terça-feira, 30 de junho de 2015

OS ANJOS

William J. Bennett
O menino voltou-se para a mãe e perguntou: 
- Os anjos existem mesmo? Eu nunca vi nenhum. 
Como ela lhe afirmasse a existência deles, o pequeno disse que iria andar pelas estradas, até encontrar um anjo. É uma boa idéia, falou a mãe. Irei com você. Mas você anda muito devagar, argumentou o garoto. Você tem um pé aleijado. A mãe insistiu que o acompanharia. Afinal, ela podia andar muito mais depressa do que ele pensava. Lá se foram. O menino saltitando e correndo e a mãe mancando, seguindo atrás. De repente, uma carruagem apareceu na estrada. Majestosa, puxada por lindos cavalos brancos. Dentro dela, uma dama linda, envolta em veludos e sedas, com plumas brancas nos cabelos escuros. As jóias eram tão brilhantes que pareciam pequenos sóis. Ele correu ao lado da carruagem e perguntou à senhora: 
-Você é um anjo? 
Ela nem respondeu. Resmungou alguma coisa ao cocheiro, que chicoteou os cavalos e a carruagem sumiu na poeira da estrada. Os olhos e a boca do menino ficaram cheios de poeira. Ele esfregou os olhos e tossiu bastante. Então, chegou sua mãe que limpou toda a poeira, com seu avental de algodão azul. 
-Ela não era um anjo, não é, mamãe? 
-Com certeza, não. Mas um dia poderá se tornar um, respondeu a mãe. 
Mais adiante, uma jovem belíssima, em um vestido branco, encontrou o menino. Seus olhos eram estrelas azuis e ele lhe perguntou: 
-Você é um anjo? 
Ela ergueu o pequeno em seus braços e falou feliz:
-Uma pessoa me disse ontem à noite que eu era um anjo. 
Enquanto acariciava o menino e o beijava, ela viu seu namorado chegando. Mais do que depressa, colocou o garoto no chão. Tudo foi tão rápido que ele não conseguiu se firmar bem nos pés e caiu. 
-Olhe como você sujou meu vestido branco, seu monstrinho! 
Disse ela, enquanto corria ao encontro do seu amado. O menino ficou no chão, chorando, até que chegou sua mãe e lhe enxugou as lágrimas com seu avental de algodão azul. Aquela moça, certamente, não era um anjo. O garoto abraçou o pescoço da mãe e disse estar cansado. 
-Você me carrega? 
-É claro, disse a mãe. Foi para isso que eu vim. 
Com o precioso fardo nos braços, a mãe foi mancando pelo caminho, cantando a música que ele mais gostava. Então o menino a abraçou com força e lhe perguntou:
-Mãe, você não é um anjo? 
A mãe sorriu e falou mansinho: 
-Imagine, nenhum anjo usaria um avental de algodão azul como o meu. 
* * * 
Anjos são todos os que na Terra se tornam guardiães dos seus amores. São mães, pais, filhos, irmãos que renunciam a si próprios, a suas vidas em benefício dos que amam. As mães, sobretudo, prosseguem a se doar e velar por seus filhos, mesmo além da fronteira da morte, transformando-se em Espíritos protetores daqueles que na Terra ficaram, como pedaços de seu próprio coração. 
Redação do Momento Espírita com base no cap. Sobre anjos, de O livro das virtudes, v. 2, de William J. Bennett, ed. Nova fronteira. Em 02.01.2008.

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