segunda-feira, 7 de novembro de 2016

FLORES NO JARDIM DA VIDA

Laércio Furlan
A lista de compras foi cuidadosamente elaborada. Somente o necessário, nada de supérfluos ou exageros nas quantidades. Em tempos de crise, a economia doméstica se faz em todos os detalhes. Laércio apanhou a lista e a transformou em três menores, dividindo os produtos entre elas, de forma mais ou menos equitativa. Aí, convidou os netos Beatriz, Marcus Vinicius e Gabriel, com as idades variando entre sete e onze anos e rumou para o supermercado. Descendo do carro, distribuiu as listas, incumbindo a cada um o compromisso de apanhar os produtos. Com a precisão de atletas, todos se puseram ao trabalho. Em poucos minutos, três carrinhos estavam com as compras acumuladas em seu interior. O avô deu uma olhada e constatou que algum exagero fora cometido. Por exemplo, havia dois potes de sorvete, de sabores diferentes, ao invés do único anotado. Criterioso, Laércio exigiu que fosse feita a devida devolução do excedente, no lugar certo. No entanto, algumas guloseimas deixou passar. Afinal, os três tinham realizado a mesma proeza de escolherem algo de que gostavam, para as horas de não fazer nada, a não ser saborear algo gostoso. Dirigiram-se ao caixa preferencial, desde que estavam assessorando o velho avô. Porém, em seguida, a equipe, notando a presença de um senhor idoso, logo atrás e com poucos itens, pediu que ele passasse à frente, o que fez, agradecido. Também uma senhora jovem, com um filhinho ao colo e grávida, recebeu o mesmo convite. Um sorriso brilhante se desenhou no rosto dela e, enquanto ia colocando os itens sobre o balcão, foi falando que estava no sexto mês de gravidez. E era mais um menino. Finalmente, começou o esvaziamento dos três carrinhos de um lado e o enchimento de outros dois, após passarem os itens pelo caixa e serem empacotados. Com a mesma disposição, as crianças levaram os carrinhos cheios pela calçada irregular, quase tombando um deles. Nada além de um susto. Tudo foi colocado no carro, com cuidado: coisas pesadas primeiro, frutas e verduras por último, por cima, para não serem amassadas. E o retorno para casa se fez entre risos e muita conversa dos três falando ao mesmo tempo, exigindo redobrada atenção do avô para dar conta de tantos verbos e substantivos que lhe chegavam aos ouvidos. 
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Uma cena comum. Uma ida ao supermercado. Contudo, para um avô atento à educação dos pequenos, uma oportunidade de ensinar disciplina, economia, cooperação. E de registrar, feliz, a educação e a boa índole dos netos. Constatar que os seus filhos estão conduzindo muito bem os seus rebentos, preparando-os para a vida. Esse é, em essência, o verdadeiro papel dos pais: cuidar da educação dos seus pequenos como um jardineiro cuida das flores do seu jardim: podando aqui, enxertando ali, transplantando acolá. Finalmente, exatamente como nos dias de primavera, as flores se manifestam em profusão, as boas atitudes florescerão no jardim da vida, através de cidadãos conscientes e homens de bem. E o mundo, então, será melhor, bem melhor. 
Redação do Momento Espírita, com atos narrados por Laércio Furlan. Em 7.11.2016.

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