Há muita fome no mundo. A mais comentada, mostrada e para a qual se desencadeiam campanhas é a fome de pão.
Para acabar com ela, as pessoas, as ONGs e os governos se mobilizam.
Não há quem não se sensibilize ante a foto de uma criança com os ossos à mostra, os olhos de quem suplica por alimento.
Por isso, essas campanhas alcançam êxito e muitas vidas são salvas.
No entanto, existem outros tipos de fome: a fome de afeto, de atenção, de compreensão. A fome de coisas bonitas, agradáveis, que deem prazer.
Foi exatamente enfocando esse tipo de fome, que um jovem mexicano e um francês, conhecidos por seus vídeos de comédia, pegadinhas e ações sociais, colocaram em prática uma excelente ideia.
Enquanto se desenrolavam os Jogos Olímpicos, no Rio de Janeiro, eles procuraram uma instituição que desenvolve ações culturais e sociais com crianças carentes do Morro da Providência.
Com o apoio dessa Instituição, em diversos dias, eles levaram, ao todo, cem crianças carentes para assistirem aos Jogos.
A alegria da criançada foi total, flagrada pelas máquinas fotográficas, em vários momentos.
O francês Jérôme, exteriorizando a própria felicidade, disse:
-Levamos cem crianças da favela aos Jogos Olímpicos!
Para ser sincero, a melhor parte não foram os Jogos, mas sim suas risadas, sorrisos e olhos brilhantes. E um grande sentimento de que nós éramos parte daquela grande família humana.
Juanpa, o mexicano, por sua vez, postou, no Instagram, uma foto com uma das crianças e comentou:
-Levar os pequenos para a Olimpíada foi incrível. Foi uma experiência inesquecível.
A iniciativa foi brilhante. Quase sempre, em observando a carência do básico, atendemos de imediato a isso.
Providenciamos o pão, o leite, o arroz, o feijão, o agasalho, o cobertor.
Damos tudo... esquecemos do brinquedo, da flor, de um mimo.
Nem nos damos conta de que os seres, por mais carentes que sejam, têm sonhos grandiosos. Eles desejam assistir a um espetáculo de beleza, ver seu artista preferido ao vivo, receber um autógrafo, ir a uma festa.
Sonhos. Quem não os têm? Quem não os alimenta? Quem não os deseja ver se realizarem?
Por isso, aqueles dias, para aquelas crianças, foram somente risos, alegrias, pura diversão.
Algo que, com certeza, levarão para as suas vidas como uma grata e especial lembrança.
* * *
Pessoas práticas possivelmente dirão que foram gastas grandes somas para algo de momento, que não mata a fome, nem melhora a situação daquelas crianças.
Sim, são muitas as necessidades daqueles meninos e meninas. No entanto, o mundo muda cada vez que alguém dá pequenos passos pelos outros.
Cada vez que tem olhos de ver e ouvidos de ouvir. Cada vez que propicia alegria ao seu irmão.
Cada vez que sacia a fome de atenção, de carinho, que, não somente faz muito bem a quem recebe, quanto, pelo exemplo, cria uma aura diferente e estimula outros a seguirem o exemplo.
Verdadeiramente, o mundo será muito melhor quando se multiplicarem gestos em prol do semelhante.
Se cada um de nós fizer algo em favor de alguém, a carência fugirá de cena, o amor plenificará os corações.
Importante que nos mantenhamos atentos para identificar qual a espécie de fome que têm os mais próximos de nós.
E que nos disponhamos a saciá-la. Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita, com narração
de fato ocorrido nas Olimpíadas 2016, no
Rio de Janeiro, Brasil.
Em 4.11.2016. www.livrariamundoespirita.com.br.
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