domingo, 13 de novembro de 2016

CONTÁGIO DO BEM

DIVALDO PEREIRA FRANCO
A jovem era muito linda. Entrou no avião e começou a buscar com os olhos um lugar especial. Poucos passageiros haviam adentrado e havia muitos lugares vagos. Ela parecia não estar satisfeita com a poltrona que lhe fora previamente marcada. Finalmente, olhou para um senhor de cerca de quarenta anos, aproximou-se e se sentou na poltrona ao seu lado. Ela trazia a amargura estampada na face e a solidão de sua alma parecia extravasar por todos os poros. Não se passaram muitos minutos e ela tentou entabular uma conversa com o companheiro de viagem. De início, ele se fez arredio mas, como ela insistisse, ele aquiesceu e começaram uma conversa que se prolongaria pelas duas horas de vôo. Ela se mostrava ansiosa por encontrar alguém a quem pudesse dizer das suas dificuldades. Era uma alma desejosa de orientação, de socorro. E aquele senhor, por sua formação moral e religiosa, ofereceu-lhe, naqueles 120 minutos, material suficiente para que ela pudesse refazer a sua vida. Ela se corrompera aos 14 anos. Dizia ter perdido tudo o que uma pessoa tem de bom, de lindo e de digno. Tudo para ostentar jóias caras, essas coisas que convencionamos ser de valor. Ele lhe falou de solidariedade e espancou as nuvens densas em que ela se envolvia, apresentando-lhe o sol da boa vontade. Falou-lhe de dignidade, de melhoria. Convidou-a a uma nova vida. Ao final da viagem, ela lhe disse que não sabia, exatamente, se poderia colocar em prática tudo o que ele lhe falara. Mas que tentaria começar uma vida nova. Ao se despedirem, ela o olhou e afirmou: O senhor tem o rosto tão alegre. Desde que me sentei ao seu lado, vi que o senhor estava sorrindo. Não sorrindo com os lábios, não. Era algo especial, que vinha do senhor. Por isso escolhi me sentar ao seu lado. Estava imensamente triste e desejava me contaminar.
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Achamos muito interessante a afirmativa da jovem atormentada. Desejava contaminar-se. Porque todos falam em contágio da doença e ninguém se recorda do contágio da saúde. Esquecemo-nos de que a alegria, o bem e o amor também contagiam. Dessa forma, é preciso se ligar às pessoas boas e ser uma delas. Deixar-se contagiar pelo bem. E mais importante ainda: permitir-se ser uma pessoa alegre, otimista, dinâmica. Alguém que possa contaminar muitas pessoas, especialmente nesses dias em que impera a tristeza, o pessimismo e as criaturas se entregam tanto ao desânimo e ao rol das incertezas.
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Em toda parte, onde transites, faze o bem com as tuas mãos e com o coração. Utiliza a oração e esclarece com tua palavra fraterna, a fim de que te tornes um pequeno sol, iluminando alheias vidas. Deixa que as tuas mãos se transformem em estrelas brilhantes alcançando o infortúnio e iluminando as estradas do mundo. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. A jovem do avião, do livro O jovem que escolheu o amor, pt. II, de Maria Anita Rosas Batista, ed. Pierre-Paul Didier e no verbete Bem, do livro Repositório de sabedoria, v. 1, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. Em 22.12.2008.

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