágrimas nos vêm aos olhos diante de filmes que retratam a desigualdade social avassaladora, mas saímos de lá impassíveis diante do homem torturado que sofre ao nosso lado. Que fizemos de nossa sensibilidade diante da dor alheia? Em que ponto de nossa vida a indiferença se instalou em nosso peito e, com mãos de gelo, nos segurou o coração? Certamente que a caridade não exclui a prudência. E é claro que não devemos nos responsabilizar por todas as dores do Mundo. Mas, reflitamos: Estaremos fazendo de fato tudo o que é possível? No momento damos as sobras de nossa mesa, as roupas usadas, alguns poucos reais para uma instituição. Tudo muito louvável. Mas estaremos mesmo contribuindo para reduzir a desigualdade aterradora que se vê no Mundo? Cada um de nós, no papel que desempenha, no ambiente profissional, pode contribuir, sim, para mudar esse estado de coisas. Quem de nós vive tão isolado que não possa estimular alguém ao estudo, ao trabalho? Quem de nós, de excelente condição financeira, escolhe uma criança pobre e lhe dá a chance de estudar em boas escolas? Quantas vezes temos a chance de mudar a vida de alguém desvalido e nos calamos, omitimos, encolhemos? Para aquele que tem vontade real de contribuir, a vida oferecerá oportunidades ímpares de fazer a diferença. Por isso, abra seu coração para o amor. Desde hoje, deixe que seus olhos contemplem o Mundo com muito mais bondade. Procure ver em cada criatura sofrida um irmão que tateia, cego, em busca da mão amiga que lhe ofereça apoio e segurança. A indiferença é a escuridão da alma. Acenda a candeia de um coração sensível e traga luminosidade para a sua vida e para a de seus companheiros de jornada. 
Redação do Momento Espírita.

sexta-feira, 24 de março de 2017

E SE A MORTE....

E se a morte fosse apenas uma passagem, como um portal, para um outro ambiente, para outro local, onde tudo muda, porém continuamos a ser a mesma pessoa? Analisando assim, a morte não seria o fim, o término, o ponto final. Apenas passagem. E se a morte fosse apenas uma viagem? Dessas em que nos despedimos de quem vai para muito longe, sentimos saudades, lembramos sempre, sabendo que o outro está seguindo a vida. Não nos desesperamos, só choramos baixinho de saudades, porque sabemos que não é uma viagem sem volta, ou uma partida sem reencontro. Amanhã, também viajaremos, e nossos amores, nossos amigos, estarão no cais do porto para se despedirem e assistir ao nosso embarque. Assim considerada, a morte não seria a separação sem fim, um destino incerto. Seria apenas uma viagem. E se a morte fosse apenas uma mudança de casa? A mudança do vizinho amigo, que morava há anos ao nosso lado, e se foi... É verdade que a casa permanece vazia, sem vida, sem alegria, porque ele não se encontra ali. Nossa amizade já não se faz no contato diário, nas conversas ao pé do muro. Mas, sabemos que ele está em outro lugar, em outro local, em outra casa. Pensando assim, a morte não seria o abandono, o desaparecer, o não existir. Apenas uma mudança. E se a morte fosse o voltar para casa, depois de longa viagem, dessas onde se percorrem estradas, se visitam localidades, aprendem-se lições e vivências acontecem? Então, o término da viagem seria a alegria do viajor que retorna para o lar, enquanto outros companheiros de viagem ainda têm trechos a percorrer. Trechos que, logo mais, eles também concluirão e estarão conosco. Por esse ângulo, a morte não seria a conclusão, o epílogo, o fechamento de uma história. Apenas o retomar da vida em outras paragens, para mais um capítulo. * * * Em verdade, assim é a morte: a mudança, a passagem, a transição, a viagem ou o retorno. Mas, todos continuaremos. A vida prossegue tão ou mais pujante mesmo quando a consideramos encerrada. Isso porque não somos o corpo físico, que um dia abandonaremos. Ele é apenas a vestimenta física, em caráter de empréstimo pela Providência Divina, a fim de vivenciarmos as lições de que carecemos. Concluído o que aqui viemos fazer, apartamo-nos dele, e prosseguimos a viver. Por isso, a morte não deve se constituir na dor pungente do adeus. Apenas nas saudades do até logo. Além disso, não permanecemos isolados totalmente de nossos amores que nos antecederam na saída do corpo. Eles comparecem em nossos sonhos, nos visitam para amenizar as saudades, ou para nos aconselhar, ou nos atender em alguma circunstância. Quantas vezes demonstram suas presenças invisíveis com um abraço caloroso, palavras doces, que nos levam a recordá-los, senti-los, emocionando-nos até às lágrimas? Dessa forma, se as saudades nos apertam o coração, tenhamos paciência. Não tarda o dia em que todos aportaremos no lado de lá, a fim de continuarmos a vida, sepultando definitivamente a morte. 
Redação do Momento Espírita. Em 24.3.2017.

quinta-feira, 23 de março de 2017

DIAS VIVIDOS

De forma convencional, o calendário nos mostra a possibilidade de trezentos e sessenta e cinco dias anuais. Antes mesmo que o ano inicie, assinalamos, costumeiramente, os feriados, elegemos o período das nossas férias profissionais, as viagens que desejamos realizar, os cursos que pretendemos fazer. Enfim, idealizamos o que queremos alcançar nesse período. Transcorrido o lapso temporal, de um modo geral, realizamos uma avaliação, constatando o que conseguimos ou não realizar. Às vezes, lamentamos por não termos tido êxito em tudo que queríamos, ou por finalizar o ano sem emprego, ou por termos perdido fisicamente alguém a quem muito amávamos. Ou talvez pela enfermidade que nos chegou, maltratando-nos o corpo ou a alma ou ambos. Não é raro lamentarmos algo que fizemos mas, especialmente, algo que deixamos de fazer. Se quem estava ao nosso lado partiu para o Além, habitualmente nos surpreendemos lamentando não ter conversado mais, não termos dedicado mais horas ao seu lado, passeado mais, saído juntos mais vezes, simplesmente para andar, para olhar o poente, colher flores. Mentalmente, é comum ficarmos enviando mensagens a esses amores que se encontram do outro lado da vida. E, não é raro nos descobrirmos a considerar que deveríamos ter dito muito mais vezes: 
-Amo você! Você é importante para mim!
Nesse balanço, também podemos nos dar conta de que os dias voaram, simplesmente se foram, como folhas levadas pelo vento, sem que os tenhamos verdadeiramente vivido. Afinal, trabalhamos tanto, corremos tanto, fizemos tantas coisas. O que, realmente, valeu a pena? O que valeu como crescimento pessoal? Quantos livros lemos, nesses doze meses? Quantas vezes nos detivemos a olhar para o céu, descobrindo a cara redonda da lua a brilhar, entre as estrelas? Quantas vezes andamos pelas praças e nos interessamos por parar um pouco e observar o vento desarrumando a cabeleira das árvores? Quantas vezes, ante um delicado aroma que nos chegou, nos permitimos descobrir de onde vinha e fechamos os olhos para guardar na memória aquele momento que jamais se repetiria, com a mesma intensidade? Quantas vezes, ante a refeição, admiramos as cores espalhadas no prato e decidimos por comer, bem devagar, verdadeiramente saboreando cada porção? Quantas vezes sentamos ao lado do filho pequeno e o ficamos observando brincar, no seu faz de conta? Ou vimos com ele pela segunda, terceira, décima vez o mesmo desenho, sentindo verdadeiro prazer em ouvir as risadas dele, seu encantamento com os personagens animados? E então, se somarmos todas as horas em que realizamos algo que nos fez crescer, que nos alegrou, que nos constituiu uma verdadeira experiência para ser guardada na mente e no coração, quantos dias, de verdade, teremos vivido? O total dessa somatória nos dirá se nosso ano foi regular, bom, ótimo, excelente. Se realmente o vivemos ou somente fomos passando pelas horas, multiplicando as semanas... Se descobrirmos que foram muito poucos os dias vividos, comecemos, hoje, a mudar nossa forma de ser. Comecemos a viver intensamente cada minuto, cada hora. Porque viver é uma experiência inigualável e nenhum minuto volta, nenhuma cena se repete de igual maneira. Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita. Em 22.3.2017.

quarta-feira, 22 de março de 2017

A VISITA DE JESUS

Ana Guimarães
Para aquelas crianças, o Natal era uma data um pouco triste. A casa era pobre e tinha somente alguns itens de cozinha, um sofá antigo, uma televisão. Elas sabiam que o Natal estava chegando pelos intermináveis anúncios televisivos que convidavam a comprar muitos e muitos brinquedos, presentes maravilhosamente embrulhados, caixas lindíssimas. E havia sempre novidades, que enchiam os olhos. Além disso, as novelas, os filmes, os desenhos infantis, tudo mencionava o Natal. E havia ceia com muita comida, doces, pães, refrigerantes, sucos. Tudo aquilo dava água na boca, mas ficava muito distante da realidade deles. O salário do pai cobria as necessidades, nada mais. Nenhum presente sequer poderia ser pensado, sonhado. Nenhum, por menor que fosse. Havia algo, no entanto, especial, na noite natalina. A mãe, que sempre preparava o prato de cada um, para dividir tudo igualmente, nesse jantar desenhava um coração com a comida. Ela colocava o arroz no meio do prato e ia separando com os dedos para a borda, até formar um coração vazio no meio. Então, ela enchia o desenho com uma concha de feijão e se houvesse qualquer coisinha a mais, talvez alguma mistura, colocava bem do ladinho, para não estragar o contorno. Todos se reuniam em torno da mesa e oravam, repetindo as palavras da mãe: 
-Jesus, que bom que você chegou! 
E se recolhiam na Noite Santa, pensando naquele Jesus que nascera em um estábulo, Luz do mundo, Rei da vida. Mais recentemente, a mãe de família participou de oficinas de costura e culinária. E a vida da família melhorou. A costura e a culinária começaram a render frutos, quase de imediato. O panorama se alterou. Então, no último Natal, mesmo sem árvore enfeitada com bolas e velas coloridas, sem embrulhos de presente, algo muito especial aconteceu. O pai confeccionou uma grande placa e colocou na frente da casa, com os dizeres: 
-Que bom que você chegou! 
Na cozinha, uma grande movimentação. Parecia que se cozinhava para um batalhão. E, ante a indagação das crianças, esclareceu a mãe: 
-Jesus vem para a ceia hoje, meus amores. Seu pai e eu o convidamos, pessoalmente. Ele virá com fome e com sede. Precisamos estar preparados. 
Quando caía a noite, foi chegando Jesus, de roupa simples, com barba, sem barba. E as crianças foram descobrindo que Jesus era negro. Era branco. Era homem. Era criança. Era mulher. E cada um recebia aquele prato com um coração de arroz, cheio de feijão. E sorria. E se deliciava. Alguns, quando sorriam, diante da refeição quentinha, mostravam a boca com poucos dentes. 
- Acho que foi por isso que a mãe fez comida que não precisa mastigar tanto. 
Pensou a menorzinha. Faltando pouco para a meia-noite, a família se reuniu para agradecer. A oração se elevou, num coro: Jesus, que bom que você chegou! E a alegria do verdadeiro Natal iluminou todos os corações. A casa parecia um palácio feito de luz. Quem tivesse um pouco de sensibilidade para perceber o que acontecia além da matéria, poderia ouvir o cântico celestial se repetindo: 
-Glória a Deus nas alturas. Paz na Terra, boa vontade para com os homens. 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo Que bom que você chegou, de Ana Guimarães, da Revista Cultura Espirita, de dezembro 2016. Em 21.3.2017.

terça-feira, 21 de março de 2017

CRUELDADE

Pelos caminhos do mundo, quem deixou de se deparar com a crueldade? O tempo passa, mudam os governantes, caem os impérios e o ser humano permanece com a crueldade a lhe assinalar a trajetória. Na aurora da Humanidade, imperava a barbárie. Os povos primitivos, sem maturidade moral, resolviam as questões tendo a violência como base. Naquela época remota, as coisas eram arrancadas à força, os homens indiferentes às mortes e as torturas, uma constante aceitação pelo grupo social. Valiam todos os meios para fazer prevalecer a própria vontade. Aos poucos, o conceito de crueldade foi se modificando. O que antes era aceito como fenômeno natural, passou a ser considerado como inaceitável. Para nós, brasileiros, há um momento recente de nossa História que nos permite observar como evoluiu o conceito de crueldade. É o caso da escravidão dos povos africanos. Se nos detivermos a analisar a vida cotidiana no século 19, concluiremos com horror que a escravidão era não apenas aceita socialmente, como a crueldade no trato com os escravos perfeitamente tolerada. Protegida pelas leis e pelas conveniências sociais, a crueldade que vitimava os escravos se tornara prática do cotidiano. Castigos físicos, açoites, mutilações, assassinatos, venda de crianças - toda essa série de práticas tenebrosas acontecia à luz do dia. E raras eram as vozes que vinham em socorro dos oprimidos. Hoje, todas essas práticas horrorizam a maioria das pessoas. Mas ainda há os que as praticam. Quem não ouviu falar das torturas a prisioneiros de guerra em pleno século XXI? E as discriminações? E as vítimas de tráfico e exploração de mulheres, trabalhadores e crianças? Para o ser humano, cujo senso moral ainda está em aperfeiçoamento, basta surgir uma oportunidade para que os velhos maus instintos apareçam. Então concluímos que a pressão social e o refinamento dos costumes empurrou a crueldade para os subterrâneos. Reduziu muito, mas ainda não a fez desaparecer inteiramente. E é por isso que ainda vemos as lamentáveis cenas de violência nas ruas: assaltos, homicídios, torturas, espancamentos. Tudo para se obter poder, riquezas, bens materiais. Também é comum ver nos dias atuais a crueldade que se esconde dentro dos lares, com mulheres e crianças feridas física e emocionalmente. A crueldade humana atinge até mesmo outras espécies. Animais são espancados até a morte, muitas vezes por simples prazer. Perante esse cenário de desesperança, o que podemos fazer? A resposta foi dada há dois milênios, por Jesus Cristo: Amar. Que é o amor senão a força que substitui as armas, pondo flores em seu lugar? Certamente não estamos falando do amor romântico, mas do amor incondicional. Aquele que os gregos chamavam de ágape. É um amor tão pleno que atinge a tudo o que foi criado por Deus. Pessoas, estrelas, árvores, oceanos. Mas para alcançar esse estado, é preciso - antes de tudo - disciplina. Disciplina? Sim, disciplina para conter os impulsos do egoísmo. Quem ama verdadeiramente, busca antes alegrar a vida do outro com gestos de afetividade e de concessão. Na longa trajetória humana, aos poucos vamos aprendendo a amar. Inicialmente, amamos poucos: família, amigos. Depois vamos ampliando o círculo. Até que um dia, plenos de gratidão a Deus, olharemos para todas as Suas criaturas com tanta ternura que nosso coração transbordará de alegria. Nesse dia, seremos incapazes de atos de crueldade. Nesse dia, então, haverá pleno amor em nós. 
Redação do Momento Espírita. Em 05.08.2009.

segunda-feira, 20 de março de 2017

CRUELDADE HUMANA

JOANA DE ÂNGELIS
E
DIVALDO PEREIRA FRANCO
O famoso escritor francês Voltaire disse, certa vez, que:
-Necessitam-se vinte anos para levar o homem do estado de planta em que se encontra no ventre de sua mãe e do estado de puro animal - que é a condição de sua primeira infância - até o estado em que começa a manifestar-se com a maturidade da razão. 
Disse que 
-Foram necessários trinta séculos para conhecer um pouco sua estrutura e que seria necessária a própria eternidade, para conhecer algo de sua alma. No entanto, não é preciso senão um instante para matá-lo. 
Naturalmente, Voltaire se referia à morte do corpo. Sempre com maior intensidade tem se notado o desprezo à preciosa vida humana. Individualmente, as pessoas se lançam a práticas de esportes ditos radicais, que lhes comprometem a existência. Ao mesmo tempo, nos chegam, todos os dias, as notícias de guerras, de massacres, de barbáries. No século XIX, quando o Codificador da Doutrina Espírita trabalhava para a produção da obra O livro dos Espíritos, indagou às vozes celestes o porquê da crueldade ser o caráter dominante de alguns povos. A resposta dos luminares foi de que entre os povos primitivos a matéria sobrepuja o Espírito. Eles se entregam aos instintos animais e como não têm outras necessidades, além das corpóreas, cuidam apenas da sua conservação pessoal. É isso que geralmente os torna cruéis. Além disso, os povos de desenvolvimento imperfeito estão sob a influência de Espíritos igualmente imperfeitos, que lhes são simpáticos. Consequentemente, agem sob o comando daqueles. Mesmo em civilizações mais adiantadas, existem criaturas tão cruéis como os selvagens, da mesma maneira que, numa árvore carregada de bons frutos, existem os temporões. São lobos extraviados em meio a cordeiros. Acenam-nos os Espíritos, entretanto, com a esperança de que a Humanidade progride. Esses homens dominados pelo instinto do mal, que se encontram entre os homens de bem, desaparecerão pouco a pouco, como o mau grão é separado do bom quando joeirado. Necessitarão retornar e retornar, em novos corpos, para o exercício do aperfeiçoamento, para que adquiram qualidades novas. Aos homens de hoje, educadores, pais e professores cabe o dever inadiável de estimular os sentimentos nobres nas gerações, através de exemplos dignificantes, onde a vida seja considerada bem precioso demais para ser desprezado ou destruído, em nome de qualquer bandeira política, religiosa ou de caráter particular. 
 * * * 
Todas as faculdades existem no homem em estado latente. Elas se desenvolvem de acordo com as circunstâncias mais ou menos favoráveis. Assim, o senso moral existe no selvagem como o princípio do aroma no botão de uma flor que ainda não se abriu. 
Redação do Momento Espírita com base no cap.34, do livro Rumos libertadores, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed.Leal. Em 05.08.2009.

domingo, 19 de março de 2017

CRÍTICAS INFUNDADAS

Joseph Fetzer
Em Chicago, uma estação de TV transmitia, diariamente, da porta do principal cinema da cidade, um programa de entrevistas que durava 15 minutos. Certa noite, o tempo integral do programa foi usado para entrevistar duas meninas, uma de 13 e a outra de 11 anos. Os telespectadores ficaram indignados com as frivolidades tratadas na entrevista. Afinal, o assunto girava em torno de como haviam passado as férias, se ajudavam a mãe nos trabalhos de casa, como iam os estudos etc. As pessoas que foram assistir ao programa no local da transmissão, não compreendiam porque os coordenadores deixaram as meninas monopolizar inteiramente os 15 minutos. Vários telespectadores, impacientes, chegaram a telefonar para a emissora para expressar seu descontentamento. Todavia, o motivo era muito justo e digno de aplausos. É que o pai das duas meninas, Joseph Fetzer, estava morrendo num leito do Sanatório Municipal de tuberculosos, onde fora internado 14 meses antes. Durante todo esse tempo não pudera receber a visita das filhas, devido ao rigoroso regulamento do hospital, que proíbe a entrada de menores de 16 anos na enfermaria dos casos graves. Sentindo a proximidade da morte, Joseph fez seu último pedido: Ver as filhas pela derradeira vez, lembrando ele próprio o recurso da televisão. Os diretores da TV concordaram imediatamente em entrevistar as meninas durante os 15 minutos, que seriam a única chance para que aquele pai as pudesse contemplar e despedir-se, no isolamento do seu leito de morte. E foi graças aos corações generosos daqueles diretores, que Joseph teve a felicidade de ver, uma vez mais, as filhas queridas, um dia antes de morrer.
 * * * 
Hoje, quando percebemos os meios de comunicação, ávidos por faturar, e faturar cada vez mais, salvo raríssimas exceções, ficamos a imaginar se haveria espaço para se fazer uma caridade desse porte. Há algum tempo, um amigo procurou um periódico para que fosse veiculado um artigo de otimismo, com intuito de levar às pessoas uma mensagem de esperança, e o responsável lhe falou que não havia espaço nem tempo para isso, pois estava saindo, naquele exato momento, em busca de uma entrevista com um famoso bandido que havia recebido liberdade condicional. Infelizmente, poucas pessoas, pois são as pessoas que dirigem os veículos de comunicação, estão dispostas a divulgar o bem e o belo. A divulgação do bem não dá Ibope, dizem. No entanto, quando a dor bate à nossa porta, não é ao mal que nós buscamos, mas a alguém que nos mostre uma luz no fim do túnel, uma chama de esperança, uma mensagem de otimismo... 
Redação do Momento Espírita, com base em artigo publicado na Revista Seleções Reader’s Digest, dez/1966. Em 25.05.2009.

sábado, 18 de março de 2017

A CRÍTICA

Convidada a fazer uma preleção sobre a crítica, a conferencista compareceu ante o auditório superlotado, carregando pequeno fardo. Após cumprimentar os presentes, retirou os livros e a jarra de água de sobre a mesa, deixando somente a toalha branca. Em silêncio, acendeu poderosa lâmpada, enfeitou a mesa com dezenas de pérolas que trouxera no embrulho e com várias dúzias de flores frescas e perfumadas. Logo após, apanhou na sacola diversos enfeites de expressiva beleza, e enfileirou-os com graça. Em seguida, colocou sobre a mesa um exemplar do Novo Testamento em capa dourada. Depois, diante do assombro de todos, depositou em meio aos demais objetos pequenina lagartixa, num frasco de vidro. Só então se dirigiu ao público perguntando: 
-O que é que os senhores estão vendo? 
E a assembléia respondeu, em vozes discordantes: 
-Um bicho! Um lagarto horrível! Uma larva! Um pequeno monstro! 
Esgotados breves momentos de expectação, a expositora considerou: 
-Assim é o espírito da crítica destrutiva, meus amigos! Os senhores não enxergaram o forro de seda alva, que recobre a mesa. Não viram as flores, nem sentiram o seu perfume. Não perceberam as pérolas, nem as outras preciosidades. Não atentaram para o Novo Testamento, nem para a luz faiscante que acendi no início. Mas não passou despercebida, aos olhos da maioria, a diminuta lagartixa... 
E, sorridente, concluiu sua exposição esclarecendo: 
Nada mais tenho a dizer... 
 * * * 
Quantas vezes não nos temos feito cegos para as coisas e situações valorosas da vida. Acostumados a ver somente os fatos que denigrem a sociedade humana, volvemos o olhar para os detritos morais das criaturas. Assim, criticamos a mídia por enfatizar as misérias humanas, os desvalores, as fofocas e as intrigas, mas, em verdade, isso tudo só vem a lume porque ainda nos comprazem. Em última análise, é o que vende! Não há espaço para uma mensagem edificante, e os que teimam em veicular coisas e situações nobres, o fazem sob o peso de enormes dificuldades. É imperioso atentarmos para os nossos valores ou desvalores, antes de levantarmos a voz para criticar a sociedade e os meios de comunicação em geral. É importante observarmos os nossos interesses pessoais antes de gritarmos contra os governantes, sem esquecer que eles só ocupam os cargos depois de eleitos por nós. Enfim, é relevante atentarmos para os que buscam divulgar o bem e o belo e candidatarmo-nos a engrossar essas fileiras. Assim, com a exaltação do bem, em detrimento do mal, com a evidência da paz, em vez da guerra, com a elevação do perfume sobre os odores fétidos, a sociedade logrará sobrepujar as misérias, evidenciando as belezas e os atos de essência superior, e encontrada será a felicidade perene. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. VII do livro O céu e o inferno, de Allan Kardec, ed. Feb e no livro Hahnemann, o apóstolo da medicina espiritual, de Hermínio C. Miranda, ed. Celd. Em 26.06.2008.

sexta-feira, 17 de março de 2017

CRISTO NASCEU?QUANDO?ONDE?

25 de dezembro é o dia em que se comemora o nascimento de Jesus Cristo. Se perguntássemos quando e onde Jesus nasceu, a grande maioria dos cristãos responderia prontamente que Ele nasceu há cerca de dois mil anos, em Belém. Mas, em verdade, que importa o tempo, se existem inúmeras almas em cujo seio o Senhor ainda não reina? Muitos corações ainda são semelhantes às hospedarias de Belém, cujas portas estão fechadas, sob alegação de estarem lotadas. O Mestre da Humanidade somente teve como berço uma estrebaria pobre, junto aos animais, e a companhia afetuosa dos pais humildes. Ainda hoje, quando o Cristo bate às portas de nossos corações, encontra muitos deles lotados pelos interesses pessoais, pelo egoísmo, pelo orgulho, e pelo desejo de conquistas materiais, não sobrando espaço para Ele. Se perguntarmos, com sinceridade, se o Cristo nasceu em nós, talvez percebêssemos que não temos permitido esse nascimento. Aquele que ainda não sentiu em seu íntimo a influência do Cristo, ignora, em verdade, que Ele nasceu. No dia, que dizemos especial para a Humanidade, vale a pena que façamos algumas perguntas a nós mesmos e as respondamos intimamente. Cristo nasceu? Quando? Onde? Que influência está exercendo em nós o nascimento dEle? Que relação existe entre o Natal de Jesus e a nossa vida no momento atual? Será que já conseguimos entender e vivenciar a Boa Nova que Ele veio trazer? Se perguntássemos a Paulo, Apóstolo, onde e quando Jesus nasceu, talvez ele nos dissesse que foi na estrada de Damasco, quando se viu envolvido na sua Divina luz. Depois de muitas lutas íntimas, Paulo disse: Já não sou eu quem vive, é o Cristo que vive em mim. Se fizéssemos a mesma pergunta a Madalena, é possível que ela nos informasse que o Cristo nasceu em Betânia, certa vez em que Sua voz cheia de pureza e doçura, despertou-lhe a sensação de uma nova vida, com a qual até então jamais sonhara. Pedro talvez se pronunciasse dizendo que Cristo nasceu no átrio do paço de Pilatos, no momento em que o galo cantou pela terceira vez, acordando a sua consciência para a verdadeira vida. Dos lábios de João, Evangelista, pode ser que ouvíssemos a afirmativa de que Jesus nasceu no dia em que lhe iluminou o entendimento fazendo-o saber que Deus é amor. Para Zaqueu, o publicano, talvez Jesus tenha nascido numa esplêndida manhã de sol, quando ele, ansioso por conhecê-lO, subiu numa árvore, à beira do caminho por onde o Cristo passava e o Mestre lhe disse que gostaria de fazer-lhe uma visita. Dimas, o chamado bom ladrão, nos diria que Jesus nasceu no topo do Calvário, precisamente quando a cegueira e a maldade humanas supunham aniquilá-lO para sempre. Naquele momento, o Cristo lhe dirigiu um olhar repassado de piedade e ternura, e o fez esquecer todas as misérias deste mundo, nascendo para sempre em sua intimidade. 
 * * * 
Tal foi o testemunho do passado – tal é o testemunho do presente, dado por todos os corações que, deixando de ser quais hospedarias de Belém, onde não havia lugar para o nascimento de Jesus, se transformaram, pela humildade, naquela manjedoura que o amor sublime da mais pura e santa de todas as mães converteu no berço do redentor do mundo. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Jesus e Seu Natal e no cap. Cristo nasceu? Quando? Onde?, do livro Em torno do Mestre, de Vinicius (Pedro de Camargo), ed. FEB. Em 11.8.2016.

quinta-feira, 16 de março de 2017

OTIMISMO SEMPRE

Você já deve ter se deparado com a ideia figurada do copo com água pela metade e a velha pergunta: 
-O copo está meio cheio ou meio vazio?
As conclusões em torno dessa recorrente metáfora são a respeito de como vemos o mundo, as situações, as ocorrências em nossa vida. Avaliam muitos que ver o copo meio cheio é muito mais otimista do que vê-lo como meio vazio. Porém a pergunta é: Vale a pena ser otimista? Ou ainda, o que é ser otimista? São vários os estudos médicos que trazem indicativos a respeito da vantagem de ser otimista. Esses apontam uma maior longevidade, melhor qualidade de vida, saúde mais estável. Se alguns se fazem otimistas por sua própria natureza, por seu posicionamento perante a vida, como se constrói o otimismo naqueles de nós que parecemos sempre ver o copo meio vazio? Como entender o mundo com otimismo? Talvez um bom caminho seja começar com o entendimento da existência de Deus. Um Universo milimetricamente organizado, da intimidade nanométrica de um cromossomo às grandezas infinitas celestiais, não é obra do acaso. Todo efeito inteligente tem uma causa inteligente. Logo, Deus existe. Da existência de Deus, chega-se à conclusão de que suas ações, atitudes e essência são de amor. Como sintetizou João, o Evangelista: 
-Deus é amor. 
Fruto do Seu amor são todas as coisas que nos cercam. O simples fato de termos nascido, o corpo que usufruímos, as condições de vida de que dispomos, tudo isso é o toque e o reflexo do amor de Deus sobre nós. É verdade que muitas vezes não gostaríamos de ter um corpo mutilado, limitado, adoentado. Tantas vezes anelamos condições melhores para nossa vida, sejam de caráter econômico, social ou emocional. Porém, como um Pai amoroso e ciente, Deus nos oferece aquilo de que precisamos, e não aquilo que, muitas vezes, infantilmente, desejamos. Assim, a doença, as dificuldades, as limitações físicas, são lições que a Providência Divina nos oferta para nossa aprendizagem. Os embates da vida, a família difícil, os perrengues naturais do cotidiano, são oportunidades de aprendizado que ainda nos cabe completar. Porque somos Espíritos destinados à perfeição, muito temos a aprender, sendo a vida a escola por excelência. Assim, tudo que nos acontece deve ser entendido como lição. Mesmo as consequências de nossas atitudes insensatas, são lições que nos aconselham a não repeti-las para mais não sofrer. Tudo se encontra sob os auspícios da Divindade. Como Deus nos ama infinitamente, sempre nos ocorre o que seja melhor para nossa vida. Lembremos, portanto, que ser otimista é guardar a certeza de que somos filhos de Deus, herdeiros do Universo. É entender que cada dia Deus provê nossas necessidades, como nos ensinou Jesus. Finalmente, compreender que esse entendimento, misto de otimismo e gratidão, nos faz melhores, mais felizes, mais plenos e em harmonia perante tudo o que nos cerca. 
Redação do Momento Espírita. Em 16.3.2017.

quarta-feira, 15 de março de 2017

PÁLIDO PONTO AZUL

Carl Sagan
No dia 14 de fevereiro de 1990, a sonda Voyager 1 tirou uma fotografia do planeta Terra de uma distância recorde de seis bilhões de quilômetros. Esta é a distância aproximada até o planeta Plutão. Cerca de quarenta vezes e meia a distância entre o sol e a Terra. Na foto, nosso planeta é visto como um pálido ponto azul contra a imensidão do espaço. A ideia foi do astrônomo e divulgador de ciência Carl Sagan, que convenceu os técnicos da NASA a girarem a sonda, reorientando-a para que tirasse uma última foto da Terra. Quatro anos depois, num pronunciamento na Universidade Cornell, onde lecionava, Sagan refletiu sobre o significado daquela imagem: 
-Não há melhor demonstração da folia humana do que essa imagem distante de nosso pequeno mundo. Ela deveria inspirar compaixão e bondade nas nossas relações, mais responsabilidade na preservação desse precioso pálido ponto azul, nossa casa, a única. Quando medido contra as distâncias cósmicas, a enorme quantidade de mundos espalhados pelo espaço, este pequeno planeta é verdadeiramente insignificante. É apenas mais um dentre trilhões de outros viajando no espaço. Será que nos damos conta disso: que o planeta, que nos parece tão vasto, é apenas um minúsculo ponto azul que se move ao redor de um sol de quinta grandeza? Dessa forma, não seria mais razoável que parássemos para meditar um pouco a respeito de como vivemos aqui? Por que, afinal, nos digladiamos tanto? Por que vivemos em disputas tolas por tudo e por quase nada? Nem precisamos ir tão distantes quanto a sonda espacial. Basta que em uma viagem aérea, acompanhemos a rápida subida do avião e como tudo vai ficando minúsculo. As pessoas parecem formigas, as grandes construções vão ficando menores e menores. O rio caudaloso, com suas cataratas assombrosas se torna um risquinho perdido em meio a algo verde. Depois, tudo vai sumindo... sumindo... Mais compaixão e bondade. Um pouco mais de paciência no trânsito, no relacionamento com nossos vizinhos, na fila do supermercado, no banco. Menos discussões por coisas que significam coisa nenhuma. Algumas, simplesmente para se ter o prazer de ouvir o outro dizer: É, você tem razão. Por que não sermos mais felizes? Por que não vivermos melhor, enquanto estamos aqui, no planeta azul? Por que fecharmos fronteiras, impedindo que o irmão necessitado se abrigue em nosso país? Por que criar tantas armas para a destruição de nós mesmos e da nossa casa? Por que, afinal, brigarmos tanto? Reflitamos um pouco e pensemos em ser mais cordatos, mais pacientes, mais solidários uns com os outros. Cuidemos do nosso planeta. Participemos das campanhas que visam a melhor manutenção desta casa. É a única que nos pode abrigar agora e que ainda nos deverá abrigar por muito tempo. Semeemos a compreensão, a compaixão, o entendimento. Comecemos com quem esteja mais próximo de nós. Se cada um de nós começar a ter um ato de gentileza, de delicadeza, de atenção para com o outro, diariamente, teremos sete bilhões e meio de maravilhosos atos, tornando esta nossa casa melhor. Melhor para viver. Melhor para conviver. Um lugar para amar, ter filhos, crescer, evoluir, ser feliz. Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo Planeta Terra, pálido ponto azul, de Marcelo Gleiser. Em 15.3.2017.

terça-feira, 14 de março de 2017

RETORNO PARA A VIDA

Ele conseguira tudo que idealizara: casara com uma moça dotada de inteligência e beleza. Era gerente de vendas de uma empresa importante. Tomava parte ativa na comunidade. Seus dois filhos estavam na Universidade. Tudo era felicidade. Então, o filho mais velho pôs termo à existência. Porque o fizera, era um mistério. Fred e a esposa se propuseram a travar uma batalha contra o desânimo. Quando ele pensou que estivessem vencendo a luta, num dia de inverno, ela realizou o mesmo ato insano do filho. Essa segunda tragédia fez com que Fred alimentasse a ideia de que, de alguma forma, ele fora a causa real de tudo. Passou a evitar os amigos, fechou-se em seu quarto. Acabou sendo internado em um hospital para doentes mentais. E ele só tinha um pedido: que o deixassem a sós. Durante dois anos, ele ficou apático, resistindo a todas as terapias. Não abria as cartas do filho, em serviço militar no sul do Pacífico. Muito menos as respondia. Quando ele veio visitá-lo e avançou de braços abertos, Fred voltou o rosto para a parede e se recusou a dizer qualquer palavra. Quando um novo médico se aproximou dele e lhe propôs uma tarefa, Fred se sentiu muito ofendido. Era preciso organizar os inúmeros livros, recebidos em doação. Que fossem separados em histórias de detetives, ficção e não ficção. Depois, colocá-los nas estantes. Um detalhe importante: ele não precisaria dizer nenhuma palavra. De mau humor, Fred se levantou e foi ao porão. Ao menos, iria trabalhar sozinho. Sem o menor interesse, foi separando os livros em pilhas. De repente, um nome, escrito em dourado, numa capa desgastada: Harry Emerson Fosdick. Como um raio, sua mente evocou o passado. Aquele era o piloto amigo do seu irmão. Lembrou do irmão, da família, da sua vida. Todo o passado retornou de roldão. Levou o livro para seu quarto e o leu até a madrugada: O poder de suportar as vicissitudes. Por mais que a vida nos possa dar ou tirar, estava escrito, uma coisa é absolutamente indispensável: que o homem não perca a fé em si mesmo; que conserve a honra imaculada aos próprios olhos. Ele se deu conta de que quando abandonara a vida antes que a partida terminasse é porque havia perdido a fé. Pensou no filho Randall: a morte lhe levara o irmão e a mãe. A doença lhe tirara o pai. Mas ele continuara a lutar. Eu te saúdo a coragem, a luta, a perseverança, meu filho. Pensou, desolado. Até aquele instante, Fred não quisera ficar bom. Continuava a não querer. Entretanto, sabia que precisava querer ficar bom. Precisava voltar para a partida que abandonara para poder restaurar o respeito próprio. E leu novamente: A fé vital em Deus comunica ao homem um íntimo poder, uma visão espiritual: na companhia divina ele se provê de novas forças. Naquele dia, principiou a retornar para a vida. Para seu filho, sua nora, um trabalho pela comunidade. Era como desfrutar da bênção de nascer de novo, sentindo a renovação da alma. Ele não estava só. Estava sob a guarda de Deus e, então, poderia enfrentar o mundo, sem medo. Pensemos nisso e jamais nos permitamos o abandono da luta. Deus segue conosco. 
Redação do Momento Espírita, com base no Artigo Retorno à vida, de Fred Raymond Gilpatric, de Seleções Reader’s Digest, de abril 1948. Em 14.3.2017.

segunda-feira, 13 de março de 2017

CRISTO DEUS

Ele já houvera sido cantado por inúmeros profetas de Seu povo, que O designavam como o Messias, o Salvador. Em torno de Sua figura, as mais variadas expectativas se construíam. As esperanças de uma nação, firme e sincera em sua fé monoteísta, aguardavam a Sua vinda. Àquela época, longe se faziam os tempos dos profetas, e as bocas, desde há muito haviam se calado para as vozes dos céus. A águia romana, que dominava a tudo e a todos, fazia subjugados e servos. Assim, não eram poucos aqueles que tinham na figura do Messias a concretização dos sonhos de libertação, de retomada da Terra Prometida a Moisés, a Canaã. As expectativas em torno do Messias eram inúmeras, porém, todas de caráter temporal e passageiro, vinculadas às coisas do mundo. Ele chegou, anunciando que Seu reino não era deste mundo. Embora não negando Sua realeza, desprezava os tesouros do mundo, alertando que esses a ferrugem corrói, a traça come e os ladrões roubam. Afirmava ser a Luz do mundo, mas evitava o brilho vazio das coisas do mundo. Com a mesma naturalidade que travava reflexões profundas com sábios e estudiosos, falava à multidão iletrada e ignorante. Era capaz de explicar as coisas de Deus ao Doutor da Lei que O interpelava, assim como aos simples pescadores que O escutavam. Em uma didática perfeita, soube utilizar das coisas do cotidiano, como o grão de mostarda, a pedra do moinho, a figueira seca, para explicar profundos conceitos de vida. Analisava as leis do Seu povo não com os olhos, que veem as letras, mas com o coração, que enxerga a alma, dando novo alento às dores e às provações da vida. Dava pouca ou nenhuma importância à externalidade da fé, das ações e dos sentimentos, se esses não tinham sua nascente no coração, chegando a comparar alguns seres a sepulcros, caiados por fora, e cheios de podridão por dentro. Alertava acerca dos perigos e desafios da vida, colocando-Se sempre como o Bom Pastor, a cuidar de cada uma das Suas ovelhas que o Senhor da Vida Lhe confiou aos cuidados. Incitava ao progresso, comparando as criaturas ao precioso sal da terra e convocando-as à responsabilidade, a fim de que o sal não viesse se tornar insosso. Ofereceu roteiro de felicidade e paz, ao cantar o poema das bem-aventuranças, oferecendo caminho seguro para seguir. Não mais a guerra, a vingança, a revolta, pois bem-aventurados serão os mansos, os pacíficos, os aflitos. Disponibilizou-Se como servidor de todos, ao convidar a que a Ele se achegassem os cansados e aflitos, pois Ele lhes aliviaria as pesadas cargas e dores. E, ainda hoje, Ele aguarda a decisão de cada um de nós, a segui-lO, tomar do Seu fardo que é leve e do Seu jugo que é suave. Já se vão séculos desde que Sua voz cantou as Leis de Deus em perfeição, pelos caminhos da Palestina, encontrando eco em muitos corações que, ao longo da História, se deixaram imolar por amor do Seu nome. Ele ainda aguarda pacientemente que o Seu verbo encontre ressonância em nossa intimidade, e definitivamente O aceitemos como Modelo e Guia para nosso agir. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no cd Momento Espírita, v. 21, ed. Fep. Em 09.04.2012. 

domingo, 12 de março de 2017

O CRISTÃO E A JUSTIÇA

A indagação sobre a justiça, a arte de dar a cada um aquilo que é seu, é uma constante na História da Humanidade. As leis humanas foram paulatinamente alteradas, com a finalidade de atingir um ideal de justiça. As leis criadas pelo homem refletem os valores e o estágio de desenvolvimento intelectual e moral da coletividade. O contínuo progresso da Humanidade, em todos os quadrantes, revela-se na evolução das normas de convivência. Na Idade Média, por exemplo, considerava-se normal e justa a completa submissão dos servos ao senhor feudal, que tinha poder de vida e morte sobre eles. Hoje essa noção choca e não corresponde ao ideal de justiça que a maioria possui. O mesmo pode ser afirmado de inúmeros outros institutos, outrora admitidos, mas que atualmente causam repugnância, como escravidão, prisão por dívidas, matar em defesa da honra. O respeito às leis em vigor é imprescindível à preservação da harmonia no meio social, mas é apenas o começo. Do cristão espera-se um padrão de conduta mais refinado, espelhado nos exemplos de Jesus. Ao cristão não basta a mera obediência aos códigos legais vigentes. A referência a leis, por vezes ainda iníquas, não serve de desculpa para uma consciência desperta para os valores superiores da vida. A quem já se enamorou da paz ofertada por Jesus e se convenceu da necessidade de sublimar os próprios sentimentos, incumbe viver no mundo sem ser do mundo. Ou seja, revelar, por seu proceder, o ideal de fraternidade e compaixão exemplificado por Jesus. Na realidade, Cristo indicou o caminho de acesso ao conceito de justiça que as Leis Divinas encerram, a nortear o viver de Seus seguidores. O Mestre afirmou que toda a Lei se resume em Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Se amamos ao próximo como a nós mesmos desejamos para ele o mesmo que para nós próprios. Consequentemente, devemos tratá-lo em quaisquer circunstâncias como gostaríamos de ser tratados se estivéssemos em seu lugar. Nesse contexto, tratar o semelhante com justiça significa dar-lhe o que almejaríamos receber, se nossa posição fosse a dele. As leis humanas podem nada dispor ou mesmo estabelecer de modo diverso. Mas esse raciocínio é o norte para o cristão agir com justiça, em qualquer situação, ou seja, dar ao próximo o que lhe é de direito. Como todos desejam ser tratados com respeito e dignidade devem naturalmente tratar os outros dessa forma. A generalização desse proceder já seria o começo do paraíso na Terra. Se temos um parente doente e dependente de nossa atenção, pensemos como nos sentiríamos no lugar dele. Reflitamos sobre como estaríamos constrangidos e necessitados de demonstrações de afeto. Se agirmos com ele como gostaríamos que agisse conosco, nas mesmas circunstâncias, estaremos sendo justos. Do mesmo modo, se alguém bate em nosso carro no trânsito. Caso sejamos nós os culpados, apreciaremos que o outro seja gentil e compreensivo. Então, constitui nosso dever de cristão adotar esse padrão de conduta. Afinal, no contexto das Leis Divinas, somos todos irmãos e companheiros na jornada evolutiva. Da exortação de Jesus: Amai-vos, decorre nosso dever de colaboração e compreensão mútuas. Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita. Em 27.9.2013.

sábado, 11 de março de 2017

AS CRISES E NÓS

DIVALDO PEREIRA FRANCO
Na grande maioria das ocasiões, justificamos nossas aflições, relacionando-as com as crises que enxameiam no mundo. Acreditamos que aí se encontram as raízes de todas as angústias e problemas da Humanidade. Dizemos que ninguém pode se sentir realizado em um mundo como este onde vemos nações em lutas encarniçadas; crise nas finanças em nível internacional; os negócios padecendo ágios absurdos. Onde há crise no atendimento à saúde; agressões em tudo e por quase nada; falta de trabalho para muitos, ora pela tecnologia que substitui o ser humano, ora pela própria ausência do trabalho. Crise na compreensão dos direitos e deveres humanos; diminuição da fertilidade do solo, vida ambiental empobrecendo, poluição e ameaças de vida; crises de opiniões dividindo e disputando predominâncias; crises de ética, de amor, de confiança, de fraternidade. Há muita crise pela frente e isso, dizemos, desanima. Fixando esse pensamento, deixamos de tentar fazer algo diferente. Entretanto, podemos modificar a paisagem que nos parece anárquica, em marcha para a desagregação. Uma receita ao alcance de todos nós, pode ajudar nesse impasse cruel que vivemos: levantando o caído, em vez de acusá-lo; cumprindo nossos deveres, não exorbitando dos nossos direitos; procurando vencer o erro, em vez de censurar o errado; não mensurando valores por meio de medidas exteriores, mas concedendo a todos a oportunidade de crescer; não espalhando o pessimismo, promovendo claridade onde estejamos; não desperdiçando o tempo na inutilidade, mas produzindo alguma coisa de positivo; cultivando a compaixão pelos irmãos combalidos e oferecendo um pouco de nós mesmos. Terapêutica eficiente para a crise moral que verificamos na Terra é o exercício do amor, em que o Cristo viveu. Quanto às demais crises - as generalizadas - não nos preocupemos com elas demasiadamente. Realizemos nossa parte. Saiamos da crise interior em que nos debatemos sem rumo, iniciando um programa dignificante em favor de nós mesmos. Dessa forma, perceberemos que o mundo está miniaturizado em nós. Somos, portanto, uma célula importante do organismo universal que deverá permanecer sadia a benefício geral. E, conforme asseverou Paulo, apeguemo-nos ao bem, sempre e invariavelmente. 
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Quando aprendermos a agir ao invés de reagir, veremos que tudo aquilo que nos parecia levar ao caminho de uma crise, nos conduz para uma solução agradável da situação. Cada momento ou situação difícil é oportunidade de mostrarmos a outra face. Isso quer dizer: mostrar outra forma de enfrentar situações, nos conduzindo para melhores soluções. De fato, não podemos resolver todas as crises da vida, mas as que conseguirmos bem direcionar ajudarão a diminuir o montante de desespero que grassa. Não importa que o próximo não faça a parte dele. Façamos a nossa parte, mostrando essa nova forma de ver e de realizar o melhor. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Crises e você, do livro Sementes de Vida Eterna, pelo Espírito Marco Prisco, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. O Clarim. Em 3.9.2016.

sexta-feira, 10 de março de 2017

NA HORA MAIS AMARGA

Ela é assim. Chega quando se está no auge da alegria, quando os planos são muitos e se espera o jamais alcançado. Chega e derruba sonhos, destrói prazeres idealizados, consome de dor os que permanecem. Conta a atriz Helen Hayes a sua inconformação com a morte de sua filha, de apenas dezenove anos de idade, levada por um ataque de poliomielite. Por quê? – Gritava seu coração. 
-Minha filha era jovem e inocente, por que razão ser levada desta forma, às vésperas de sua estreia na carreira teatral, em nova Iorque? 
Ela própria, envolta em luto, abandonou a carreira artística. Como poderia criar beleza nos palcos, se estava morta por dentro? Passou a recusar compromissos sociais e profissionais, limitando-se a receber as pessoas mais íntimas da família. Tentou encontrar Deus, na literatura. Leu São Tomás de Aquino, a vida e a obra de Gandhi, a Bíblia. Tudo, porém, sem êxito algum. Sua filha estava morta e ela só conseguia ver sombras espessas no mundo, na sua vida. Mas, Deus tem formas estranhas de informar da Sua existência e socorrer Seus filhos. Então, um tal Isaac Frantz começou a telefonar, diariamente, para sua casa, tentando lhe falar. Helen jamais o atendeu. Finalmente, como ele não desistisse, ela concordou em recebê-lo em sua casa. Ele chegou, com a esposa. E foi no início do diálogo que a atriz entendeu o motivo da visita do casal. A ideia fora do senhor Isaac, inclusive, sem o conhecimento da esposa, que ficara apavorada ao saber do compromisso. Contudo, comparecera, considerando que o marido tivera tanta dificuldade para marcar aquele encontro. O que surpreendeu Helen foi a espontaneidade com que a visitante começou a falar do filho, desencarnado, há pouco tempo, vítima de paralisia infantil. Subitamente, percebeu que ela mesma estava mencionando o nome de sua filha, o que não havia feito desde a sua morte. E isso, emocionalmente, aliviara o seu coração. Entretanto, o que a escandalizou foi ouvir a visitante lhe dizer que tinha intenção de adotar um órfão de Israel. A senhora Frantz, delicadamente, lhe disse: 
-A senhora está pensando que esse órfão irá tomar o lugar do meu filho? Isso jamais poderá acontecer. No entanto, ainda há amor no meu coração e não desejo que esse sentimento se perca por falta de uso. Não posso morrer, emocionalmente, porque meu filho morreu biologicamente. Não devo amar menos por ter desaparecido fisicamente o afeto do coração. Devo amar ainda mais, porque o meu coração conhece o sofrimento dos que perderam o seu ente querido. 
Quando o casal se despediu, concluída a visita, Helen compreendeu porque não encontrara Deus anteriormente. É que ele, o Deus-amor, não está nas páginas de um livro. Ele reside no coração humano. Também reconheceu que Deus a ninguém privilegia. Pessoas famosas ou quase anônimas, todas são iguais, perante o Seu amor e a Sua justiça.
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José Couto Ferraz
Na hora mais amarga, serão a resignação dinâmica e a busca de Deus que poderão aplacar a dor e estabelecer novas diretrizes para a continuidade da vida. Afinal, a aurora se faz extraordinária, explodindo em cores, a cada dia. E nos convida a amar, a não permitir que esse sentimento seque em nossa intimidade. Porque Deus é amor, por amor nos criou e nos sustenta. 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo Desencarnação de um ente querido, de José Couto Ferraz, da Revista Presença Espírita nº 317, de novembro/dezembro 2016, ed. LEAL. Em 10.3.2017.

quinta-feira, 9 de março de 2017

CRIMES PREMEDITADOS

Karla Faye Tucker
Há algum tempo, as manchetes trouxeram notícias de um crime bárbaro, premeditado por longos anos. Estamos falando de um crime hediondo, tecnicamente chamado Pena de morte. Apesar de o mundo inteiro ter pedido clemência para Karla Tucker, o Conselho de Perdão do Texas não a concedeu. Karla, dependente de drogas, juntamente com seu namorado, assassinou um casal em Houston, no ano de 1983. Diante de tal situação, vale a pena reflitamos um pouco sobre o assunto. Devemos nos questionar, considerando alguns aspectos, qual dos dois crimes é o mais cruel. Se um duplo homicídio praticado por um delinquente num momento de desespero, ou um crime praticado pelo Estado, que deveria proteger e amparar seus cidadãos. Enquanto Karla era, inquestionavelmente, necessitada de tratamento e correção para ser reintegrada à sociedade, o Estado é o órgão que deveria lhe conceder essa oportunidade. Karla estava doente. Era dependente de drogas e drogada agiu como monstro, num assalto que tirou as vidas do casal de quem pretendia conseguir dinheiro para pagar os traficantes. Por sua vez, os homens da lei, do conforto de seus gabinetes de luxo, premeditaram por 14 anos a execução de Karla, com requinte de detalhes. O que é mais hediondo? Quem terá maiores atenuantes diante das Leis Divinas? Quando o Governo mata seus cidadãos, perde a autoridade para evitar que os cidadãos matem. Algumas pessoas certamente dirão que o Governo está respaldado nas leis, mas, quem é que faz as leis? É, no mínimo, difícil de entender que, ainda na atualidade, a execução de um delinquente seja a única saída. Será que não se tem uma opção para educar e reabilitar os seres, ao invés de eliminá-los? Pensemos a respeito da Pena de morte. Não manchemos as nossas consciências com tamanha crueldade. Afinal, Deus não quer a morte do pecador, mas a sua reabilitação. 
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Ao invés de uma injeção letal para paralisar o coração dos delinquentes, por que não injetar uma dose de amor fraternal nesses corações endurecidos pela própria indiferença da sociedade em que vivem? Certo dia, num acontecimento que se perde na noite do tempo, uma mulher fora condenada à morte por crime de adultério. Esperava, entre o medo e o desespero, a lapidação em praça pública. Mas um Homem singular, detentor da verdadeira sabedoria, interveio a seu favor. Aproximou-Se e começou a escrever no chão os pecados de cada um dos justiceiros, e em seguida falou: Atire a primeira pedra aquele que estiver sem pecado. A História registra que aqueles homens foram se retirando, um a um, a começar pelos mais velhos. Mas o sábio, que estava isento de pecados, também não lhe atirou nenhuma pedra. Pelo contrário, recomendou que ela se fosse e não reincidisse no erro, ao que ela obedeceu. Esse sábio, a quem nos referimos, é Jesus de Nazaré, o Cristo que a maioria dos homens diz seguir, na qualidade de cristãos. Pensemos nisso!
Redação do Momento Espírita Em 05.06.2009.